CARNAVAL DE 1988 – DO TEMPO DO CLUBINHO, DOS BLOCOS E DAS ESCOLAS DE SAMBA

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

OUTRORAPatos de Minas viveu, em 88, um de seus melhores carnavais dos últimos tempos, tanto a nível de clubes, quanto no carnaval de rua que a cada ano mostra-se mais animado, e vem assim, consolidando-se como um dos melhores do interior mineiro.

O Caiçaras Country Clube, com uma decoração leve, bastante colorida, bonita e atraente, foi o clube que apresentou o maior número de foliões, em termos de clube, tendo suas 4 noitadas e 3 matinês completamente lotadas, com a animação musical, perfeita da Banda Saca-Rolhas, comandada pelo Maestro Venerando, pelo Onofre Oliveira, Geraldo, Osvaldo, Valdir Piau e outros músicos de altíssima categoria de Patos e da região. O Social que vem tentando se firmar novamente no cenário carnavalesco, teve uma movimentação considerada boa pelos diretores, e este ano introduziu uma novidade: a realização de um baile de fantasias na terça-feira, com a presença, inclusive, dos destaques das Escolas de Samba Muda Brasil e Acadêmicos do Samba. A animação musical do Social ficou por conta do grupo Chamas, de Divinópolis, mas que é comandado pelo patense Soninho.

O Patos Tênis Clube-PTC é outro clube que a cada ano firma-se na promoção do carnaval popular, com preços acessíveis ao povão, e, devido à grande dimensão de seu salão, pôde receber um número incalculável de foliões. Segundo o presidente João Batista Dias, o Macarrão, a presença, tanto do associado, quanto dos convidados, surpreendeu positivamente a direção do clube. O carnaval do PTC teve animação do Som Espacial 2.001 do Baiano, que novamente deu um verdadeiro show, em termos de animação e qualidade sonora.

O Carnaval de rua, este é sem dúvida o ponto mais positivo do carnaval patense. A cada ano que passa, mais e mais foliões preferem participar ou das escolas de samba, ou então dos blocos que começaram a aparecer com bastante evidência neste ano, tornando nosso carnaval de rua bastante concorrido, atraindo uma multidão muito grande à Major Gote, nossa “avenida do samba”.

Este ano, duas escolas, a Muda Brasil e a Acadêmicos do Samba, entraram novamente na “Avenida” com características diferentes, é bem verdade, mas cada uma mostrando no pé que é boa de samba, e que a tendência é melhorar cada vez mais.

A mais tradicional e antiga de nossas escolas, a Acadêmicos, que este ano pintou de nova diretoria e tudo, apresentou o enredo: Exaltação a uma raça, dos autores João Caixeta e Harley Versiani, buscando mostrar a participação do negro no processo evolutivo do povo brasileiro.

A Escola evoluiu na Major Gote dividida em nove alas, para cantar o enredo, bastante integrado ao momento em que vivemos: a comemoração do centenário da Abolição da Escravatura.

A Comissão de frente veio representando Zumbi dos Palmares, o 1.º carro alegórico uma homenagem à Chica da Silva, após Mestre Sala e Porta Bandeira, a ala dos nativos, a bateria com uma homenagem a Xangô; a ala de passistas, ala das baianas, ala do Congado e finalmente homenagem a Chico Rei.

Bicampeã do carnaval patense, a Grêmio Recreativo Escola de Samba Muda Brasil, veio para a avenida para buscar o tri-campeonato e para isto passeou seu enredo no tema “O negro no Brasil-Abolição da Escravatura”, com o título de “Brasil e África dois gigantes na raça e na fé”.

A Escola esteve muito bem, principalmente nas fantasias, alegorias e adereços, com muito luxo, e com pinta de Escola de capital, deixando o público bastante admirado e arrancando aplausos durante sua apresentação.

Seu samba enredo, agradável, de refrão gostoso de cantar, contagiou os presentes transferindo as emoções de uma escola, que apesar de nova, já é bastante respeitada.

Para contar seu enredo a Escola dividiu-se em quase vinte alas e destaques, destacando-se sobremaneira o trabalho do carnavalesco Osmildo Eustáquio de Souza, o grande responsável pelo extraordinário visual da Muda Brasil.

Uma das alas mais bonitas e chamativas da escola era a “Guerreiros de Aruanda”, composta por cerca de 15 elementos que na avenida mostraram que samba se leva no pé e animação foi o que não faltou, além, é claro, da beleza das fantasias.

Em termos de destaque “Ogum”, representado pelo presidente da Escola, Delfim José, foi um sucesso deslumbrante, além é claro, da presença de Silvinho, o Bumba Meu Boi, André com a fantasia Ganga Zumba Guerreiro do Quilombo e Carlos Roberto com Crepúsculo Africano.

O público, que vibrou no sábado e na segunda feira com as escolas, teve oportunidade de na sexta e no domingo apreciar os novos blocos carnavalescos que pintaram na avenida: Bloco Unidos do Alvorada, Unidos da Lagoinha, Bloco da UEP, e outros que entraram com muita animação provando que para o próximo ano, teremos possivelmente mais escolas de samba em nosso desfile.

O Clubinho Carnavalesco do Povo, outra vez, deu seu recado e comandou a festa após os desfiles, jorrando um som de alta categoria e muita animação, para os foliões que preferiram sambar na avenida.

* Fonte: Texto publicado com o título “Carnaval Patense: Grande Sucesso em 88” na edição de 20 de fevereiro de 1988 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Blog.sapobrothers.net, meramente ilustrativa.

Compartilhe