Já houve um grande buraco ao lado da Rua Tiradentes, receptáculo de grande parte das águas pluviais e das sobras do rego que abastecia a então Vila e seguia mato adentro em direção ao Córrego da Cadeia. Era mesmo grande, por isso os antigos se referiam a ele como Buracão. Na primeira demarcação de logradouros públicos ocorrida em 03 de fevereiro de 1874 consta o Beco do Buracão, que começava no Largo da Matriz (hoje Praça Dom Eduardo) e ia até a Rua Tiradentes, senão a mais, uma das mais antigas ruas da cidade. Na segunda demarcação, de 15 de maio de 1916, ele já não aparece. Este Beco do Buracão localizava-se ao lado da Travessa do Formiguinha, que era conhecida por este nome porque nela residia o nosso Patriarca da Emancipação, Antônio José dos Santos e Formiguinha¹.
Em 19 de fevereiro de 1917, o vereador Cornélio França de Oliveira apresentou projeto autorizando o Agente Executivo (Marcolino de Barros) despender a importância necessária às obras de recuperação do bueiro denominado Buracão, na Rua Tiradentes. A regularização do buracão foi realizada por Júlio Russo Italiano, analfabeto, mas entendido no assunto. Fato é que o Buracão localizava-se após a junção da Travessa do Formiguinha com a Rua Tiradentes. Quem teve a oportunidade de conhecer o Buracão lembra que uma enorme manilha despejava água fétida no local que mais parecia uma voçoroca escondida pela alta vegetação. Em 1.º de junho de 1967, através da Lei n.º 908, a travessa teve o nome alterado para Rua Maestro Augusto Borges².
Em meados da década de 1970 teve início a obra de canalização do Córrego da Cadeia desde o antigo campo do Mamoré, passando pela Rua Maestro Randolfo, Cadeia e descendo em direção ao Rio Paranaíba, surgindo a Avenida Padre Almir Neves de Medeiros. Essa imensa urbanização decretou o fim do histórico Buracão, que foi soterrado, e no local surgiu a continuação da Rua Maestro Augusto Borges até a nova avenida, que ora se mostra na foto. Neste pedaço de chão jaz o célebre Buracão da Rua Tiradentes.
* 1: Leia “Antônio José dos Santos e Formiguinha: o Patriarca da Emancipação” e “A Revolta do Formiguinha”.
* 2: Leia “Ex-Travessa do Formiguinha”.
* Texto e foto (21/05/2017): Eitel Teixeira Dannemann.
