Apesar de ser um dos peixes mais populares entre os iniciantes no aquarismo dulcícola, poucos sabem que na natureza a Molinésia (Poecilia sphenops) habita águas salobras bem diferentes das que são normalmente mantidas em aquários. A variedade mais comum é a negra, mas podem ser encontradas diversas outras nas lojas, entre elas estão a negra cauda de lyra, balão, tigre, velífera, dálmata entre outras sendo que o comportamento e os cuidados que requerem são praticamente os mesmos.
Originária de águas costeiras do sul da América do Norte e México, raramente passam de 6 cm e vivem mais de 2 ou 3 anos em aquários, mas se suas exigências forem atendidas, podem ir muito além disso. Estudos comprovam um maior crescimento de sua nadadeira dorsal se criadas em temperaturas por volta de 20ºC. Essa característica valoriza bastante o peixe. Podem ser mantidas em aquários marinhos após uma adaptação adequada, mas isso não é recomendado, pois o peixe nunca atingirá seu desenvolvimento pleno e seu tempo de vida diminuirá consideravelmente.
O substrato do aquário (de no mínimo 60 litros) pode conter material alcalinizante, como dolomita ou conchas, a fim de se manter o pH em um nível mais elevado, em torno de 7,4. Plantas são muito bem vindas. As mais recomendadas são as volumosas e de folhas finas que oferecem importantes esconderijos para os filhotes, entre elas estão a Rabo de raposa, Pinheirinho, Elódea, Cabomba, Sinemá entre outras que aceitam bem um pH mais alto. A temperatura pode ser mantida entre 22ºC e 28ºC. A população deve ser composta por mais fêmeas do que macho. É recomendável a proporção de 1:4 pois os machos passam boa parte do dia tentando acasalar com as fêmeas e se o número delas for baixo, podem viver constantemente estressadas.
Como é comum na família Poeciliidae, são ovovivíparas e os ovos se desenvolvem dentro da mãe até eclodirem e nascerem os filhotes já completamente desenvolvidos, dispensado a postura de ovos em algum local. A fecundação é interna, o macho através de uma nadadeira anal modificada chamada gonopódio, fecunda a fêmea, sendo que seus espermatozoides podem ser suficientes para mais de uma “gestação”. A reprodução em cativeiro é bem comum, a primeira coisa é saber diferenciar os machos das fêmeas. Os primeiros possuem a nadaderia dorsal mais desenvolvida e o gonopódio (uma nadadeira em forma de bastão na região anal); as fêmeas são maiores, mais “gordinhas” e não possuem o gonopódio, no lugar há uma nadadeira anal comum.
A gestação dura cerca de 30 dias, e é necessário ficar atento quando os filhotes nascerem, pois os adultos podem comê-los, daí a preferência por aquários densamente plantados ou a montagem de um aquário pequeno com muitas plantas só para a fêmea, até o nascimento dos alevinos. Uma dica para o nascimento ocorrer mais rápido, é elevar a temperatura para 28ºC, mas deve-se ter em mente que isso pode ocasionar o nascimento de filhotes prematuros. O uso de “criadeiras” plásticas não é recomendado pois o espaço é reduzido e um erro de cálculo do aquarista pode deixar a fêmea por muito tempo em confinamento, o estresse gerado pode ocasionar o nascimento de filhotes mortos ou até mesmo a morte da fêmea. Os filhotes devem ser mantidos longe dos adultos, até adquirirem um tamanho que não permita que sejam devorados.
A alimentação dos filhotes deve ser feita com dáfnias, artêmia recém nascida, microvermes e ração floculada reduzida a pó; os adultos devem ter uma dieta a base de vegetais (são ótimas devoradoras de algas), ração básica, ração de spirulina etc, podendo ser complementada com alimentos vivos como artêmia, dáfnias, minhocas entre outros.
* Fonte: Texto de Marne Campos em Aquaonline.com.br.
* Foto: Blog.terrazoo.com.br.