Mais da metade dos brasileiros tem em casa um animal de companhia, o que coloca o Brasil no segundo lugar entre os países com a maior população neste segmento. A maioria prefere os cães, seguido pelos gatos. De maneira geral, de cada 100, pelo menos oito são roedores e aves. Os criadores acreditam que esse número deve crescer, já que são pequenos, vivem em gaiolas, não exalam cheiro forte (desde que se mantenha a casinha limpa), não fazem bagunça nem muita sujeira. No caso dos roedores há mais uma vantagem: não fazem barulho! Foi pensando nisso, que Letícia Maia, 8 anos, de São Caetano, decidiu comprar a Bianca, rato de laboratório. “Ela é calma, não faz muita sujeira nem barulho e ainda fica no meu colo quietinha, coisa que com um cachorro seria bem diferente”.
De acordo com especialistas, o ratinho é menos agitado que o Hamster, considerado boa opção para quem procura tranquilidade. O que não é o caso de Gabriel Rezende, 10 anos, também de São Bernardo, que tem três Hamsters: Tork, Chinchi e Alik. “Eles são espertos e gostam de brincar na rodinha. Quando tiro da gaiola, tem sempre um que sai correndo”. Mas é preciso cuidado. Essa agilidade pode fazer com que escape da sua mão e caia. Na hora de pegá-lo, procure ficar em lugares baixos para que a queda seja menor.
Os roedores também ficam amigos do dono, claro que de outro jeito. A irmã de Gabriel, Camilly Rezende, 6, passa horas com os Chinchillas Black e o filhote Tovy. “Posso brincar com eles e fazer carinho que não reclamam”, diz. Não é porque o bicho é pequeno que os cuidados não são importantes. É preciso comprá-lo de um lugar confiável, levá-lo ao Médico Veterinário e cuidar bem. Foi por isso que Rafaella Bravo, 8, de São Bernardo, quis um Porquinho-da-Índia, o Scrat. “Se conseguir cuidar bem dele significa que estarei preparada para ter um cachorro”, diz. O que os outros pensam dessas preferências? “Minhas amigas acham minha rata nojenta, principalmente o rabo, que não tem pelo. Mas uma gostou tanto que comprei um para ela, o Godofredo”, explica Letícia.
Não é porque o roedor vive em gaiola que deve ficar isolado o tempo todo. Os Médicos Veterinários explicam que ele também necessita de atenção e carinho, como todo animal de companhia. No início, pode ficar desconfiado e se esconder, quando o dono tenta pegá-lo no colo, depois se acostuma. Vitor Trazzi Marin, 5 anos, de Santo André, passa um tempão com a mini coelha¹ Marlyn no colo. Faz tanto carinho que ela até dorme. “Fica assim porque se acostumou desde pequena comigo. Brinca bastante, mas às vezes me arranha”, conta Vitor, cujo pai corta as unhas do animal para evitar machucá-lo. O garoto também tem um cão com quem Marlyn vive situação parecida com a de Tom e Jerry. Quando ficam juntos, um quer pegar o outro. Os Médicos Veterinários lembram que não se pode exagerar na dose de carinho. Os roedores precisam se exercitar na gaiola e ter momentos de tranquilidade. O mini coelho, por exemplo, não gosta quando alguém toca seu bigode.
O Chinchila é considerado o mais antissocial deles. Não curte colo, porque é muito sensível ao calor e solta pelo quando fica estressado. Camilly Rezende, dona do Tovy, não concorda com isso e diz que mantém forte relação de afeto com ele. O Chinchila e o Porquinho-da-Índia emitem ruído para se fazer notar. Os outros são mais silenciosos. No caso do porquinho, isso ocorre também quando o macho quer conquistar a fêmea.
Os roedores, em geral, não transmitem doenças aos humanos, desde que seu dono mantenha a gaiola limpa e o bicho saudável, por isso é importante levá-lo ao Médico Veterinário. É mais comum com os ratos de rua, que vivem no esgoto, em contato com bactérias. Mesmo assim, nada o impede de ter alguma doença e transmiti-la à família, como a Salmonelose, doença causada por bactéria intestinal, que pode estar presente nas fezes dos bichos. Para isso, é preciso tomar cuidado ao limpar a gaiola e evitar o contato direto na hora de recolher o cocô e o xixi. Ainda pode transmitir a Leptospirose, no caso de o roedor de estimação ter contato com ratos de esgoto. Esse contágio ocorre por meio da urina.
* 1: Durante muito tempo o coelho foi classificado como roedor, da Ordem Rodentia, como os ratos, camundongos e castores, que têm os dentes bem adaptados para roer. Mais recentemente transferiram o coelho para a Ordem Lagomorpha. A diferença é que o coelho tem um par de pequenos dentes atrás dos compridos dentes incisivos superiores, enquanto os roedores não possuem estes dois pequenos dentes. Então, que fique muito bem claro, o coelho não é mais classificado como roedor. Outra dúvida sobre o bicho é a sua aparência com a lebre. Muita gente considera a lebre um coelho um pouco diferente. Realmente há poucas diferenças entre os dois, ambos pertencentes à mesma Família Leporidae. O negócio é tão sério que mesmo os especialistas podem confundi-los, tomando um pelo outro, fato que se verifica com a chamada Lebre-Belga, que se trata de um coelho, ou com o chamado Coelho-Americano, na realidade uma lebre. Leia “Coelho”.
* Fonte: Texto de Bruna Gonçalves publicado em Dgabc.com.br (05/07/2009).
* Foto: Espécime de Hamster, de Animais.culturamix.com.