TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2018)
Palavras de Gilmar Silvério, professor da rede estadual de ensino e Secretário de Educação de Santo André-SP: Para um país como o Brasil, em que a diversidade cultural é imensa, pode parecer estranho quando se fala na história dos nossos antepassados. Ainda mais se pensarmos na forma como ocorreu a formação da nossa sociedade, a partir das influências recebidas dos diferentes ciclos migratórios. Saber a história de uma Nação significa resgatar e preservar a tradição daqueles que contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos. Trata-se de uma oportunidade única para compreender, inclusive, a nossa própria identidade.
Elian Alabi Lucci, renomado escritor de livros didáticos da Editora Saraiva, que tem proferido para professores de 1.º e 2.º graus nos mais diversos pontos do país, afirma: Por que é preciso conhecer a História do mundo e de seu país, das tradições sociais, culturais e políticas de um povo? Para que não sejamos levados – como é muito comum hoje em dia – a pensar com a cabeça alheia; e trata-se de conduzir e não de sermos conduzidos.
Todas essas palavras são cirurgicamente adaptáveis a qualquer Município brasileiro. O âmbito da questão é o mesmo, não importa se é o Mundo, um País, um Estado ou um mísero Município, o que importa é conhecer a sua História. Infelizmente, a realidade é oposta às afirmativas, pois são ínfimos os Municípios brasileiros que se preocupam em valorizar a sua História. Um deles, e é o que nos importa, é Patos de Minas, cujo Passado só é efetivamente lembrado durante as festividades de aniversário da Cidade. Durante todo o ano, em todas as escolas, praticamente nada se comenta sobre o nosso Ontem. Quando muito, algumas escolas levam turmas de alunos ao MuP – Museu da Cidade de Patos de Minas.
É às vésperas do mês de Maio que se desperta um pouquinho de interesse pelo que fizeram nossos antepassados. No período, são realizadas nas escolas algumas tarefas com os alunos, que saem em busca de informações sobre o que apresentar nas atividades alusivas ao aniversário da Cidade. Mas não há gana, vontade, o querer querendo, os jovens estudantes vão preocupados, na quase totalidade dos casos, preocupados apenas em cumprir um trabalho que servirá para a nota de avaliação.
O resultado é, portanto, insatisfatório em nível de aproveitamento cultural, pois o aluno sai para pesquisar geralmente em bibliotecas e copia trechos de livros sobre a nossa História, e o que se procura é sempre o convencional: como se deu a origem da Cidade, a doação de Silva Guerra e Dona Luiza, a origem do nome e por aí vai, ou seja, eles não participam intimamente da cultura que estão apresentando como simples tarefa escolar.
Se o aluno pesquisasse a nossa História espontaneamente, por prazer, orientado por seus professores, não consideraria coisa do passado, de museu, e sim uma realidade infinita sobre tudo e todos que transformaram Patos de Minas no que é hoje, que está no seu cotidiano e que ele nunca havia despertado para isso.
Certa vez, Lord Byron¹ afirmou: O melhor profeta do futuro é o passado. Sem passado não há presente, nem muito menos futuro. A História confirma a lógica de Byron, pois ao compreendermos os fatos que já aconteceram, conseguimos até imaginar de alguma forma, como será o nosso futuro. Por isso lamentamos, e muito, o pouco caso das nossas escolas para com o nosso Passado. Quem sabe o descaso não seja proposital. Quem sabe os próprios professores patenses não conhecem adequadamente a História de Patos de Minas justamente porque o poder público municipal não se preocupa em desenvolver nas escolas o ensino da nossa História. Uma coisa puxa a outra, vai aqui a minha opinião, o que seria do Município sem a ajuda do Antônio José dos Santos e Formiguinha?
* 1: George Gordon Byron (22/01/1788 – 19/04/1824), 6º Barão Byron, conhecido como Lord Byron, foi um poeta britânico e uma das figuras mais influentes do romantismo.
* Foto: Meirecasanova.blogspot.com.