Lá pelos idos de 1960, o João Cor de Rosa e o Fernando Dannemann resolveram tomar umas cervejas no bar de costume. Papo vai, papo vem e, inexoravelmente, a conversa se desviou para o assunto de pescaria. Tinham uma turma comum, mas de vez em quando um ia para o norte e o outro para o sul.
Foi então que o Fernando danou a contar suas “verdades”, sabendo que o João não esteve presente e, portanto, não poderia aferir a veracidade do caso. O João ouviu serenamente, de vez em quando soltando um “oh!” disfarçado, contendo o riso. Numa brecha do amigo, o João Cor de Rosa emendou:
– Eu bem me lembro de um dia, pescando na Prata, veio um Tiziu pousar na ponta da vara. E lá estava ele, não sei se zombando de mim, ou exibindo um sambinha, dando aqueles pulinhos característicos. Ti-ti-Tiziu! Achei aquilo muito original e duma feita, quando o Tiziu pulou, arredei a vara e o pobrezinho caiu dentro d’água. Fiquei com remorso disto e ofereci-lhe o anzol, para que ele se salvasse. O Tiziu mais do que depressa, subiu no anzol e começou ali mesmo a fazer sua faxina, batendo as asas para enxugar o corpo. Nisto vem um peixe enorme e zás! – abocanhou o Tiziu com anzol e tudo. Acabei pescando um Dourado de sete quilos.
Foi aí que o Fernando, alegando que estava na hora de ir embora, pediu a conta e se mandou.
* Fonte: Fernando Kitzinger Dannemann.
* Foto: Muraljoia.com.