DEIXA QUE EU VOU A PÉ!

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AUTOR: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1969)

Em toda roda patense, quando se fala em viagens, aparece, unanimemente, uma queixa contra a firma concessionária que explora o percurso Patos-Belo Horizonte.

De outras vezes, queixava-se do excesso de velocidade e da quase irresponsabilidade dos motoristas que viam no passageiro uma carga a mais que não merecesse o mínimo respeito.

Agora, o caso se complica um pouco mais, pois durante a viagem todos afirmam haver excesso de velocidade, para, em seguida, promover-se paradas intermediárias alongadas que, na sua maioria, não vincula ao interesse do passageiro.

Ora, num percurso noturno e longo, quando não temos o mínimo de conforto, evidente se faz uma reação popular que nos assegure aquilo que de direito nos pertence. Para isso, existe um livro no ônibus onde o usuário deve registrar todas as incidências que se tornam contrárias ao interesse público.

Se isto acontecer com todos os passageiros que reclamam a gente pode assegurar que o livro se transformará num romance sui generis, e as providências serão tomadas com a seriedade que o caso requer.

Uma advertência deve ser feita, no entanto aos nossos prezados leitores: A campanha que se pretende para melhorar o serviço posto à nossa disposição, não deve ser responsabilidade da imprensa escrita ou falada somente, mas precisa da adesão firme e coerente de todos que tenham queixas ou que sofrem o desconforto de uma viagem ingrata. O nosso povo precisa aprender a ter coragem para reclamar o seu direito e deixar o comodismo de lado. Para isto, não precisaremos de extremos nem de movimento convulsivo, bastando que a Câmara faça uma interpelação ao concessionário ou seu representante, daí o Governo Municipal fará uma representação contra a firma, junto ao poder competente.

Se as outras concessionárias nos permitem uma viagem com conforto condizente à extensão percorrida, não se pode e nem se deve eximir o trecho Patos-Belo Horizonte desta obrigação. O povo se mostra insatisfeito e precisa ter a sua vontade solucionada. Patos merece o que o povo reclama, não porque o concessionário tenha aqui se enriquecido, mas pelo fato de não sermos moleques entregues à sorte de qualquer um.

Sem nordeste, somos paus de arara a viajar num caminhão coberto. Sem outro recurso, somos abrigados a aceitar, momentaneamente, o desconforto que nos oferecem.

Mas unidos, vamos conseguir o que se pretende e, se nosso direito for recusado por “forças ocultas”, vamos descer a mochila e dizer, sorrindo: “Obrigado! Deixa que eu vou à pé”.

* Fonte: Publicado na edição de 06 de julho de 1969 do Jornal dos Municípios, do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Saudesempre.com.

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