Dois executivos de Belo Horizonte, pai e filho, visitam regularmente Patos de Minas para tratar de negócios, sempre se hospedando num hotel localizado na Praça Antônio Dias. De vez em quando os dois, mas regulamente ora um, ora o outro. O filho sempre se hospeda na melhor suíte e exige reforço no frigobar. Aprecia demais da conta curtir a noite em companhia de belas mulheres dispostas a prazeres mais intensos, desde que muito bem remuneradas. O pai, inversamente, hospeda-se no quarto mais simples e é apaixonado pela comidinha caseira de um modesto restaurante situado no Mercado Municipal. À noite, faz uma caminhada por toda a extensão da Avenida Getúlio Vargas, e após um banho refrescante e um lanche frugal, se recolhe na paz do dever cumprido.
Há três anos é assim. Com este passar do tempo, pai e filho já são bastante conhecidos no hotel e na Cidade, cada um com sua característica comportamental, o que intriga deveras o gerente. Como é uma das normas em hotéis funcionários não se intrometerem na vida de hóspedes, ele nada dizia. Mas, já bem relacionado com o empresário pai, ele não resistiu e numa das estadias do velho resolveu intrometer:
– Desculpe meu senhor, não tenho nada com isso, mas vou te perguntar. Por que o senhor sempre fica no quarto mais simples e o seu filho sempre no mais luxuoso? Desculpe se estou sendo inconveniente.
O empresário, já veterano de guerra e com experiência de vida para dar e vender, não se aborreceu com a pergunta e serenamente respondeu:
– Não se preocupe, meu rapaz, te respondo numa boa. É porque o pai dele é rico e o meu é pobre.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.