MULHER NA DÉCADA DE 1910, A

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TEXTO: RAMALHO ORTIGÃO (1911)

A grande, elevada e importante funcção da mulher nas sociedades humanas não è ser boticaria, jornalista ou ser doutora, é ser mãe, é ser esposa.

Ser mãe e ser esposa è uma sciencia, depende dum longo e apurado estudo.

Si é difficil saber ser mãe, é mais difficil ser esposa.

Organizar e dirigir o interior de uma casa digna, risonha, aprasivel, é tarefa que demanda uma intelligencia altamente esclarecida, o gosto mais sabiamente cultivado, os habitos de ordem mais methodicamente estudados e mais trabalhosamente contrahidos.

Para que, por exemplo, um homem de gênio como Bismark, diga de sua mulher: “devo-lhe tudo que sou”, é preciso que ella tenha desenvolvido na organisação e no arranjo da casa conjugal um poder de virtude não certamente inferior ao poder do espirito despendido por seu marido para revirar a face da politica da Europa.

E’ preciso que ella tenha sido, na longa extensão da palavra, uma completa mulher de casa, que tenha a seriedade e a paciencia posta até a ultima prova; que tenha a suprema bondade e que reuna a cultura do espirito preciso para ser a confidente de um homem de gênio, que saiba todos os segredos da hygiene e da chimica culinaria; que tenha a compreensão e gosto das artes decorativas; que seja emfim, superiormente instruida, que não seja medica, philosopha, nem literata, e que empregue todo o seu espirito e todo o seu coração em ser unicamente uma esposa e uma mãe.

* Fonte: Texto publicado com o título “Mãe e esposa” na edição de 21 de setembro de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Três primeiros parágrafos do texto original.

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