No início da década de 1910, o Cel. Arthur Tomaz de Magalhães vinha de uma fracassada tentativa de desenvolver o teatro na cidade¹. Apaixonado também pelo cinema, juntando o gosto pela nova arte e a possibilidade de bons negócios, arriscou criar uma sala de exibição de filmes. Surgiu assim, em 10 de maio de 1913, o Cine Magalhães, o primeiro cinema da então Patos sem o ainda “de Minas”. A foto de cima do lado esquerdo registra o local: esquina da Rua Olegário Maciel com Avenida Municipal (hoje Getúlio Vargas). Neste local, em 1948, Amadeu Dias Maciel construiu o prédio do Cine Olinta, hoje Rádio Clube de Patos.
A foto de cima do lado direito foi publicada no livro Municipio de Patos, editado em 1916 por Roberto Capri. Este livro foi o primeiro a registrar as características da cidade. A foto mostra um Cine Magalhães totalmente diferente dos tempos de sua inauguração. Não é incorreto se imaginar que o Cel. Arthur tenha feito uma ampla reforma no local para aumentar as dimensões do cinema.
Eis que a dedução de reforma geral cai por terra quando vislumbramos a terceira foto. Nela estão presentes a Escola Normal, o Fórum Olympio Borges e o busto de Olegário Dias Maciel, surgidos durante a década de 1930. E lá na mesma esquina da inauguração, a seta azul aponta o imóvel do Cine Magalhães com suas características originais, sem a presença de nenhuma reforma. Então, que imóvel é aquele apresentado por Roberto Capri como sendo o Cine Magalhães?
Este é um grande mistério ainda não desvendado. Não há como acreditar num erro de Roberto Capri em publicar por engano outro imóvel como sendo o do cinema. Fica a certeza de que num determinado momento o Cel. Arthur e seu Cine Magalhães instalaram-se em outro local. Mas, infelizmente, a nossa História não registrou o endereço, apenas o imóvel.
* 1: Leia “Sobre o Teatro em 1911”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto 1: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, presente em “Cine Magalhães”.
* Foto 2: Do livro Municipio de Patos (Roberto Capri), presente em “Cine Magalhães e Gabinete Dentário Affonso Corrêa Borges”.
* Foto 3: Do arquivo do MuP, presente em “Avenida Getúlio Vargas no Final da Década de 1930”.