OBEDIÊNCIA ÀS LEIS DE TRÂNSITO: QUESTÃO DE CULTURA

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4TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1987)

Algumas vezes, Patos de Minas tem dado ao restante do Estado e também do País, exemplos que nos causam orgulho. Foi assim, há pouco mais de um ano – quando depois de ser implantado pela Prefeitura, um excelente esquema de sinalização, com eficiente sistema de trânsito que praticamente nada deixou a desejar –, um também eficiente esquema de policiamento fez com que todos, motoristas, motociclistas, ciclistas e até pedestres, passassem a obedecer com relativa ordem, as regras de trânsito, o que resultou em sensível diminuição do número de acidentes.

Muitas pessoas foram então testemunhas de manifestações de visitantes e patenses residentes fora, que se declaravam admirados ao verem por exemplo, e pincipalmente, ciclistas que paravam diante dos sinaleiros vermelhos, aguardando a abertura do sinal para prosseguirem sua marcha.

É bem verdade que àquela época, a polícia foi obrigada a se valer de um sistema repressivo bastante intenso, mediante o qual centenas de bicicletas de infratores da lei eram apreendidas diariamente, fazendo com que, estranhamente, surgissem até alguns “defensores” deles, esboçando-se igualmente, uma certa exploração política do fato na tentativa de se jogar a opinião pública contra as autoridades responsáveis.

É bem verdade também, que “com choro ou sem choro”, nosso trânsito praticamente se organizou de uma maneira realmente digna de aplauso, até que de repente, sem que se possam entender os motivos, a polícia praticamente desapareceu das ruas, e a confusão voltou a reinar. Hoje é fácil carros serem vistos trafegando na contra-mão ou estacionados em locais proibidos; ou caminhões e pesadas carretas trafegando por vias nas quais não é permitido fazê-lo e até estacionados bem em frente às placas que determinam tal proibição; ou carros que passam em desabalada correria pelas esquinas onde há placas de parada obrigatória ou semáforos, seja qual for a cor do farol aceso. E principalmente para a grande maioria dos ciclistas, a desordem e a desobediência, passaram a figurar como coisas prioritárias.

Em todas as ruas e em todos os horários eles podem ser vistos a transitar pela contra-mão; a avançar os sinais e as placas de parada obrigatória; a correr tranquilamente sobre as calçadas e nas praças, no maior desrespeito aos pedestres. São eles, sem a menor sobra de duvidas, os principais responsáveis pela balbúrdia instalada e são exatamente eles, aqueles que à época do rigor no cumprimento da lei, mais se faziam de vítimas, dizendo-se perseguidos e prejudicados, usando até da chantagem “mais pobres”, como se muita gente de boa condição financeira não fosse usuária constante daquele tipo de veículo.

O comandante da Polícia Militar em Patos, tem sempre demonstrado de maneira incontestável, que o seu quadro efetivo é insuficiente em número, para cobrir a imensa área sob a jurisdição do 15.º BPM, mas mesmo assim, torna-se necessário – e com urgência – que se procure contornar esta situação e que a polícia volte a agir com rigor, multando motoristas e motociclistas e apreendendo bicicletas, pois apesar da “choradeira”, ficou mais que comprovado que pelo menos por aqui, somente a repressão faz com que as leis de trânsito sejam respeitadas.

* Fonte: Texto publicado com o título “Será Que Não Tem Jeito?” no editorial da edição de 15 de fevereiro de 1987 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Eitel Teixeira Dannemann, publicada em 30 de dezembro de 2015 com o título “Folgadão Brasiliense”.

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