Há muitas espécies deste animal. Livre na natureza habita em tocas com túneis e câmaras, estas utilizadas como depósito de alimentos e/ou dormitório. Como praticamente todo pequeno roedor, se recolhe durante o dia para dormir ou ativar relações sociais e, à noite, sai à procura de alimentos, situação em que costuma usar bolsas dilatáveis em suas bochechas como meio de transporte para carregá-los até o lar. Apesar da visão deficiente, é compensado pelo apurado olfato, audição e sensibilidade nos finos pêlos do bigode para perceber movimentação no ambiente. Em seu habitat natural, a expectativa de vida é de 2 a 4 anos.
Das várias espécies existentes, a preferência como animal de companhia se concentra em cinco: Hamster Sírio (Mesocricetus auratus); Hamster Anão Russo (Phodopus sungoris campbelli); Hamster Anão Russo Branco Invernal (Phodopus sungoris sungoris); Hamster Chinês (Cricetulus griseus); Hamster Roborovski (Phodopus roborovskii). Nota-se que não há nenhum espécime alemão nesta lista. Mesmo assim, muito interessante, o nome “hamster” é derivado da palavra alemã “hamstern”, que significa “acumular ou armazenar”, se referindo à particularidade do roedor armazenar os alimentos coletados nas bolsas das bochechas com o intuito de transportá-los até a toca.
Durante muitos anos o Hamster foi utilizado em experiências de laboratório, até ser substituído por ratos (Rattus norvegicus) e camundongos (Mus musculus). A diferença daquele com estes é a capacidade de se adaptar à vida com humanos, fazendo com que aos poucos fosse sendo aceito como animal de companhia, principalmente por seu comportamento dócil. Se manuseado de maneira regular e gentil, sua “inteligência” lhe permite reconhecer o dono com pouco tempo de convivência. Como é originalmente mais ativo no período noturno, este é o momento ideal para o contato.
É certo que toda mudança de “ares” causa estresse em qualquer raça de animal, em menor ou maior grau. Adquirido um Hamster, o responsável por lidar com ele deve seguir algumas regras para integrá-lo tranqüilamente ao novo lar, pois uma coisa é certa: se o bicho se estressar, vai morder mesmo!
Se você escolher o Hamster como animal de companhia deve oferecer-lhe o conforto que merece. Sua “residência” deverá ser uma gaiola com espaço para dormitório, área de alimentação, de exercícios, banheiro, e fundamentalmente alojada num ambiente que o proteja dos rigores do clima, como sol incidente, correntes de ar frias ou quentes e chuva. Neste quesito, o estilo, tamanho e a quantidade de acessórios vai depender do tipo de roedor, pois cada uma das cinco espécies mais apreciadas tem necessidades diferenciadas. Existe no mercado uma variedade enorme de tipos de gaiolas, atendendo ao gosto e à necessidade financeira de cada um.
Independente do tamanho da gaiola, ela deve ser forrada com algum material que mantenha o chão seco, evitando o máximo possível a presença de umidade. Podem ser usadas raspas de madeira bem finas ou serragem sem resinas e óleos. As areias higiênicas para gatos estão sendo utilizadas com alguma vantagem sobre derivados de madeira, por serem higiênicas e aromatizarem o ambiente. O bicho é bonitinho, mas o cheiro da urina acumulada não é nada agradável. Não use folhas de jornal por causa da toxicidade da tinta. Quanto à periodicidade de limpeza, depende do tamanho da gaiola e do material usado para higiene, podendo ser de 2 em dois dias ou até de semana em semana.
Quando está em liberdade na natureza, o Hamster é sonolento durante o dia. À noite, seu metabolismo é intenso por causa da necessidade de “manter a casa em ordem”, prover comida para si, a família e ainda fugir de predadores. Em todas essas atividades físicas ele consome muita energia. A necessidade de “queimar calorias” estará presente no animalzinho quando ele estiver dentro de uma gaiola. Para tanto, a gaiola deve, obrigatoriamente, ser equipada com acessórios como rodas, argolas, escadas e pontes para que ele possa se exercitar. Instintivamente ele sabe que precisa fazer isso para manter o peso ideal. Completando a “mobília”, a gaiola deve ser equipada com um bebedouro tipo mamadeira e um comedouro pesado para evitar que se vire, provocando sujeira ou até acidente.
Assim como cada ser humano tem uma personalidade própria, assim também é com qualquer raça de animal. Será em casa que a real personalidade do Hamster se mostra. Alguns são calmos e se adaptam ao novo ambiente com muita facilidade. Com um animal de índole nervosa é preciso ir com calma no manejo inicial para não assustá-lo e piorar o seu “jeitão” ranzinza. O primeiro passo é oferecer ração com a mão e tentar acariciá-lo por fora da gaiola para que ele perceba que não há necessidade de temê-lo. Depois ponha a palma da mão na gaiola e deixe o Hamster investigá-la. Faça isso várias vezes num dia. O próximo passo é enfiar a mão na gaiola sem tentar pegá-lo. Apenas deixe que ele a examine e até ande sobre ela, sem fazer movimentos bruscos. Esta fase é muito importante para que ele adquira confiança e perca o medo.
Quando você perceber que não há medo por parte do animal, pegue-o delicadamente, sem apertá-lo e retire-o da gaiola posicionando-o próximo ao solo para evitar riscos dele se soltar e cair. Deixe-o caminhar pelas duas mãos. Se ele for para o solo, deixe-o caminhar um pouco e depois pegue-o novamente, sempre delicadamente. Se ele tiver o hábito de morder, use uma luva, até quando não mais houver necessidade. Se você for paciente e gentil, com certeza seu Hamster será um animal dócil e totalmente domesticado. Dica muito importante: nunca o pegue quando ele estiver dormindo ou comendo.
Com relação à alimentação, não se preocupe, pois em lojas especializadas há diversos tipos de rações industrializadas e balanceadas próprias para mantê-lo saudável. O consumo diário varia entre 7 a 15 gramas. O consumo de água varia entre 10 a 30 ml. Não se assuste quando o vir com as bochechas inchadas. Como foi dito acima, é habito dele armazenar alimentos na boca.
Apesar de viver em tocas, o Hamster não é muito “sociável” com seus parentes. Cada um procura fazer o que lhe apetece e a vida vai seguindo. A vida se agita mesmo é na época do acasalamento, quando machos e fêmeas se buscam para a instintiva perpetuação da espécie (antes até de 2 meses já são férteis). No manejo doméstico é preciso, antes de juntar o casal, saber se a fêmea está no cio, que acontece em média duas vezes por semana. De acordo com os criadores especializados no bicho, há várias maneiras de detectar o cio. A mais prática é colocar a fêmea dentro da gaiola do macho. Se não houver briga, com certeza vai ocorrer o acasalamento, às vezes bem rápido, outras vezes mais demorado. Depois do ato, a fêmea deve voltar para a sua gaiola. Se houver rejeição da fêmea, retire-a e tente no próximo cio. Geralmente quando se encerra o cio (que pode durar o dia todo) há uma secreção branca na vagina. Como nem toda fêmea fica prenhe no primeiro acasalamento, para se confirmar ou não a prenhez é só reparar depois de poucos dias se tem ou não secreção.
Os fatores da reprodução variam conforme a espécie, como: tempo de gestação, de 18 a 30 dias; número de filhotes por ninhada, de 6 a 12; peso dos filhotes, de 1 a 2 g; abertura dos olhos, por volta de 15 dias; retorno do cio, 2 a 18 dias; vida reprodutiva, de 11 a 18 meses.
Confirmada a gestação da Hamster, a primeira coisa a fazer é uma limpeza geral na gaiola. Deve-se retirar todos os brinquedos e acessórios, deixando apenas comedor e bebedor. Disponha num canto uma porção de papel higiênico picado para que a fêmea faça o ninho. Reforce a alimentação com frutas, legumes, ovos cozidos, pão molhado com leite. Depois de tudo arrumado, volte com a fêmea para a gaiola e evite, o máximo que puder, tocar na gaiola e muito menos pegar a fêmea.
No parto, como acontece com as cadelas, a Hamster tem por hábito comer a placenta. É um período em que ela fica muito agitada, parindo cada filhote (sem pêlos, cegos, surdos e com dentes) em intervalos de mais ou menos dez minutos em lugares diferentes da gaiola. Quando nasce o último filhote, a mãe os recolherá um por um para o ninho. Antes de 2 semanas não se deve mexer na gaiola, e muito menos no ninho (a mãe pode rejeitá-los e até comê-los). Por volta de 16 dias de vida, os filhotes já estarão com a constituição física normal. Já será possível pegá-los e limpar a gaiola. Com 3 semanas, os filhotes já estarão desmamados, e deve-se então separá-los por sexo em duas gaiolas. Após 3 semanas junto aos seus irmãos e com 6 semanas de vida, os filhotes estarão prontos para serem vendidos ou doados.
* Foto 1: Hamster Sírio.
* Foto 2: Tipo de gaiola.
* Foto 3: Hamster Anão Russo.