Exceto na região Amazônica, o Canário da Terra (Sicalis flaveola) ocorre em todo o Brasil. É um dos pássaros mais comuns e conhecidos no país. A caça predatória, bem como a depredação ambiental, já ocasionou o seu desaparecimento em várias localidades. Entre os indígenas é conhecido como Guiranheemgatu, que significa pássaro de bom canto. Além de excelente cantor, é extremamente valente e combativo, por isso, num ato criminoso, é utilizado em rinhas de Canários. Conhecido também como Canário-de-briga, Canário-Chapinha, Cabeça-de-fogo, Canário-da-telha, Canário-de-bulha, Canário-da-terra-verdadeiro.
Geralmente alcança os 13 centímetros de comprimento e 20 gramas de peso. Na parte superior do corpo apresenta plumagem pardo-olivácea. Na parte inferior a plumagem é amarela com estriações pardacentas. Existe diversificação na plumagem, conforme a região em que habita. No Pantanal, as fêmeas são levemente mais escuras do que os jovens, tendo penas amareladas no corpo, asa e cauda, além das laterais do corpo fortemente riscadas. Já os machos são de plumagem onde o amarelo é dominante, com tom esverdeado nas partes superiores. Nessa região há uma série de riscas negras na cabeça, sobre os olhos, com cor laranja acentuada próximo ao bico, tornando-se amarelo em uma listra superciliar.
No Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existe a subespécie Pelzelni, com uma coloração cinza-amarelada, não tão intensa, sendo conhecida popularmente como Canário-da-terra-sulino, Canário-da-telha, Canário-do-Oeste, Canário-do-Mato-Grosso, Canário-da-horta, Canário-da-terra-cinzento, Canário-do-campo. Além do Sicalis flaveola, há outras três espécies idênticas de canários do mesmo gênero. Todos os machos, das quatro espécies, possuem plumagem amarelada. As fêmeas e os filhotes juvenis das quatro espécies possuem a mesma coloração básica: bege com manchas escuras. O macho do Sicalis flaveola apresenta uma característica única, a coroa alaranjada. O Sicalis columbiana (Canário-do-campo ou Canário-do-Amazonas) é o menor das espécies. O Sicalis citrina (Canário-rasteiro) apresenta uma coloração esverdeada nas partes superiores. O Sicalis luteola (Canário-tipio) difere por apresentar mais manchas marrons que os demais, até mesmo na cabeça. Em virtude da sua valentia, da coloração vistosa e do seu canto complexo e persistente, os machos são os mais cobiçados.
Na natureza vive em média 6 anos, em cativeiro atingem 20 anos ou mais. Isso, em virtude de receberem uma dieta balanceada, cuidados sanitários e pela ausência de predadores. É incansável cantor, possui um dos cantos mais apreciados pelos passarinheiros. Apresenta um canto formado por várias sílabas altas, repetidas, com interrupções no meio e retomadas. Sendo, nos estilos carretilha, metralha e estalo. A fêmea também canta, em tom mais baixo. Vive em bandos; é sociável, ágil, vivaz, saudável, elegante, fogoso, belicoso, valente, com extrema facilidade de manejo em cativeiro. Come de tudo e se adapta com facilidade a qualquer tipo de ambiente. Confiável e confiante, adora se aproximar das habitações humanas. Na época de reprodução, período em que aflora seu forte extinto territorialista, cada casal estabelece um território, com os machos e fêmeas atacando os demais de sua espécie para afastá-los da área do ninho. O macho canta seguidamente, declarando o território ocupado.
Utiliza-se gaiolas com 40 cm de comprimento x 40 cm de altura x 25 cm de largura. Macho e fêmea não devem viver juntos, pois, pode ocasionar sérias brigas. O convívio, por tempo integral, também pode gerar a perda do interesse mútuo e, na época apropriada, os pássaros não acasalam. Reproduz com extrema facilidade; atingem a maturidade sexual aos 10 meses; o período reprodutivo se dá durante a Primavera e Verão.
Em liberdade, faz seu ninho em quaisquer cavidades, em beirados de casas, em ninhos abandonados, em caveiras de gado penduradas em postes ou sobre moirões de cercas. Em cativeiro, usa-se a gaiola de reprodução com 60 cm de comprimento x 40 cm de altura x 30 cm de largura, tendo divisória para separar a fêmea dos filhotes no momento certo. O ninho é tipo caixa, com 25 cm de comprimento, 15 cm de altura e 15 cm de profundidade. Deixa-se a disposição do casal fibra de sisal, raiz de capim ou crina de cavalo, para que forrem o ninho. Fora da reprodução, a gaiola é a mesma usada para o Canário Belga ou Canário do Reino. Tem 3 a 5 posturas por temporada, de 3 a 6 ovos por postura, com um período de incubação de 13 dias, podendo os filhotes serem separados da mãe dos 30 aos 35 dias de idade.
Além da mistura de sementes, oferecer ração extrusada, papa de ovos e farinhada com insetos. O casal alimenta os filhotes que saem do ninho parecidos com a fêmea. Dos 4 aos 6 meses, os filhotes machos já começam a cantar e, aos 18 meses, começam a adquirir a plumagem de adulto. A água deve ser filtrada, renovada diariamente, em bebedouro limpo. Banhos de higiene e de sol diariamente ou quando o clima for propício. Areia limpa, esterilizada, podendo ser fornecida junto com um complexo mineral. Uma mistura mineral, areia fina, farinha de concha de ostras, carvão vegetal e sedimento calcário agem como promotores de eficiência alimentar, beneficiando e ajudando-os a digerirem o alimento. As farinhadas constituem um importante componente no manejo alimentar, pois possibilitam um melhor equilíbrio da dieta, permitindo a inclusão de vários complementos como prebióticos, probióticos, suplementos vitamínicos, aminoácidos, etc. É de fundamental importância na alimentação dos filhotes.
Osso Siba, à base de Sépia, é um molusco da família da lula, que possui uma concha interna rica em minerais, principalmente o cálcio. O bloco de osso siba deve ser fornecido para pássaros de todos os tipos, o ano todo, principalmente nas épocas de postura e muda das penas. Além de reporem cálcio necessário, os pássaros usam o bloco para afiarem o bico.
* Fonte: Clubedocriador.com.
* Foto: Youtube.com.