TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1981)
Por inúmeras vezes, tenho afirmado que não consigo entender a lentidão com que se resolvem quase todas as nossas coisas, principalmente as que se revestem de grande importância e dentre elas, desponta em primeiro lugar, a nossa sonhada ESCOLA TÉCNICA DE AGROPECUÁRIA.
Foi no princípio deste ano, exatamente no dia primeiro de fevereiro, que realizou-se aqui, uma reunião do Conselho Patense de Defesa da Comunidade, com a presença do ilustre Secretário de Agricultura de Minas Gerais, Dr. Geraldo Renaut, que nos animou a todos, reacendendo a esperança de fim de uma novela que se arrasta há quase vinte anos, ao afirmar categoricamente: “Contem com a Fazenda do Sertãozinho, para a instalação da Escola; assino o convênio de cessão dela AMANHÃ. Estou sentindo que este negócio é para valer. Vamos começar a luta amanhã, para não parar mais, enquanto não conseguirmos a Escola”.
A declaração foi feita diante de inúmeros membros do Conselho, estando presentes também, o suplente de Deputado Elmiro Alves do Nascimento, o Prefeito Municipal Dr. Dácio Pereira da Fonseca e os Vereadores Antônio Basílio Leal (então Presidente da Câmara), João Ricardo de Oliveira (que no dia seguinte seria eleito e empossado Presidente), Prof. Dercílio Ribeiro de Amorim e José Moreira da Mota.
Depois disto, o Prefeito constituiu uma comissão para tratar do assunto, o que é do conhecimento geral e foi então, que se verificou que o senhor Secretário fizera uma afirmação precipitada, talvez levado pelo entusiasmo do momento, pois a cessão da Fazenda do Sertãozinho, teria que ser feita a determinada pessoa que não existia de direito, mas que passaria a existir com a criação de uma entidade mantenedora da escola.
Ato contínuo e com grande eficiência, a referida comissão tomou todas as providências necessárias, quando a Presidente, Profa. Ana Maria Mendonça, elaborou de maneira brilhante, o Projeto de Implantação da Escola Agropecuária de Patos de Minas, enviando cópias a inúmeras autoridades e pessoas interessadas, dentre as quais, os ilustres componentes de nossa Câmara Municipal.
Consta do referido projeto, um anexo constituído de várias cópias xerox de matéria afim, publicada na imprensa local, inclusive a “Entrevista Coletiva”, concedida pelo Secretário da Agricultura e publicada no n.º 18 desta modesta revista.
A seguir, o Prefeito encaminhou ao Legislativo o anteprojeto da criação da Fundação Municipal de Ensino de Patos de Minas, mantenedora da escola, que foi apreciado na reunião do último dia primeiro, à qual compareceu em companhia do Presidente da comissão, para os esclarecimentos que se fizessem necessários. O Vereador Prof. Altamir Pereira da Fonseca, Diretor Executivo da Fundação que mantem a nossa Faculdade, com vasta experiência no assunto, apontou falhas técnicas no anteprojeto e requereu fosse o mesmo ratificado, recebendo para tal, de imediato, a anuência do Prefeito.
Juntamente com os Professores Valdir Peres e Ricardo Rodrigo Marques, respectivamente Diretor e Secretário da Faculdade, aquele Vereador procedeu às modificações, sendo apresentado novamente à Câmara no último dia 8, o novo anteprojeto, já com a assinatura do Prefeito. Foi aí, que se deu o fato que considero de certa forma deselegante. Cabia à Câmara, aprová-lo ou rejeitá-lo. Entretanto, o mesmo Vereador que propusera e fizera alterações, aliás muito oportunas, alegando a necessidade de “um entendimento político” propôs que se adiasse a votação até que a Câmara mantivesse um contato com o Secretário da Agricultura, para “obter dele a confirmação de sua promessa”.
Ora, será que o Prefeito, o Suplente Elmiro e tantas pessoas respeitáveis que compõem o Conselho de Defesa da Comunidade, não são bastante suficientes para comprovar o compromisso assumido? Será que os quatro Vereadores presentes naquela oportunidade, não representavam devidamente o Legislativo? Será que a comissão constituída pelo Prefeito não é bastante competente para obter do Secretário a almejada assinatura do contrato?
Não posso ver pois, motivos para o adiamento da votação do projeto e faço votos, que não seja isto o prenúncio de um novo e prolongado capítulo de novela, que “já bate recordes de audiência”.
* Fonte: Texto publicado com o título “Mania de deixar para depois” no número 32 de 15 de setembro de 1981 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Dois primeiros parágrafos do texto original.