SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO DISTRITO INDUSTRIAL

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

Valemo-nos da presença em nossa cidade, no último dia 09 de dezembro, dos Técnicos da COMPANHIA DE DISTRITOS INDUSTRIAIS − CDI − Drs. Ricardo Michel Jeha (Departamento Comercial), Francisco Bicalho Neto (Departamento de Obras) e João Batista da Silveira (Departamento de Projetos), para esclarecer o assunto referente ao nosso Distrito Industrial.

No seu número 14, “A DEBULHA” publicou uma matéria recebida da Associação Comercial e Industrial de Patos de Minas, onde é feita a seguinte afirmação: “Sabe-se que, quando da implantação do Distrito Industrial, em 1975, o local foi devidamente vistoriado e aprovado por técnicos da CDI”. Naquela época, era Prefeito Municipal, o atual Presidente da Associação Comercial, Dr. Waldemar da Rocha Filho. Perguntamos: o local foi ou não vistoriado e aprovado pela CDI?

O que consta aqui do processo de escolha de área é a designação de uma equipe para vistoriar a área, datada de 12 de agosto de 1977. Portanto, a referida equipe veio aqui, em data posterior a 1975, quando foi implantado o Distrito Industrial − DI. Agora, mais importante do que isso, eu gostaria da fazer um ligeiro comentário de natureza da macrolocalização do DI de Patos de Minas. Há ali dois fatores que podem determinar com uma certa segurança os aspectos técnicos da localização de uma área industrial: é o Rio Paranaíba, que passa ao longo da cidade no seu sentido Sul-Norte, onde é feita a captação de água e a confluência do Ribeirão da Fábrica, também conhecido como Ribeirão da Fazenda Canavial. Também merece destaque o sistema rodoviário. É exatamente no entroncamento da BR 354 com a BR 356, que está localizada a área chamada DI n.º 1, de iniciativa da Prefeitura Municipal. Esta área já está na bacia de contribuição do Córrego do Aragão, que é afluente do Paranaíba a montante da captação de água da cidade. A BR 365 naquele trecho se desenvolve no divisor de águas das duas bacias e então, considerando a área onde está o atual Distrito Industrial, o lançamento do esgoto, seria a montante da captação da cidade. Já a área defronte do DI n.º 1, que foi escolhida pela equipe da CDI que aqui esteve em 1977 é favorável no que se refere ao lançamento de esgotos no Ribeirão da Fábrica ou Ribeirão Canavial. Outro aspecto favorável àquela área é o dos ventos dominantes que sopram da cidade para lá. Assim, fica descartada qualquer hipótese de escolha de área mais ao norte, ou seja, na região de Sertãozinho, ao longo da Rodovia, por exemplo. Fica apenas uma condição não absolutamente ideal, com relação ao abastecimento de água. Na primeira etapa, teria que ser adotada outra solução, talvez a perfuração de poços artesianos até que a COPASA tenha condições de abastecer a área industrial escolhida. Um fato novo que não havia quando a primeira equipe aqui esteve é a ligação rodoviária com Presidente Olegário (BR 365) que corta a área escolhida ao meio; então à primeira vista, poderia ser escolhida a parte situada à direita do anel rodoviário, no sentido BR 365 − Presidente Olegário, lembrando porém, que ambas as partes poderão ser aprovadas. Portanto, nossa equipe realmente confirmou a escolha da primeira equipe que aqui esteve em 1977, que é aquela situada em frente ao Distrito da Prefeitura. O parecer final foi dado em 3 de maio de 1978, quando a equipe fechou os relatórios de viagem às quatro cidades (Uberaba, Uberlândia, Monte Carmelo e Patos de Minas).

Gostaríamos de insistir na pergunta, para que o assunto ficasse bem esclarecido. Antes de 1977 não houve nenhuma solicitação da Prefeitura para que aqui viessem técnicos da CDI, já que o DI n.º 1 foi implantado em 1975?

Olha, este aqui é um processo de tudo que a CDI tem em relação a Patos de Minas; todos os entendimentos havidos com a gestão passada e a atual. Aqui nada existe neste sentido, inclusive, estamos localizando as primeiras correspondências da Prefeitura de Patos para a CDI e vice-versa, datadas de agosto e setembro de 77. Inclusive a equipe que aqui esteve, realmente vistoriou a área industrial existente, como vistoriou a área industrial que fica em frente ao Distrito da Prefeitura, mas a equipe, não aprovou essa área 1, como está aqui. A equipe aprovou a área industrial localizada em frente. Agora, isto não significa também, vamos dizer, que a área tenha sido condenada. Nossa equipe fez hoje de manhã um estudo exaustivo, inclusive, percorremos a pé 6 a 7 quilômetros dentro da área e confirmamos o que disse a equipe anterior: a área ideal, é a que fica em frente ao atual Distrito.

Entretanto o Prefeito daquela época e atual Presidente da Associação Comercial, afirma que a área foi vistoriada e aprovada. O que os senhores têm a dizer?

Não tenho condição de informar qual foi o pensamento da equipe anterior, (inclusive o seu coordenador, já não pertence mais aos quadros da CDI) qual o motivo de não ter sido considerada a área N.º 1. É claro que ela foi examinada, mas talvez, pelo fato de ser um empreendimento da Prefeitura, já iniciado, já em andamento, cujo processo decisório já havia sido tomado por parte da Prefeitura, que a CDI, como costuma fazer nesses casos, partiu para uma iniciativa completamente nova, abandonando aquele distrito, pelos motivos já expostos e também, por questão de saneamento. Ficaria então uma parte já implantada, iniciada pela Prefeitura e uma parte nova que seria vista pela CDI, e que é dez vezes mais aconselhável, em termos técnicos. Não queremos com isto, dizer que não se possa continuar o atual Distrito, embora seja desaconselhável. Futuramente, quando a CDI implantar o Distrito na área em frente, as indústrias que estiverem do outro lado, inclusive, irão se aproveitar da infra-estrutura do lado de cá. Assim, acreditamos até mesmo, que a área atual não precisa ser destinada exclusivamente a indústrias, mas que a ela, pode ser dada também, outra destinação, no ponto de vista técnico.

Quer dizer que a atual área industrial não poderia receber nenhuma ajuda da CDI?

Exatamente. Aquela área não tem razão de ser. Normalmente, pelos convênios, a CDI realiza as obras internas do Distrito, cabendo à Prefeitura, executar as obras externas. Então, neste caso, se a indicação recaísse sobre o DI existente, a Prefeitura teria que arcar com a despesa de construção de um emissário de esgoto desde a Rodovia, até atingir o Ribeirão Canavial, com uma extensão de uns 2 Km. Acho que o problema deve ser encarado assim: esse Distrito que a Prefeitura já fez será absorvido e aproveitado pelo futuro Distrito da CDI.

Haverá futuramente, poluição da zona urbana, pelos odores e pela fumaça?

Pelo que observamos aqui, não. Na observação feita às chaminés da cerâmica e às queimadas que vêm sendo feitas em volta da cidade, verificamos que a direção dos ventos dominantes é da cidade para a área.

A atual administração teria cometido um erro, ao dotar o atual DI de várias obras de infra-estrutura, mesmo sabendo que aquela não era a área aconselhável?

Quando o Prefeito dotou o atual DI de infra-estrutura, ele o fez com razão, porque indústrias já estavam instaladas ali e ainda, com muita visão, porque o que ali foi feito irá servir à área situada em frente. Então foi uma atitude muito prática, porque, na instalação do futuro DI pela CDI, lá já existem energia elétrica e telefone, coisas que viabilizam mais a implantação de um Distrito Industrial. Quer dizer que não houve desperdício, pois quando for firmado o convênio, conforme já dissemos, a parte externa do Distrito é por conta da Prefeitura e ela já fez o que teria que fazer futuramente.

O estudo anterior foi iniciado em agosto de 1977 e concluído em maio de 78; Este estudo que está sendo reiniciado hoje (09/12/80) poderá estar concluído, mais ou menos quando? Haveria uma previsão?

Desconhecemos os motivos que retardaram a elaboração final do relatório, uma vez que naquela época estavam envolvidas quatro cidades. Podemos assegurar que tão logo voltemos à CDI, teremos condições de concluir estas informações a prazo mais curto, fazendo a atualização das informações desta segunda viagem de inspecção e atualização da área industrial, passando então este relatório aos outros estágios de decisão da Companhia de Distritos Industriais, que vão decidir a política de implantação dos DI nos municípios. Finalizando, queremos deixar claro que este é um trabalho conjunto da CDI e do Município. Normalmente, o interesse das Prefeituras é implantar o DI na cidade, superando todas as divergências de qualquer natureza técnica e outras, para que seja efetivado o empreendimento. O esforço é um só e deve estar acima de quaisquer outras dúvidas, para que resulte assim no sucesso final ou que se evite qualquer forma de divergência de qualquer natureza, que possa prejudicar esse trabalho. Na política de implantação dos Distritos, além dessa viabilização de aspectos puramente técnicos e físicos e que foram verificados agora, existe um outro componente, que é a demanda industrial. E ela vai decidir na rapidez de implantação do processo. À medida que a demanda for caracterizada e já existente, então poderá haver imediatamente, a implantação do Distrito.

* Fonte: Entrevista de João Marcos Pacheco publicada no n.º 16 de 15 de janeiro de 1981 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Pt.freeimages.com.

Compartilhe