Theraphosidae é uma família de aranhas terrestres e arborícolas que inclui as espécies conhecidas por Tarântulas ou Caranguejeiras, de pernas longas com duas garras na ponta e corpo revestido de cerdas. Habitam as regiões temperadas e tropicais das Américas, Ásia, África e Oriente Médio. Enquanto crescem, têm uma fase de troca de pele chamada ecdise. Apesar do tamanho e aspecto sinistro e da picada ser muito dolorida, as Tarântulas não são perigosas para a espécie humana a ponto de causar mortes, uma vez que não produzem toxinas nocivas aos humanos, por isso são eventualmente criadas como animais de companhia. Uma de suas defesas são os pelos urticantes de suas costas e abdômen, que irritam a pele do possível predador e de quem as manuseia. Em média atingem de 15 cm a 25 cm de comprimento com as pernas estendidas, mas existem espécies que podem chegar até 30 cm, como é o caso da Tarântula-gigante-comedora-de-pássaros (Theraphosa blondi) da América do Sul. A expectativa de vida é de 15 a 25 anos.
No geral a Tarântula não necessita de grande espaço. Pequenos terrários de plástico ou de vidro são suficientes. Os de vidro são melhores pela facilidade de limpeza. O vidro não fica amarelo com o passar do tempo, não se risca e é muito mais pesado que os de plástico, dando assim mais estabilidade e segurança. O inconveniente é o custo maior. O terrário deve se localizar num local onde a luz do sol não incida diretamente.
Os terrários variam conforme a espécie da aranha. Sendo arborícola ele deve ser alto, com ramos para a Tarântula poder subir e fazer a sua teia. Se for terrestre, o terrário deve ser baixo e espaçoso para evitar que ela suba e haja uma eventual queda, podendo causar ferimentos no animal. O terrário ideal para uma Tarântula terrestre depende tanto da espécie como da idade do exemplar. O mais habitual é utilizar um terrário de 25 x 20 x 20 centímetros. No caso da arborícola, o terrário deve ser mais alto que largo, já que fazem os seus “ninhos” no alto Um terrário com 30 x 30 x 45 centímetros é suficiente.
É importante que a Tarântula tenha um bom substrato. Se for terrestre, o mais indicado é terra isenta de qualquer tipo de produto químico e/ou insetos. Uma pequena camada de dois a três centímetros são suficientes, mas é importante atentar para a espécie, pois a Aphonopelma seemanni precisa de até dez centímetros de substrato, uma vez que cava covas profundas. Quanto à decoração, isso depende do gosto de cada um, desde que seja o mais parecido com o habitat natural e livres de parasitas.
As Tarântulas são animais de sangue frio. Assim sendo, devemos proporcionar-lhes uma adequada temperatura noturna entre os 20 e os 22ºC e a diurna entre os 24 e os 27ºC. Existem vários sistemas de aquecimento, como fios, lâmpadas ou pedras, encontradas nas lojas especializadas. Há necessidade também de uma umidade adequada, pulverizando periodicamente o terrário com água.
A dieta deve ser variada, alternando entre grilos, baratas, tenébrios, gafanhotos, entre outros. Elas aguentam algum tempo sem comer, mas não sem beber, sendo necessário ter permanentemente no terrário um recipiente com água limpa e fresca.
Quando pensamos em pegar numa Tarântula, dois aspectos devem ser levados em consideração. O primeiro é que seu abdômen é muito delicado, por isso temos que ter bastante cuidado para não machucá-la. O segundo é reduzir ao mínimo o perigo de uma possível mordidela. Assim sendo existem três métodos (os mais seguros) para manusear uma tarântula:
1.º MÉTODO – Este método consiste em colocar uma pequena caixa transparente (pode-se usar até mesmo um copo grande) sobre a Tarântula e depois deslizar com cuidado um pequeno cartão ou plástico por debaixo da aranha, podendo assim movê-la com segurança. Depois é só colocar uma tampa com pequenos buracos para o animal poder respirar. Esta é a forma mais segura de transportar a sua Tarântula.
2.º MÉTODO – Se realmente se sente seguro e quer pegar na sua Tarântula de companhia, deve colocar a sua mão com a palma virada para cima, em frente à aranha e “empurrá-la” suavemente com um dedo da outra mão ou com algo que não a machuque. Este método não é indicado para uma Tarântula nervosa, pois ela poderá subir pelo seu braço e numa situação dessas poderiam acontecer duas coisas: a pessoa se assustar e deixá-la cair, o que poderia causar a morte ao animal; as patas da Tarântula poderiam ficar presas na sua roupa e ela própria poderia aleijar-se ao tentar soltar-se. Se a Tarântula for calma e ficar na sua mão, convêm colocar sempre a mão livre por debaixo da mão onde se encontra a aranha – assim evita que ela caia se começar a andar.
3.º MÉTODO – Este método consiste em levantar a Tarântula. Deve segurar entre a segunda e terceira pata suavemente, mas com firmeza, para evitar que caia. As Tarântulas não estão habituadas a serem levantadas, assim deve-se levantá-la lentamente. Nunca se deve pegar pelo abdome, pois é muito frágil. Uma manipulação eficaz e segura adquire-se com experiência e conhecimento apropriado e, acima de tudo, uma Tarântula nunca deve ser manuseada sem estar familiarizado com estes animais.
O crescimento da Tarântula até atingir o estado adulto dá-se por meio de sucessivas mudas. O seu corpo é recoberto por uma cutícula mais ou menos espessa e rígida (exoesqueleto), exceto no abdômen e nas membranas articulares das patas. Quando são muito jovens, fazem-no 4 vezes por ano, passando depois a uma periodicidade anual. A muda também é a oportunidade de fazer crescer novamente membros danificados. A cada etapa de crescimento, o animal perde a sua carapaça e produz outra. Nas três semanas que precedem a muda, a Tarântula torna-se mais calma e deixa de se alimentar. Quando chega o momento, ela tece teia e fica de costas, ficando imóvel durante várias horas, como se estivesse morta. Aos poucos, por intermédio de pulsações lentas, o cefalotórax e o abdômen abrem-se lateralmente. Com sucessivos impulsos um atrás do outro, liberta-se da velha “pele”, movimentando o dorso e deixando aparecer a nova carapaça e as novas patas. Depois disso, a tarântula fica de costas durante algum tempo, descansando da fadiga da muda (momento em que ela pode não sobreviver devido ao desgaste). O novo tecido que a reveste é bastante frágil e o animal fica particularmente vulnerável, até o momento em que a sua nova pele endureça o suficiente para protegê-la e preservá-la. Para que a muda se faça nas melhores condições, o ambiente deve estar úmido e deve-se retirar todo o alimento vivo que possa interferir com o processo da muda.
Se decidimos ter uma Tarântula em casa como animal de companhia, a primeira coisa que devemos ter em conta não é a toxidade do seu veneno em relação aos seres humanos, que varia de acordo com a espécie, mas sim uma possível reação alérgica a esse mesmo veneno (tal como acontece com a picada de abelha). Quando se é mordido por uma Tarântula com um veneno de grande toxidade, os efeitos podem durar semanas, provocando vômitos, espasmos musculares, febre, diarreias e um inchaço no local da mordedura. Se tal acontecer, o mais aconselhável é dirigir-se rapidamente ao médico, para evitar maiores problemas. Pessoas que sofrem de problemas cardíacos e/ou respiratórios devem evitar manuseá-las, uma vez que a probabilidade de arritmias e problemas respiratórios agudos é maior.
* Fontes: Texto de João Moreira com colaboração de Conceição André publicado no n.º 8 da revista Mundo dos Animais, de novembro de 2008, com o título “Tarântulas”; Wikipédia.
* Foto: Caranguejeira rosa brasileira (Lasiodora parahybana). Esta é uma das maiores do Brasil, sua origem é o nordeste brasileiro. Seu comportamento é agressivo e deve ser manipulada com muito cuidado. Chega a viver de 12 à 15 anos. Se alimenta de grilos, gafanhotos, baratas, etc. Esta espécie é uma das maiores aranhas do mundo. De Fiocruz.br.