SAÚDE PÚBLICA, FUTEBOL E FESTA DE N. S. DA ABADIA EM 1942

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Há uma grita geral contra a carne fornecida á população pelos açougues da cidade. Carne de animais doentes é posta á venda com o mais franco desrespeito aos regulamentos da Saude Publica. A repartição competente necessita agir com energia para reprimir os abusos, organizando o exame previo dos animais a serem abatidos e a carne a ser distribuída. Um nosso leitor e assinante para comprovar a sua reclamação, trouxe à nossa Redação um pedaço de carne cheio de vermes (lombrigas) e aqui o deixou em exposição. Obtivemos informes que estes casos se repetem a miúdo. Esperamos que as providencias sejam tomadas com o fim de acautelar a saude da população.

A Diretoria da União Recreativa dos Trabalhadores, não poupando esforços e sacrificios, fez vir da Capital do Estado um selecionado de jogadores profissionais que será enfrentado pelo seu possante quadro. O time da Capital Mineira que trouxe elementos do valor de Orlando Fantoni, Caierinha, Juca, Nogueirinha, Pescoço, Sousa e muito outros, foi festivamente recebido à chegada da jardineira de Catiara. O quadro da U.R.T. que conta atualmente com figuras do relevo de Bain, o insuperavel; de Zama, o tecnico; de Antonio Tiburcio, o perigo; de Zezinho, o impertubavel − estamos certos dará imenso trabalho aos valores visitantes, como na movimentada preliminar de ontem. Todos os desportistas da cidade, como toda a nossa população, devem ir hoje, às 3 horas da tarde, à cancha da U.R.T. para assistir ao desenrolar da mais sensacional partida futebolistica realizada nesta cidade.

Realizou-se, ontem, com pompa e religiosidade de sempre a festa de Nossa Senhora da Abadia nesta cidade. E’ uma das festas religiosas mais concorridas, a ela acorrendo todos os nossos fazendeiros e roceiros, aumentando de muito o movimento da cidade, que toma aspecto verdadeiramente festivo. Não ha muito, entendia a maioria dos devotos de Nossa Senhora da Abadia que os mais legitimos e verdadeiros louvores só lhe eram tributados na lendaria Capelinha da Agua Suja, para onde seguiam levas e levas de fiéis. A aglomeração no pequenino logarejo, trazia constantemente grandes inconvenientes, dada a afluencia tambem dos inescrupulosos e dos jogadores oportunistas. A educação religiosa do povo, vem, entretanto, modificando a mentalidade antiga, compreendendo todos que a nossa veneração à Santa tem em Patos, dentro da Religião, a mesma ressonancia que a prestada em qualquer outra parte. Assim, a festa de ontem, pela suntuosidade, pela afluencia, pela ordem, pelo espirito religioso reinante, demonstrou soberbamente o catolicismo verdadeiro de nossa gente, revelando o trabalho e a direção dos guias espirituais Monsenhor Fleuri Curado e Pe. João Maria Valim, no trato quotidiano da Paroquia que, em boa hora, lhes foi confiada. Os festeiros Randolfo Borges Mundim, Antonio da Silva Caixeta, d. Olga Barros e Sousa e d. Maria Guimarães de Amorim tudo fizeram para que todos os atos transcorressem com o brilho que bem revelou o grau de nosso catolicismo.

* Fonte: Textos publicados na edição de 16 de agosto de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

* Foto: Original do primeiro parágrafo do primeiro texto.

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