SOBRE MUDANÇAS NA RUA MAJOR GOTE EM 1983: QUESTÃO DE PONTO DE VISTA!

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MAJORTEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1983)

Pode ser que eu esteja enganado, mas pressinto que esta polêmica em torno da Rua Major Gote¹ se prende mais a uma solução do imediato que propriamente uma questão de solução definitiva do trânsito em Patos de Minas.

Não vai longe o tempo em que, com o surgimento das rodovias asfaltadas, as cidades se sentiam importantes quando o asfalto passava em suas ruas, até que se descobriu o risco que isto representava para os pedestres. Em seguida, aconteceram as modificações e as cidades se distanciaram das rodovias, sendo que em muitos casos, o governo asfaltava o trecho que faltava para integrar o interior aos grandes centros.

Hoje, lamentavelmente, o que se vê em Patos de Minas, fruto de vícios de muitas administrações, é uma cidade sem opção para o seu tráfego, sendo que esta falta de opção leva a atual administração a trucidar até mesmo a Avenida Getúlio Vargas que, pela sua passividade, era um autêntico cartão de visita de nossa cidade.

Para as obras da Major Gote, o trânsito foi desviado para a Av. Getúlio Vargas e para a Rua Dr. Marcolino, sendo que o trânsito nestas artérias está insuportável, principalmente, se atentarmos para a forma não dimensionada como são dirigidos os ônibus urbanos que param em qualquer lugar e sem o menor aviso.

O comércio gritou e acabou que a Rua Major Gote perde a ciclovia e continua com mão única. Não vejo razão para se gritar contra a mão única, como igualmente, não admito que o trânsito se desviando para a Av. Getúlio Vargas e para a Rua Dr. Marcolino seja a solução definitiva do problema do trânsito.

Desde que foi inaugurada a Rodovia Patos-Presidente Olegário, surgiu um movimento grande na Major Gote, movimento este que vindo de Presidente Olegário, Lagamar, Vazante e outras cidades, não tinha como se desviar da Major Gote que, além do trânsito comercial de Patos, recebia o fluxo de outros viajantes que por aqui passavam.

Todo mundo sabe e finge ignorar, é que a solução definitiva para não se mudar o local de risco do patense, reside na ligação da Rodovia Patos-Presidente Olegário até a Rodovia BR-365, sem passagem urbana. Isso já foi objeto de discussão com representantes do DNER e o projeto estava pronto, quando, por questões políticas, a ligação foi bloqueada e mais uma vez, como se estivéssemos em 1940, o interesse de alguns falou mais alto que o interesse da coletividade.

Muitos patenses devem se recordar que há muitos anos, ficamos sem estradas, porque uns poucos fazendeiros não permitiam rodovias passando em suas terras.

Muitos patenses devem se recordar que há alguns anos, quando se começou a falar em expansão da cidade, os loteamentos se sucederam como verdadeiras piadas e Patos não criou nenhuma opção horizontal dentre as ruas que vinham surgindo.

Todo mundo percebe hoje, que Patos cresceu de um modo próprio e atendendo à conveniência de alguns. Os erros aí estão. Pode que se tenha boa vontade em corrigi-los, mas antes de boa vontade é preciso que se tenha coragem e não tenha medo de ser antipático, pois o bem comum precisa falar mais alto em nossa terra.

Creio que os mais jovens não se recordam, mas Patos tinha um traçado que compensava ser visto e hoje, com a multiplicação de ruas, as ruas largas são tão poucas que se fizeram exceção diante de tantas ruelas que se abriram.

As praças que hoje existem, são as mesmas que existiam há 40 anos passados. Os lugares de lazer foram jogados para escanteio e até mesmo os locais que marcaram história de nossa cidade estão acabados.

Eu sei que no jornalismo pouco se resolve e muito caso se cria, mas acontece que é preciso que se mostre o erro do passado para que não se perdure no erro.

É preciso que alguém faça alguma coisa para acabar com esta onde de se discutir o trânsito da Major Gote, quando o defeito não está na Major Gote. Não é justo que se transfira o sufoco de uma rua para outras rua ou avenida, quando se tem como resolver o problema sem colocar em risco o pedestre e sem que Patos seja vítima da mesquinharia de tão poucos.

O pior é que a cidade está perdendo e quem está impedindo que a cidade lucre não perderá nada se permitir que o problema seja solucionado. Vamos ligar a Rodovia Patos-Presidente até o entroncamento com a BR-365. Se isto acontecer, pode vir ciclovia, mão única e tudo mais porque as ruas transversais à Major Gote servirão de estacionamento e a Major Gote terá um comércio atuante, permitindo, inclusive que o comércio se expanda por outros setores. O povo hoje está sabendo onde está o erro que foi acumulado há muitos anos. Vamos botar a bola no chão e deixar de lado as mesquinharias. Patos vai sair lucrando e ninguém vai perder nada com isto.

NOTA:  Em 1983, na administração do Prefeito Arlindo Porto Neto, a Rua Major Gote, compreendendo o trecho situado entre as Ruas Rui Barbosa e Teófilo Otoni, passou por uma ampla reforma e reestruturação do trânsito, além da implantação de uma obra de arte na calçada, que se constitui num imenso mosaico em pedra portuguesa, produzida pela artista patense Arminda Gomes de Carvalho.

* 1: Leia “Reforma da Rua Major Gote em 1983”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Questão de Ponto de Vista!” na edição n.º 76 de 15 de setembro de 1983 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de História, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto (Eitel Teixeira Dannemann – 15/10/2014): Uma pequena mostra do trabalho de Arminda Gomes de Carvalho na esquina com a Rua Rui Barbosa.

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