Não sei quem está mais pesteada, se eu ou a nossa nobre antiga Cadeia acolá¹. Oh! Cadeia, como já te vi esplendorosa em seu estilo eclético com essa escada externa de quatro lances que não se vê mais por aí. Aliás, essa arquitetura dos idos tempos repleta de pormenores sumiu do mapa, hoje o que se vê é cada caixote, cada pobreza de engenharia que chego a tremar as paredes. Oh! Cadeia, com sua idade superior à minha², venho acompanhando a sua degradação sistemática décadas após décadas. Apesar de não ter o mesmo visual eclético e original que o seu, na minha juventude fui até considerada uma gracinha. E, oh! Cadeia, tenho certeza de que daí você igualmente tem acompanhado a minha degradação. Você bem sabe que já fui só residência, depois me transformaram e passei a ser residência e comércio e ultimamente fui um bar. Eu reparo em você e você repara em mim. Agora, me diga, nobre Cadeia: − Quem tem mais chance de sobrevivência? Ora, não me venha com chorumelas, você é prédio público, é o mais antigo prédio público ainda de pé na Cidade e, olha que beleza, é tombado pelo Patrimônio Público, é intocável. E eu? Eu simplesmente vou ser tombada, diferente de você, vou ser tombada ao chão, demolida, destruída, como inúmeras colegas aqui no nosso entorno e em todo o Município. Mas se você faz parte da História de Patos de Minas, prezada Cadeia, presta atenção: − Eu também faço! E no dia em que eu for extinta, anote aí, até você sentirá saudade de mim!
* 1: O imóvel localiza-se à Rua Professora Zélia, esquina com a Praça Juquinha Caixeta, a poucos metros da antiga Cadeia Pública.
* 2 Leia “Inauguração da Antiga Cadeia Pública: Revisão da Data”.
* Texto e foto (27/06/2019): Eitel Teixeira Dannemann.