CINQUENTENÁRIO DA ESCOLA NORMAL

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Filho de Farnese Dias Maciel e Adelaide Caixeta Maciel, Antônio Dias Maciel nasceu em Patos de Minas em 2 de janeiro de 1898. Aqui fez o curso primário com o Prof. Felipe Corrêa, transferindo-se para Lavras-MG, onde no tradicional Instituto Gammon, cursou o ginasial e o científico. Ingressou a seguir na Faculdade de Direito de Belo Horizonte, tornando-se advogado em 1922.

Durante o tempo em que estudou no Instituto Gammon, converteu-se ao Evangelho, tornando-se membro da Igreja Presbiteriana, da qual viria a ser Presbítero durante muitos anos. Desde a sua conversão até a sua morte, foi incansável pregador do Evangelho. Era também Maçom atuante e vibrante.

Poeta e literato, deixou várias poesias, inúmeras páginas escritas e peças teatrais, além de diversos folhetos de assuntos evangélicos. Faleceu em Goiânia-GO, no dia 18 de setembro de 1964, sendo seu corpo velado nas dependências da Igreja Presbiteriana Central daquela capital.

Sobre ele, assim se expressou sua ex-aluna Ada Borges da Fonseca: “… era Diretor o saudoso Dr. Antônio Dias Maciel, que também era professor de Francês e Metodologia. Era brilhante advogado e pregador protestante, sem nunca influenciar suas alunas para sua religião. Era incentivador dos esportes, escrevia hinos para os times de ‘voley-ball’, orientava os teatros e escreveu a peça ‘Bebi para esquecer’, na qual tomaram parte: Randolfo Borges Mundim, Ada Borges da Fonseca, Lysâneas Dias Maciel (seu filho), Madalena Luchesi e Adamar Gomes de Deus”.

ORIGEM DA ESCOLA

O jovem advogado sentia pulsar dentro de si o desejo de dotar sua terra natal de uma escola de nível secundário nos moldes daquele educandário tradicional em que cursara o ginasial e o científico, cujo lema é: “Dedicado à glória de Deus e ao progresso humano”.

Em 1931, finalmente, consegue ver realizado seu sonho, ao fundar o Instituto Sul-Americano, de cunho estritamente evangélico, no qual seriam ministrados os cursos Primário e dois de Adaptação e onde a frequência aos cultos realizados e demais ofícios religiosos era obrigatória.

Para isto, trouxera o Evangelista Norberto Costa para ser o Diretor Espiritual do estabelecimento e lecionar Matemática, acompanhado de sua esposa D. Helena Kemper Costa, para dirigir o internato feminino e lecionar Música e Francês (deste casal, nasceu aqui, o filho Carlos Augusto Costa, que poucos anos atrás, foi Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais).

Além do referido casal, integravam o corpo docente o Dr. José de Santana Sobrinho (Francês), o próprio Dr. Antônio, que acumulava as funções de Diretor e professor de Português, seu irmão Dr. Zama Maciel, que lecionava Geografia e História e o Prof. Erasmo Maciel (Ciências).

O colégio funcionava em uma casa existente na Rua Olegário Maciel, onde hoje se situa a papelaria da Casa das Representações. Na casa ao lado, que se comunicava pelos fundos e onde residia a família do Dr. Antônio, foi instalado o internato feminino, com cinco alunas internas: Irene Ferreira Maciel, Helena Ferreira Maciel, Marisa Ferreira Maciel (filhas do Dr. Noé Ferreira, que foi grande incentivador do colégio), Isalina Piau (Fia) e Alexina Gonçalves Martins.

Eram os seguintes os alunos externos: Acir Teixeira Borges, João de Barros Filho (Bom João), Antonieta Alves (Tonha), Dulce Alves, Benvinda Silveira, Dalci Venâncio, Ester Bonfim, Leibintz Corrêa da Costa, Doralice Araújo e Maria Santos (Zenith).

A grande novidade do colégio, foi a introdução da nova ortografia. Escrevia-se até então: phosphoro (fósforo), alumno (aluno), gymnasio (ginásio).

SURGE A ESCOLA NORMAL

O incansável Dr. Antônio, com o apoio de seu irmão Osório Dias Maciel, inicia intenso trabalho visando a oficialização do estabelecimento, o que foi conseguido no ano seguinte. Em 2 de abril de 1932, pelo Decreto N.º 10.310, do então Presidente do Estado de Minas Gerais, Dr. Olegário Maciel (tio do Dr. Antônio), foi criada a ESCOLA NORMAL DE PATOS, com os seguintes cursos: Primário (com duas classes, sendo uma de 1.º e 2.º anos e outra de 3.º e 4.º, Adaptação, com duração de dois anos e Normal, com duração de três anos. No dia 5 de maio do mesmo ano, a Escola foi solenemente instalada na casa do Dr. Olegário Maciel na Avenida Getúlio Vargas, transferindo-se posteriormente para um antigo chalé, na Praça Antônio Dias (onde hoje é a casa de D. Santinha de Medeiros Queiroz) nas proximidades do atual Hospital São Lucas.

Assumiu a Diretoria, por nomeação do Presidente Olegário, o Dr. Antônio Dias Maciel, sendo Secretária Maria Madalena Prieto da Silva. Vários professores e alunos do Instituto Sul-Americano, transferiram-se para a nova escola, enquanto que alguns se afastaram e outros foram acrescidos. Eram os primeiros professores: Dra. Maria Rezende Maciel (Matemática), Dr. Ernani de Morais Lemos (Português), D. Leonor de Morais Lemos (Música e Educação Física), D. Diva de Santana Nogueira (Trabalhos Manuais e Desenho), D. Ilda Maciel (Geografia e História). Dentre as novas alunas, incluíam-se Ada Borges da Fonseca e Elza Borges da Fonseca, filhas do então Prefeito Clarimundo José da Fonseca (Camundinho), que vinham transferidas do Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Belo Horizonte.

Em setembro de 1934, com todas as alunas uniformizadas, foi inaugurado solenemente, o atual prédio da escola, situado na Avenida Getúlio Vargas. Chega novembro de 1935, e com grande entusiasmo e orgulho dos professores, alunas e do povo patense, iniciam-se os preparativos para a formatura da primeira turma de normalistas, sendo distribuído o convite (foto). Eram homenageadas pela primeira turma, os professores: Dra. Maria Rezende Maciel, D. Ilda Maciel, Dr. Ernani de Morais Lemos e Dr. José de Santana Sobrinho.

Em 1947, atendendo ao Decreto-lei estadual N.º 1873, de 28 de outubro de 1946, a Escola Normal foi adaptada às exigências da Lei Orgânica do Ensino Normal no país e nela passaram a ser ministrados os cursos Primário, com quatro classes distintas, uma de cada série; Ginasial, com duração de quatro anos e Normal ou Curso de Formação de Professores Primários, com duração de três anos. Nessa época, a Escola, que desde sua fundação só ministrava ensino a moças, passou a receber também, alunos do sexo masculino, para o Curso Ginasial e passou a se denominar ESCOLA NORMAL OFICIAL DE PATOS DE MINAS.

Em 10 de outubro de 1968, de acordo com a portaria N.º 350, o estabelecimento passou a denominar-se COLÉGIO ESTADUAL “PROFESSOR ANTÔNIO DIAS MACIEL”, em homenagem póstuma ao seu primeiro Diretor e inspirador de sua criação. Perdia-se oficialmente, o nome inicial de ESCOLA NORMAL, que entretanto, para o povo em geral, perdura até hoje. Com essa nova estrutura, a escola deixou novamente de receber alunos do sexo masculino nos demais cursos, conservando-os apenas no curso Primário.

Em 9 de maio de 1974, novamente, muda-se o nome para ESCOLA DE 1.º E 2.º GRAUS “PROFESSOR ANTÔNIO DIAS MACIEL”, de acordo com o Decreto N.º 16.244/74, continuando a nível de 2.º, o Curso Profissionalizante para o Magistério das quatro primeiras séries de 1.º grau e em 17 de outubro de 1978, através do Decreto N.º 19.472, passou o estabelecimento a denominar-se ESCOLA ESTADUAL “PROFESSOR ANTÔNIO DIAS MACIEL”.

DIRETORES DA ESCOLA

Durante estes cinquenta anos, foram os seguintes os Diretores da Escola, alguns interinamente: Dr. Antônio Dias Maciel, D. Ilda Maciel, Dra. Maria Rezende de Lima Maciel, Prof. Aguinaldo Magalhães Alves, D. Ilda Maciel, Inspetor de Ensino Maximino de Miranda, D. Filomena de Macedo Melo, D. Adalgista Borges Beluco, D. Mariana Pinheiro, Dr. Geraldo Porto Botelho, Sr. Jefferson Eli dos Santos, D. Diva Santana e a atual D. Filomena de Macedo Melo.

PROF.ª FILOMENA DE MACEDO MELO

Natural de Saúde-MG, formada na Escola Normal de Dores do Indaiá, em 1934, iniciou-se no magistério, no ano seguinte, no Grupo Escolar “Marcolino de Barros”. Em 1940, transferiu-se para a Escola Normal, para lecionar para a classe conjunta de 3.º e 4.º anos primário, seguindo em 1943, para Belo Horizonte, onde fez o curso de Aperfeiçoamento em 1944 e 45. Em 1946, a convite, assumiu a Diretoria da Escola Normal, permanecendo no cargo, até abril de 1952. Reassumiu a direção em 26 de julho de 1959, permanecendo até a presente data. Sua dedicação, seu zelo e seu amor para com aquela escola, fazem-na um verdadeiro símbolo dela. Não é possível pensar em Escola Normal, sem se lembrar de D. Filomena, como também não é possível pensar em D. Filomena sem que nos venha à mente a Escola Normal. A ela, o nosso respeito e a nossa admiração.

A ESCOLA DE HOJE

Hoje, ao completar seu cinquentenário, a ESCOLA ESTADUAL “PROFESSOR ANTÔNIO DIAS MACIEL”, a sempre ESCOLA NORMAL, tem como Diretora D. Filomena de Macedo Melo, como Vice-Diretores Dr. Waldemar Antônio Mendes e D. Celina Borges de Queiroz e como Secretária a Sra. Neusa Valadares Ribeiro.

São ministrados os cursos de 1.º grau (qye reúne os antigos cursos Primário e Ginasial) com 654 alunas matriculadas e o 2.º grau (antigo Normal), com 377 alunas, num total de 1031 alunas matriculadas. O corpo docente é constituído por 56 profrssores, que continuam a luta iniciada há 50 anos, ministrando ensinamentos e preparando nossas filhas para o futuro. Centenas e centenas de jovens, talvez milhares, passaram pelos bancos da querida escola e hoje, muitos deles, ocupam as mais diversas funções no setor do ensino e nas mais diferentes atividades do país.

NOSSA HOMENAGEM

Nós, os três Diretores de “A DEBULHA”, como também nossos dois outros irmãos, temos o privilégio e o orgulho de sermos contados entre os ex-alunos da querida Escola Normal e não poderíamos perder esta oportunidade de primeiro, dar graças a Deus pela sua existência, para em seguida, prestar nossa homenagem póstuma ao seu idealizador, registrando a seguir nossos agradecimentos a muitos de nossos ex-professores, que para alegria de todos ainda sobrevivem, para finalmente, render nossa homenagem à estimada mestra e amiga D. Filomena, aos atuais professores e funcionários e às 1031 alunas, que hoje devem se orgulhar conosco, na comemoração do Cinquentenário do modelar estabelecimento de ensino.

(Nossos agradecimentos às seguintes pessoas: Acir Teixeira Borges, Ada Fonseca de Magalhães, Alexina Gonçalves Martins, Antonieta Alves Correa, Filomena de Macedo Melo, Risoleta Maciel Brandão, Zaira Maciel e Zulmira Rodrigues Bonfim).

* Fonte e foto 2: Texto publicado com o título “Cinquenta Anos de Escola Normal” na edição n.º 47 de 15 de maio de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto 1: Antônio Dias Maciel, da Revista Escola Normal de maio de 2010.

* Foto 3: Filomena de Macedo Melo, do arquivo da Escola Normal.

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