JORNAL “A CARAPUÇA” ZOMBA DA ÁGUA ENCANADA EM 1915

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A1Na década de 1910, os cidadãos Amadeu Dias Maciel, Marcolino de Barros, Sesostris Dias Maciel, Arthur Thomaz de Magalhães, o juiz de direito Antônio Carlos Soares d’Albergaria e eventualmente Olegário Dias Maciel, tinham por hábito se reunirem ao entardecer no coreto do jardim público (em frente à casa do Cel. Arthur¹ entre as ruas José de Santana e Olegário Maciel) para longos bate-papos. Foi num deles, no início de 1912, que veio à consideração a feliz ideia de dotar Patos de água encanada².

Oficialmente, a obra se concluiu em 19 de julho de 1915, incluindo a rede de distribuição para as casas. Naquela data, em caráter experimental, estando completamente cheio o reservatório, foi aberto o registro da linha de distribuição e, 50 minutos após, a rede estava inteiramente servida. A sua inauguração solene se deu no dia 16 de agosto, quando Dom Eduardo Duarte da Silva, em visita pastoral à Paróquia, benzeu a caixa, paraninfando o ato o Cel. Farnese Dias Maciel e o Dr. Euphrasio José Rodrigues. Participaram da solenidade o Dr. Marcolino de Barros, Agente Executivo; membros da Câmara, autoridades e o povo. Dom Eduardo, após a bênção, em breve alocução, saudou o povo progressista de Patos e o Presidente da Câmara.

Na época circulava o mordaz jornal “A Carapuça”, que, além do jornalismo tradicional, tinha por hábito zombar de tudo e de todos sem a mínima cerimônia. Exatamente um mês após a inauguração oficial da água encanada, o jornal publicou a seguinte nota:

Eu bem dizia sempre que essa canalização d’agua aqui havia de dar mesmo em agua de barrela! exclamou indignado um personagem. Ora, eu requeri uma penna d’agua aqui para casa, o sr. Abel fez a installação provisoria, e a torneira escorria agua que era um gosto; agora volta o homem, vem fazer a installação definitiva e a coisa zanga-se toda, – està correndo um tiquinho d’agua que nem paga a pena a gente pagar a tal penna!

Bem diz o ditado – o diabo tanto concertou o olho do filho até que o furou.

Porque que o sr. Abel não deixou a coisa como estava? Isso é especulação, para vender a agua mais caro!

Agora é que me arrependo de ter entupido a minha cisterna, a minha cisterninha que, no tempo das aguas, dava agua p’ra Hermes.

– É o caso de se lhe dizer: – O sr. està cobrido de razão.

* 1: Veja a foto da casa no texto “Antiga Casa do Cel. Arthur Thomaz de Magalhães).

* 2: Leia sobre todo o processo da chegada da água encanada em “Água – Do Rego à Torneira”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Texto publicado com o título “História Verdadeira” e assinado por “Lorota” na edição de 16 de setembro de 1915 do jornal A Carapuça, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Publicdomainpictures.net.

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