O QUE FALTA A PATOS É INDÚSTRIA

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ATEXTO: ITADAL JOLIMEL (1967)

Patos teve o seu progresso. A sua terra é dadivosa. A agricultura é maravilhosa. A fertilidade de seu solo abastece os nossos mercados. A nossa exportação é imensa. Mas acontece que a população cresce e não encontra tanta terra para cultivar. Quando muito passa de pai para filho.

O que nos falta é indústria. Uma terra não pode ter progresso completo sem indústria. Já ouvimos até falar que Patos é terra do “fogo de palha”. Fala-se muito numa cousa. Há muito entusiasmo. Realização mesmo que é bom, nada.

Cidade sem indústria não pode ir para frente. Pois há o desemprêgo e, consequentemente, muita miséria e muita fome. Os rapazes vêm-se na obrigação de mudar da terra natal para buscar meio de vida em outras plagas, pois aqui ninguém vai para a frente. Não passará de empregado de comércio. Outras famílias que também poderia transferir-se das vizinhanças, para Patos de Minas, não o fazem pelo mesmo motivo. Não vêm futuro para os filhos.

Enquanto isto nós exportamos todo o nosso milho para São Paulo e outros centros, a fim de o mesmo ser industrializado, o que poderia ser feito aqui mesmo. Fundou-se a DEMIPA. Muito entusiasmo. Cotização houve por todo lado. Esta iria para frente. Houve financiamento por parte dos bancos oficiais, contratos e assinaturas solenes, fogos, euforismo. Agora ninguém mais poderá interromper o progresso de Patos! O local para a futura indústria escolhido. As máquinas começaram a chegar, a montagem teve o seu início. E… logo depois esfriou tudo. Veio a decepção para muita gente.

Nem esta indústria, fruto do esfôrço e do idealismo dos patenses? Até ela foi gorar? Quanto à cidade industrial, tão propalada no Govêrno passado, havia sempre um pouco de desconfiança. Não acreditamos mesmo na sua vinda. Depende de muitos fatores burocráticos, mas, a DEMIPA, foi causa de uma enorme decepção para todos nós patenses. No entanto, ainda esperamos que os acionistas e incorporadores desta tão importante indústria para nós venha reerguer das cinzas o ideal e sonho de todo patense. Nós confiamos em nossos homens. Eles são capazes de grandes empreendimentos. Haja visto o esfôrço dos Irmãos Carvalho em edificar tão importante indústria madeireira no alto do Caiçaras. A pioneira no Estado de Minas Gerais no plano de laminação de madeira. Pela construção, que vai em ritmo acelerado, a gente já pode deduzir a extensão da indústria.

Patos de Minas possui capacidade para um parque industrial. Não sabemos qual o motivo que impede os nossos homens de comércio a tais empreendimentos. Muitos poderiam alegar falta de estrada para escoamento da produção. Mas, apesar de nos faltar uma rodovia pavimentada, com as que temos, há possibilidade de escoamento do produto aqui industrializado, como o há para os produtos agrícolas. E não precisamos ir muito longe, não, buscaremos o exemplo em Araxá. Um município pequeniníssimo, com as mesmas possibilidades, talvez menos que as nossas, possue as suas indústrias pesadas e, nós mesmos somos assíduos consumidores, como o caso de cofres de aço, portas, cadernos, móveis finos e estofados, etc., etc.

Estamos precisando é de congregar as nossas fôrças, abandonando os espíritos derrotistas e fugindo de questões políticas e pessoais e dar a Patos de Minas aquilo que ela está a exigir: INDÚSTRIA.

Como falávamos em DEMIPA, que seria a nossa maior indústria, aqui lançamos um apêlo veemente, que ela ressurja das cinzas do abandono e do pessimismo e venha preencher a lacuna existente. O nosso milho não precisa estar sendo exportado para outras localidades a fim de se industrializar. Unamo-nos, pois, e vamos fazer de Patos de minas o maior parque industrial da região.

* Fonte: Texto publicado na edição de 24 de maio de 1967 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* Foto: Portalescolar.net, meramente ilustrativa.

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