Pescava o Siqueira mais o Toninho Freitas, lá do Palácio dos Calçados, e o Padre Dias. Este último, até que não pesca, mas faz parte do grupo do Freitas, parece que é a fim de rezar para que Deus dê sucesso às pescadas.
Voltando já bem noite, o carro do Freitas, ao atravessar uma ponte, teve um pneu furado. Coisa simples, sem dúvida, mas a dificuldade foi não terem levado sequer um macaco.
O Freitas, julgando-se culpado pela falta da ferramenta, sentou-se em uma pedra por ali, com a cabeça entre as mãos, talvez já desconfiando que padre em viagens costuma dar azar.
Decorridos alguns minutos, o Toninho teve uma ideia genial. Avistou ali por perto um enorme “sapo untanha”. Catou o pobre sapo e o colocou debaixo do carro e foi cutucando o bicho com uma vara e ele foi inchando e inchando de raiva, até suspender o carro a certa altura. Acendeu tranquilo um cigarro e dentro de três minutos já prosseguiam a viagem de regresso, enquanto o Padre Dias balbuciava em tom de oração:
– Senhor, escutai a nossa prece.
* Fonte: Edição de dezembro de 1976 do Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.
* Foto: Muraljoia.com.