A edição de 20 de julho de 1941 do jornal Folha de Patos publicou a coluna Consultas e Reclamações, respondendo perguntas (que estão ausentes) enviadas por leitores. A um deles, A. L., o jornal assim respondeu:
Sua pergunta, embora contenha a verdade, não deixa de ter uma boa dóse de malícia. “Folha de Patos” não é órgão oficial e nem é editado só para noticiar fatos relacionados com a E. Normal. Veja bem o nosso cabeçalho. Jornal independente. Seremos mais sóbrios, daquí para o futuro.
Essa acusação de favorecimento à Escola Normal não foi muito bem aceita por Renato Dias Maciel, o proprietário da Folha de Patos. Tanto que ele retrucou na seguinte edição, 27 de julho, quando o jornal publicou essa matéria com o título “Em tôrno de uma pergunta”:
A leitura do último número desta folha, no tópico das “Consultas e reclamações” em que é dada resposta à pergunta feita pelo sr. A. L. (pode ser também sra. A. L. ou srta. A. L.) exige uma pequena explicação.
Pelos termos da resposta, percebe-se que A. L. estranha ou não acha bom que o nosso jornal noticie tanto aquilo que se relaciona com a Escola Normal desta cidade.
E’ curioso. Um jornal é, acima de tudo, um divulgador dos acontecimentos que interessam a sociedade a que serve. Divulgando os acontecimentos, comentando-os, êle, ao mesmo tempo, orienta.
Todos acham desinteressante um jornal que não seja noticioso, principalmente no interior.
Ouvimos, a princípio, várias reclamações de pessoas ilustres que nos diziam estar “Folha de Patos” pobre de notícias locais.
Qualquer dos nossos estabelecimentos de ensino tem de ser considerado elemento de preponderância e valor no nosso conjunto social.
A Escola Normal, por exemplo, é a oficina que nos fornece anualmente valiosos elementos que vão se entregar ao trabalho árduo de preparar o futuro através da educação da infância.
A sua influência, reunindo em seu seio, filhas de nossas famílias, que se preparam para nos serem úteis à evolução, deve ser naturalmente grande.
Por tudo isto o que ali ocorre interessa, e muito à cidade.
Noticiando, divulgando fatos relacionados com a vida do nosso grande educandário, “Folha de Patos” está rigorosamente dentro do seu próprio programa: “… o ideal concretizado no objetivo constante de trabalhar pelo Município”.
Mais: dois dos nossos redatores, que nos prestam solicitamente seus serviços, são pertencentes ao corpo docente da Escola.
E’ natural, e muito perdoável, que se interessem decididamente pelo estabelecimento… Pudera!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Parte do texto original.
