O Jornal dos Municípios, em 06 de julho de 1969, publicou uma crônica de Rafael Gomes de Almeida¹ que critica duramente a firma concessionária que explora o percurso Patos-Belo Horizonte, a Empresa Gontijo. Entre outras coisas está escrito:
Sem nordeste, somos paus de arara a viajar num caminhão coberto. Sem outro recurso, somos abrigados a aceitar, momentaneamente, o desconforto que nos oferecem. Mas unidos, vamos conseguir o que se pretende e, se nosso direito for recusado por “forças ocultas”, vamos descer a mochila e dizer, sorrindo: “Obrigado! Deixa que eu vou à pé”.
Transcorridos 11 anos, em 1980 foi a vez de Dirceu Deocleciano Pacheco escrever sobre a mesma empresa (coluna Malho e Cinzel da edição n.º 8 da revista A Debulha). Desta vez, as críticas são elogiosas, o que demonstra que as reclamações surtiram efeito:
Nada mais fácil que criticar, que atirar pedras pois esta é uma tendência natural do ser humano. Difícil é, aplaudir e jogar flores, principalmente porque atitudes desta natureza, podem facilmente, tomar a conotação de bajulação ou interesses escusos.
Porém, nada é mais agradável que reconhecer as virtudes de alguém e a despeito dos erros e falhas que possam persistir, abrir-se em aplausos.
Já tive a oportunidade de por mais de uma vez, assinar documentos de denúncias e reclamações, aos maus serviços de então, da linha de ônibus Patos de Minas – Belo Horizonte e devo ressaltar, que o fiz naquelas ocasiões, com a consciência tranquila, de quem luta contra o erro.
Hoje porém, por uma questão de justiça e bom senso, sinto-me no dever de assumir uma posição inteiramente oposta àquela, para endereçar à Empresa Gontijo, que cobre o trecho que liga nossa cidade à Capital do Estado, os aplausos que ela merece, para atirar-lhe as flores às quais ela está a fazer jus.
Fazendo uma viagem a Belo Horizonte, fui surpreendido até, pela boa qualidade e pelo conforto, que oferecem os ônibus que estão servindo àquela linha e maior foi nossa alegria, ao sabermos que em todos os horários (exceto no de meio dia, via Três Marias) estão sendo oferecidos os mesmos ônibus novos e confortáveis, que conduzidos por motoristas e trocadores bem educados e gentis tornam agradável aquela viagem, que antes já foi uma verdadeira odisseia.
Está pois de parabéns, o nosso prezado “Abilinho”, que assim demonstra gratidão e reconhecimento, à cidade que o acolheu tão bem há alguns anos atrás (que aliás não são muitos) e onde pôde ele, modestamente, com uma “jardineira”, iniciar o que se transformaria neste “grande império”, que é hoje, a Empresa Gontijo.
No momento em que mais se agrava o problema dos derivados de petróleo e que o governo mais insiste na necessidade de se poupar os combustíveis, aquela empresa passa a oferecer um serviço, que nos estimula a deixar os carros particulares na garagem.
Registramos pois, com prazer, a situação atual, por nós experimentada, deixando porém, um apelo e ousando dar uma sugestão à direção da Empresa Gontijo, no sentido de que o bom serviço e o prazer da viagem, seja completo fazendo com que, também os ônibus da linha via Três Marias, sejam tão bons quanto os outros, pois afinal, todos os caminhos nos levam à capital mineira.
* 1: Leia “Deixa que eu vou a pé!”.
* Edição do texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Tersarodoviaria.com.br.