RIBA ARAÚJO E O HUMOR DO PATO

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Há doze anos residindo em Patos de Minas, o maranhense Riba Araújo transformou-se em uma figura de popularidade atuando como editor, repórter e, principalmente, humorista. “Já fiz de tudo para sobreviver, menos ganhar dinheiro”, brinca ele, zombando da própria sorte. Depois de passar um sufôco no Rio de Janeiro e São Paulo, onde tentou se encaixar na grande imprensa, Riba resolveu perseguir um antigo ideal: ganhar a vida fazendo graça. Foi com este propósito que ele chegou à cidade em 1985. De lá pra cá, trabalhou como free-lancer na Folha Patense e no extinto jornal Correio de Patos. Mais tarde, fez ponta na Rádiopatos e, por último lançou um programa de humor na NTV. “Foi assim que eu deixei de ser um pobre anônimo para me transformar num pobre famoso”, ridiculariza-se ele.

O Anonimato de Riba Araújo chegou ao fim em 1995 com o lançamento do jornal Humor do Pato, que circula com apenas uma página, estampando piadas, paródias e sátiras apimentadas. “Faço tudo sozinho. Sou o editor, redator, diagramador, vendedor, distribuidor e, acima de tudo, o cobrador”, ironiza. Ele conta que criou o Humor do Pato depois de tomar 19 cervejas sem ter dinheiro para pagar a conta. “Aí eu percebi que tinha de fazer alguma coisa séria”, diz. Animado, Riba idealizou um mega projeto. “Nos meus planos o jornal poderia ser um pool de grandes empresas. A partir dele eu montaria uma griffe, uma empresa aérea, um time de futebol para ser a base da seleção brasileira e até um clube privê. Tudo com a marca Humor do Pato”, empolga-se, revelando que este ainda é o seu objetivo. Tudo que ele conseguiu até agora foi transformar a marca do jornal num programa de curta temporada na NTV. “Parei porque meu cachê estava muito baixo diante do que eu ganharei quando a TV Globo me contratar”, chacoteia.

MISTUREBA – Enquanto não ganha dinheiro, Riba Araújo inventa moda. Seu principal negócio no momento é o lançamento do CD Humor do Pato, que já rola nas rádios locais e também pode ser ouvido na Transamérica. “Em maio eu vou lançar 1.000 unidades, mas o objetivo é atingir, no mínimo, 2 milhões de cópias até o final do ano”, prevê o maranhense. Em dez faixas o CD revela toda irreverência do humorista, com destaque para as músicas Mãe da Gente, o Último dos Moicanos (ou Olha o Peidão) e Rock do Uau Uau. “É um besterol inteligente”, avalia Riba classificando seu trabalho como uma “mistureba de xurumbrega”. Quanto ao conteúdo das letras, recheadas de palavrões e termos grotescos, o humorista é enfático: “Minhas músicas são mais sérias que o escândalo dos precatórios”.

Com capa do chargista By Manoel e a participação dos músicos patenses Wilmar Carvalho (vocal e guitarra), Wendell (baixo), Moisés (guitarra) e o baterista Castor, o CD Humor do Pato é dirigido essencialmente ao público jovem. Para Riba Araújo, esta é a grande oportunidade de realizar todos os seus sonhos “prozológicos, psicológicos e, é claro, econômicos”. “Quem viver verá eu desbancar a fama dos Mamonas, do Falcão e do Tiririca”, ameaça ele, que aos 38 anos ainda acredita em promessa de político, Coelhinho da Páscoa e Papai Noel.

* Fonte: Texto publicado com o título “Humorista lança CD de besterol” e subtítulo “Dez músicas revelam a irreverência do Humor do Pato” na edição de 28 de março de 1997 do jornal Diga Agora, do arquivo de Luis Carlos Cardoso.

* Foto: Raskraska.com, meramente ilustrativa.

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