Como o próprio nome indica, o Periquito Australiano (Melopsittacus undulatus), também comhecido pelo nome de Periquito Ondulado, é nativo das zonas interiores da Austrália, habitando lugares áridos e de grande pastagem, geralmente em terras de agricultura de grãos e de arbustos, evitando densas florestas por preferir locais sazonais e próximos a rios, lagos e lagoas. São aves de pequeno porte cuja envergadura é em média de18 cm. Livres e soltos na natureza alguns espécimes conseguem viver mais de 12 anos. Os machos selvagens pensam entre 22 e 32 gramas, enquanto as fêmeas são um pouco maiores, variando entre 24 a 40 gramas.
Em seu habitat natural apresenta tons esverdeados cintilantes e faixas parecidas com listras, em tons de preto com diversos formatos, começando da cabeça até a cauda, geralmente ocorrendo somente na parte de cima da ave. Da face até um pouco pra cima do bico, é em tons de amarelo podendo ter pequenas manchas nas bochechas.
Até o início do século 19 somente o povo australiano conhecia a ave. Quem a descreveu pela primeira vez foram os naturalistas ingleses Frederick Nodder e George Shaw, sem muita repercussão. Um outro naturalista inglês, Jack Gould, que era também ornitólogo, esteve no continente no ano de 1840 e se encantou com o periquito. Na sua volta para a Inglaterra fez questão de levar alguns exemplares. A ave logo caiu no gosto popular pela facilidade de domesticação e adaptação à gaiolas. Iniciou-se, assim, uma grande comercialização de periquitos australianos em grande parte da Europa. Talvez nem o próprio responsável pela chegada da ave à Europa imaginou a rapidez com que se espalharia. Criadores surgiram em todas as partes e junto com eles as experimentações. O resultado é que hoje existe uma variedade enorme de “mutações” da ave original verde: Verde Claro, Azul, Factor Escuro, Cinzento, Violeta, Face Amarela tipo I e tipo II, Opalino, Saddleback, Spangle, Spangle Melânico, Canela, Fallow, Lutinos e Albinos, Diluídos, Asas Claras, Asas Cinzentas, Arco Íris, Corpos-Claro, Arlequim Australiano, Rémiges Claras, Arlequim Holandês, Arlequim Dinamarquês, Amarelos e Brancos de Olhos Pretos, Slate, Antracite, Face Preta, Periquitos de Poupa, O Mottle, Bicolores, Frisados, Feather Duster e mais, muito mais.
Não é muito difícil fazer a diferenciação entre machos e fêmeas quando estão adultos. Existe uma estrutura acima do bico onde se localizam as duas narinas, chamada de cera ou carúncula. A cor da cera das fêmeas é de um tom mais rosado e a dos machos de um tom azulado. Um fator importante que diferencia um adulto de um filhote é a íris dos olhos, sendo que a do adulto em volta é branca e no meio preta, e a do filhote totalmente preta.
É muito raro acontecer um caso de albinismo. É possível diferenciar um periquito albino dos outros através da cor de suas penas, sendo estas totalmente brancas, olhos vermelhos, bico amarelo claro, patas cor de rosa e a cera do macho em vez de ser azul é púrpura. Apesar de não terem tons variados como os outros, são igualmente atraentes, já que formam um maior contraste com o ambiente.
Livres na natureza, seu alimento básico são sementes de gramíneas em geral. É muito ativo durante o dia, ora em bandos ou como casal em busca de comida para os filhotes. Como a maioria dos pequenos pássaros, recolhe-se à noite. Com relação aos domesticados, a alimentação não é muito diferente, também baseada em sementes como painço, alpiste, girassol, milho verde, milho vermelho, grão de aveia dentre outras. Para facilitar a vida do dono a oferecer um alimento balanceado, o mercado fornece a ração industrializada pronta para uso. Mas no caso da comida ser feita em casa, o painço deve representar 60% da mistura. Além das sementes, os Periquitos Australianos adoram frutas e legumes em geral, especialmente jiló, couve, almeirão, mostarda e cenoura ralada. Também gostam muito de pão torrado ou adormecido, inteiros ou em forma de farinha. Como acompanhante diário, água fresca e limpa, que deve ser trocada todos os dias.
No quesito “moradia”, o tamanho da gaiola vai depender da finalidade e da quantidade de aves. Não podemos esquecer que o periquito é uma ave, e como ave (com as devidas exceções), voa, e vai estar preso. Devemos então proporcioná-lo o melhor espaço possível para ele poder executar seus vôos. Cada criador tem a sua dica e cada indústria tem a sua oferta, e cada um defende o seu bolso. Então, sem pensar só no bolso, dê-lhe espaço para conseguir voar de um poleiro ao outro com tranqüilidade, isto é, não enfurne a ave numa “solitária”. Por isso é importante que a gaiola seja mais comprida do que alta, justamente para proporcionar os tais vôos de um poleiro ao outro.
É certo que um periquito sozinho precisa de muito menos espaço do que um casal em reprodução. De preferência coloque poleiros feitos de madeira não tóxica ou até mesmo retirados de uma arvore próxima da sua casa, uma vez que os periquitos costuma bicar e arrancar pedaços da madeira. Na vida selvagem, uma característica dos psitacídeos, família a qual pertence o Periquito Australiano, é o gosto por bicar tronco de árvore e frutos com cascas grossas. Imagine então você arranjando uma gaiola de madeira para ele? Não vai dar outra: o danadinho vai roer a madeira e fugir. Portanto, a gaiola ideal é aquela confeccionada com arames de metal. E de acordo com vários criadores, o tamanho mínimo de uma gaiola deve ser 70 cm x 30 cm x 40 cm(comprimento x largura x altura).
Fator preponderante para ter uma ave com saúde é a limpeza da gaiola. Deve-se usar um jornal ou qualquer tipo de papel absorvente no fundo, trocando-o três vezes por semana. Uma vez por semana lave bem todos os acessórios e depois use um desinfetante. Os poleiros, depois de limpos, devem ser raspados para tirar as crostas; depois lavados novamente e secos ao sol ou por alguns minutos no forno. A gaiola deve ser desinfetada a cada seis meses.
O Periquito Australiano está maduro para se reproduzir com 1 ano de vida. Neste período a cera costuma mudar de cor. Nos machos, o tom azulado se torna mais intenso, enquanto na fêmea fica marrom escuro. A gaiola, colocada em um local que não pegue correntes de vento, porém que não seja abafado e permita banhos de sol de pela manhã, deve conter um ninho tipo caixa (11 cm x 11 cm x 11 cm) com um fundo côncavo e uma porta que facilite a limpeza, além de um bebedouro, um comedouro e uma tigela para que possam tomar banho. Recomenda-se usar no ninho serragem como cama, que deve ser trocada após a eclosão dos ovos. Quando estão prontos para procriarem, após um tempo aproximado de dois meses juntos, é comum perceber um alimentando o outro e arrumando o ninho. Quando o instinto da fêmea percebe que está prestes a botar, raramente sai do ninho. A incubação gira em torno de 18 dias. A postura, de 4 a 6 ovos, pode durar até uma semana, o que propicia o nascimento dos filhotes em momentos distintos. Jamais mexa nos ovos, pois a fêmea com certeza vai rejeitá-los. Outros motivos possíveis de rejeição dos ovos por parte da fêmea: ovos não fecundados; não conseguiu chocá-los; população numerosa na gaiola.
Se houver apenas um casal na gaiola (que é o ideal), não haverá problemas. Havendo vários periquitos na mesma gaiola ou viveiro, quem assume a incumbência de escolher o parceiro é a fêmea. O importante é evitar excesso de aves no mesmo ambiente, pois a fêmea poderá rejeitar os ovos.
Havendo a eclosão dos ovos, a fêmea continuará no ninho alimentando-os com comida levada pelo macho. Com cerca de 30 dias já estarão aptos a se alimentarem sozinhos. É o momento de colocar o ninho no fundo da gaiola, para que os filhotes não caiam. O mercado oferece “papinhas” próprias para os filhotes. Se eles tiverem dificuldade em se adaptar, é recomendável ajudá-los. O filhote pode estranhar no início, bicando-o, mas com o tempo ele acostuma até aprender a se alimentar sozinho. Quanto às cascas dos ovos, a fêmea comerá ou jogará fora. Todo criador deverá ter um viveiro para colocar os filhotes e os pássaros que não estão reproduzindo.
Todo animal de companhia causa alguma espécie de sujeira. A criação em gaiolas não foge è regra. E na época da reprodução a coisa se complica, principalmente quando nascem os filhotes. Os ninhos, de antemão, antes da postura devem ser bem higienizados para evitar contaminação dos ovos. A limpeza do ninho após o nascimento dos filhotes deve ser feita com muito critério para não lesá-los. A limpeza deve ser feita a seco, isto é, apenas retire a sujeira e preserve o ninho seco.
* Foto 1: Ismaelmelopsittacus.blogspot.com.
* Foto 2: Periquitoaustraliano.net.
* Foto 3: Filonescio.wordpress.com.