A ordem dos primatas, da qual faz parte o macaco, se divide em duas famílias: a do Novo Mundo (os pequenos macacos arborícolas da América do Sul) e a do Velho Mundo (animais maiores, terrestres e arborícolas, originários da Ásia e da África). Cada espécie tem características únicas que a tornam mais ou menos viáveis como animal de companhia. Antes de decidir a espécie que deseja adotar, faça uma pesquisa aprofundada sobre tais características: leia livros, converse com outros donos e veja pessoalmente o maior número possível de macacos.
O macaco-esquilo, o sagui, o macaco-prego, o macaco-aranha e o macaco-japonês são algumas das espécies que as pessoas têm como animais de companhia. Algumas são mais sociáveis e outras, mais ariscas. Salvo alguns pormenores, tais espécies necessitam dos mesmos cuidados, embora os animais maiores precisem de mais espaço do que os menores. Os símios, como chimpanzés e orangotangos, não devem ser mantidos como animais de companhia. Visto que sua força ultrapassa a dos humanos, o convívio doméstico com eles seria perigoso.
Trazer um macaco para casa é algo quase tão sério quanto ter um filho. Macacos requerem atenção constante, todos os dias, e, ao contrário de cães e gatos, não podem ficar sozinhos em casa por longos períodos. Uma vez formado o vínculo entre o macaco e seu dono, o animal não vai querer se separar de você. Se deixado sozinho, ficará entediado, deprimido e agressivo. Considerando-se a expectativa de vida do animal, de 20 a 40 anos, tê-lo como bicho de companhia significa que você passará boa parte da vida cuidando dele.
Ele pode se transformar num adulto agressivo. Os filhotes de macacos são dependentes e doces, não muito diferentes dos bebês humanos. Todavia, quando atingem a maturidade sexual, o que acontece entre os três e os quatro anos, seu comportamento torna-se imprevisível. Lembre-se: são animais selvagens, não dispõem dos mesmos milênios de socialização com seres humanos de cães ou gatos. Mesmo um macaco que formou um vínculo com o dono quando bebê pode, depois de adulto, se voltar contra ele ou desenvolver um comportamento difícil.
Você terá de dizer adeus ao seu tempo livre. Macacos não podem ficar por conta própria; precisam de atenção e cuidados constantes, caso contrário podem ferir a si próprios e as pessoas com quem convivem. Uma vez que tendem a confiar em apenas uma pessoa, será difícil encontrar uma “babá” que possa tomar conta dele quando você precisar de um tempo sozinho.
O macaco pode impedi-lo de formar as relações que deseja. Como dito anteriormente, tende a ganhar intimidade com poucas pessoas e a tratar com estranheza todas as que não fazem parte desse círculo, comportamento que poderia atrapalhar o dono a ganhar intimidade com todos aqueles a quem o animal reagir de modo negativo. E macacos não costumam ser amigáveis com crianças. Leve isso em consideração se você deseja ter uma família.
Antes de trazer o macaco para casa, você terá de procurar um veterinário da sua região que possa atendê-lo. Esteja ciente de que veterinários de animais domésticos não têm a experiência e nem os equipamentos necessários para lidar com primatas. Já que eles são suscetíveis a algumas das doenças que afligem humanos e tendem a adoecer numa frequência similar, precisam de cuidados médicos de vez em quando. Além do mais, o veterinário de animais exóticos pode esclarecer suas dúvidas sobre os cuidados de que o animal precisa e avaliar distúrbios comportamentais.
Apesar de tudo isso, se você é alguém cuja disciplina e temperamento estão à altura da responsabilidade trazida por essa tarefa, será recompensado com uma experiência maravilhosa. Macacos são animais inteligentes, extremamente divertidos e, em algumas situações, muito afetuosos. A maioria das pessoas que convive com um macaco aceita de bom grado os desafios que esse convívio impõe e não trocaria por nada o tempo que pode passar ao lado desse amado animal de companhia.
O primeiro passo que você deve tomar é procurar um estabelecimento regularizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA). Segundo o órgão, no Brasil, existem em torno de 500 locais autorizados a comercializar animais silvestres no país. A autorização é conseguida através do Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre, o SisFauna. Além dos estabelecimentos comerciais, zoológicos, criadouros, mantenedores, abatedouros e centros de triagem e reabilitação também estão sujeitos ao controle e cadastro do IBAMA. Eles só podem ser vendidos por locais credenciados e comprados por pessoas que atendam às condições de moradia. Além disso, os macaquinhos devem conter um microchip de identificação, nota fiscal e ficha de espécie. Se, realmente, você quiser um macaco como animal de companhia, é bom preparar ainda mais o seu bolso. Um filhote da espécie varia de R$ 4.000,00 R$ a R$ 50.000,00.
O macaco poderá passar algum tempo fora da gaiola, mas precisará de um lugar para dormir e para ficar protegido quando você não estiver por perto. Ela deve ser grande, quanto maior, melhor, com espaço suficiente para que ele possa se movimentar, explorar e brincar, principalmente se for necessário deixá-lo dentro dela por intervalos maiores do que duas horas. Uma gaiola pequena demais poderia levar o animal a desenvolver um comportamento agitado e potencialmente agressivo. Pode ser comprada, mas vários criadores preferem confeccionar a própria gaiola de acordo com as próprias necessidades e com o espaço de que dispõem. Alambrado ou barras de madeira ou ferro são bons materiais para as paredes. Se quiser, pode construir uma gaiola dentro e outra fora de casa. Ou, se tem um galpão ou garagem climatizados, pode deixar a gaiola lá em vez de colocá-la dentro de casa. Obedeça às normas estabelecidas pela lei referentes a dimensões, tamanho de entrada e tranca da gaiola. Em alguns países, tais normas variam dependendo da espécie do macaco. Eles adoram escalar, logo, a gaiola deve ser alta. E coloque dentro dela galhos, cordas e outros objetos em que ele possa se empoleirar.
Muitos criadores permitem que eles frequentem as áreas comuns da casa em vez de trancafiá-los na gaiola. Mas o macaco, animal curioso e inteligente, explorará tudo o que estiver ao seu alcance, então é importante que você esconda tudo o que for de valor ou representar um risco para ele. Considerando-se a aptidão que ele tem para a escalada, apenas colocar os objetos em prateleiras altas não basta para que a casa fique segura.
Nada que tenha fios elétricos deve ser acessível. Todos os equipamentos eletrônicos devem ficar fora do alcance do animal. Eles vão destruir cortinas, tombar abajures e mastigar os móveis. Esconda qualquer coisa que não gostaria de ver destruída. Se quiser, pode deixar dois cômodos livres para o macaco e impedi-lo de frequentar o resto da casa. Mas se lembre de que ele é capaz de girar maçanetas e abrir janelas. Se pensa em deixá-lo sem a supervisão de um humano, terá de fazer desses espaços tão seguros quanto as gaiolas, com travas nas portas e grades nas janelas.
Embora capaz de limpar o próprio corpo, o macaco deixa um rastro de bagunça por onde passa. Treiná-lo para a vida doméstica não será uma tarefa simples, e ele fará suas necessidades onde e quando bem entender. Alguns criadores colocam fraldas nos filhotes, coisa que não é possível quando atingem a maturidade. Você deve limpar o espaço habitado pelo macaco uma vez ao dia e manter a higiene da casa e da gaiola. Eles precisam de acesso à água limpa, gostam de beber diretamente de garrafas. Se quiser, você pode substitui-las por mamadeiras. Também há espécies de primatas que gostam de beber água de uma tigela e há aquelas que gostam de ter as duas opções. A despeito do modo como a água será servida, lembre-se de que nunca deve faltar.
A ração e os biscoitos específicos para macacos, que têm as vitaminas e os minerais de que o bicho precisa, devem ser dados todos os dias. Ofereça, além disso, frutas cortadas em pedaços e legumes frescos ou cozidos no vapor. Gafanhotos, larvas de tenébrio, frango cozido (não temperado), ovos cozidos, iogurte, arroz, grãos e castanhas são outros alimentos legais. Não dê ao animal nada que seja considerado “porcaria” para seres humanos. Em outras palavras, doces, sorvetes, bolos, lanches, fast food e carne crua devem ficar bem longe do cardápio dele. Algumas espécies precisam ter a dieta complementada com vitaminas. E animais criados em ambientes fechados devem receber doses de vitamina D para compensar a falta de luz solar.
Para serem felizes, macacos precisam de variedade e estímulos. Na vida selvagem, passam boa parte da vida caçando e escalando árvores. Para reproduzir essa experiência, coloque em casa e na gaiola objetos que sejam divertidos ou que ele possa destrinchar. Por exemplo: esconda as refeições dentro de uma caixa ou num recipiente com orifícios para obrigá-lo a “caçar” a comida. Ele se divertirá tentando descobrir como pegá-la. Deixe bichos de pelúcia, bolas e outros brinquedos à disposição dele. Substitua-os com frequência para que não fique entediado.
O macaco é um animal social, ou seja, começa a ficar infeliz quando passa longos períodos isolado. Reserve algumas horas do dia para brincar com ele. Depois de ganhar sua confiança, ele não terá medo de escalar seu corpo, abraçá-lo e até beijá-lo. Se você tiver mais de um macaco, o tempo de interação não precisará ser tão longo. Normalmente, o macaco é feliz quando pode conviver com outros animais da mesma espécie. Se puder bancar mais de um animal, eles serão muito felizes na mesma gaiola.
Além de não surtir nenhum efeito positivo no comportamento, bater ou gritar com o animal o levaria a ter medo de você. Saiba que está lidando com um animal selvagem que não pode ser treinado para fazer exatamente o que se espera dele. De vez em quando, exibirá algum comportamento desagradável, mas puni-lo vai apenas enfraquecer o vínculo que existe entre vocês. A melhor maneira de lidar com comportamentos negativos é verificar se o macaco tem tudo o que precisa. É estimulado todos os dias? Tem se exercitado bastante? Você brinca com ele com frequência? Animais de personalidade mais arisca ou agitada podem morder, às vezes. Reforçamos que não se deve punir o animal por isso. Em vez de castigá-lo, aprenda a identificar as variações de humor dele e deixe-o em paz quando parecer irritado.
Levá-lo a lugares públicos ou deixar que seus convidados brinquem com ele não é uma boa ideia. Graças ao temperamento imprevisível, o macaco pode se enfurecer num instante − e basta que arranhe um ser humano para que o Centro de Zoonoses o apreenda para conduzir testes de raiva e outras doenças. Uma vez apreendidos, os primatas são normalmente submetidos à eutanásia, pois a lei não determina um período de quarentena para animais exóticos (ao contrário do que acontece com animais domésticos, como cães e gatos). Se for necessário viajar e deixar o macaco aos cuidados de outra pessoa, ela tem de ser alguém que o conheça bem e em quem ele confie. Deixá-lo aos cuidados de um estranho será estressante para o animal e poderia trazer consequências trágicas.
Para ensinar o nome do macaco, chame-o e ofereça um petisco ou um brinquedo. Assim que ele responder, elogie-o e ofereça outro petisco. Para ensinar truques, mostre o que ele deve fazer. Por exemplo: diga “dance” e comece a dançar e pular de um lado para o outro. Uma vez aprendido o truque, dê-lhe um petisco e elogie-o.
DICAS
– Leve-o ao veterinário regularmente e anote tudo o que for dito sobre a saúde do animal.
– Não exponha o macaco a situações em que possa morder alguém. Quando receber visitantes, deixe-o na gaiola e instrua os convidados a não se aproximarem dele.
– Infelizmente, muitas pessoas descobrem do jeito mais difícil que macacos são muito divertidos quando filhotes, mas que a coisa muda de figura quando chegam à vida adulta. Ter um macaco é como cuidar de uma criança de dois anos − a diferença é que jamais deixará de se comportar como uma criança de dois anos. E se livrar de um animal desses não será fácil: os poucos abrigos existentes estão lotados de macacos adultos que nunca serão adotados, pois as pessoas preferem comprá-los ainda filhotes. E há o agravante de que macacos têm dificuldades para formar novos vínculos na vida adulta. Levando tudo isso em consideração, se você se acha incapaz de cuidar do macaco por toda a vida dele (que pode passar dos 40 anos), talvez seja melhor adquirir um bicho de companhia diferente.
– Use um sabonete neutro para dar banho no macaco.
– Compre o macaco de um criador autorizado, nunca no mercado negro. Após decidir qual bichinho deseja levar para casa, não tenha pressa. Observe o comportamento dele por um tempo e avalie outros animais.
– Macacos são criaturas adoráveis e podem formar vínculos vitalícios com humanos.
– Quando estiver perto de outras pessoas, ponha a segurança do macaco em primeiro lugar. Ser apanhado por desconhecidos provavelmente não o agradaria. Ainda que você conheça bem as pessoas que querem segurá-lo, lembre-se de que eles são estranhos para o macaco.
– Não adote um filhote cujo peso seja maior do que uma pequena fração do seu. Se você não pode apanhá-lo com facilidade agora, o peso que ele terá na idade adulta certamente prejudicará sua coluna.
– Aprenda como é que se toma conta de um macaco antes de adquirir um. Pesquise as características específicas de cada espécie e prepare a casa para receber o animal antes de adotá-lo!
– A experiência mostra que esse bicho de companhia não é para todos. Se você trabalha em horário integral, tem filhos ou leva uma vida ocupada, o macaco não é o animal indicado para você!
* Fontes: Pt.wikihow.com e Diariodolitoral.com.br (só o 9.º parágrafo).
* Foto 1: Macaco-prego, de Voupassar.club.
* Foto 2: Sagui, de Tripadvisor.com.br.