PATOS PROGRIDE, MAS FALTA ÁGUA, LUZ, GRUPO ESCOLAR…

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)

Que a nossa jovem e pitoresca cidade progride, de annos a esta parte, é uma realidade, queiram ou não queiram alguns indifferentes; e senão, vejamos o seu desenvolvimento intellectual, commercial, industrial, etc.:

Tivemos: “O Trabalho”, jornal mimoso em mimiographo, cujo serviço caprichoso honrava o seu proprietario.

Construiu-se o Theatro “Arthur Thomaz” que, ainda que espaçadamente, deu-nos bôas representações infantis e familiares.

Aos ingentes esforços do Dr. Jacques Maciel, temos ultimamente o Instituto Patense, exemplar estabelecimento.

De nosso meio, grande è o numero de jovens que cursão estabelecimentos de ensino, quer secundario, quer superior.

A nossa pecurrucha e altaneira cidade, conta em sua sociedade quatro bacharéis em direito, um medico, um engenheiro civil, dous pharmaceuticos formados, um conego, dous cirurgiões dentistas formados, normalistas, etc., etc.

Cursos primarios, particulares e publicos, alguns competentemente regidos.

Hoje, faz um anno que auxilia a este progresso lento − O Commercio − por cuja data, amistosamente felicitamos ao seu Redactor, fazendo votos pelo seu porvir.

Commercialmente ahi estão as transações commerciaes de vulto das casas Maciel & C., Virgilio Borges & Deirò, Amorim & Ribeiro e em menor eschala umas doze outras. A firma Ferreira, Magalhães & Maciel, para negocios de gado, com um capital de 200 contos.

Industrialmente, veja-se a nossa exportação de toucinho, fumo palmeira, a nossa producção de arroz ultimamente, a extracção da mangaba, etc. Temos machina de beneficiar arroz e temos fabrica de manteiga, temos diversos engenhos de serra e fabrica de cerveja e gazoza. A industria pastoril, no que diz respeito a gado vaccum, o seu desenvolvimento já quanto ao aperfeiçoamento de raças, já quanto ao augmento da producção tem sido rapido.

Agora para que os meus patricios não se enfatuem e se illudão com este progresso e fiquem no seu dulci farnienti, simplesmente a censurar e a criticar tudo, poderia enumerar-lhe a enormidade de cousas que lhes faltam e que poderão ter; mas cinjo-me em mostrar-lhes a causa primordial de não têl-as.

Já ouço a grita: “Qual histórias − não temos agua, não temos luz, não temos jardim, não temos grupos escholares, não temos estrada de ferro, não temos nada finalmente”.

Mas, meus patricios, os melhoramentos sociaes que apontei acima são ou não uma realidade? Pois bem, em que nos auxiliarão os governos − federal, estadoal ou municipal, não foi unicamente  com o que era da sua restricta obrigação?

O nosso mal, causa primordial de não termos muitas cousas, não digo todas, é tudo esperarmos dos governos.

A nós todos que ficamos de negocio em negocio, em toda parte a queixarmo-nos, a lastimarmos, a criticar indifferença e a inercia dos que nos governão, cabe a maior parte d’esta desidia, porque a nós nos interessam mais de perto, nos satisfazemos em fallar, mas não agimos.

Em vez de esperarmos o movimento dos que nos governão, para irmos em seu auxilio, tenhamos a iniciativa e invoquemos os seus auxilios e si nos concederem, melhor para nòs e para elles que terão as nossas hosannas; e si não tivermos, prosigamos no nosso ideal e não o abandonemos.

Só assim, pela união dos nossos esforços, em pròl do bem commum, podemos, em breves dias, ver ver a nossa graciosa cidade mais elegante, mais catita e mais confortavel.

Tudo pelo bem commum.

UM CRENTE.

* Fonte: Texto publicado com o título “Patos Progride” na edição de 15 de novembro de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

Compartilhe