TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2016)
É inquestionável os danos que o tráfego de carretas bi-trem, jamantas, caminhões de gado e máquinas agrícolas causam à Rua Major Gote. O logradouro não foi projetado para suportar cargas de alta tonelagem, mesmo após a significativa reforma por que passou em 1983¹. Os estragos provocados por esta insensatez permitida pelo poder público é visível em toda sua extensão, principalmente no Centro, onde o trânsito é caótico com enorme quantidade de carros, motos, bicicletas e pedestres que diariamente passam por ela. É uma verdadeira batalha travada pelas partes na ocupação do espaço e muitos não respeitando a lei. Quando então uma baita carreta de 50 toneladas se mistura ao caos, temos um caos triplicado, com risco eminente de ocorrência de acidentes e atropelamentos.
Muito se discutiu, muito se discute e muito ainda vai ser discutido sobre a “fórmula” para sanear a fluidez do trânsito na Rua Major Gote. Assim como muito já se falou, muito se fala e muito ainda vai ser falado sobre o tráfego de carretas pela via. Houve uma época em que se pensava que o problema estaria resolvido para sempre com duas alternativas: a ligação da BR-365 com a BR 354 pela chamada Rodovia do Contorno e a Avenida Fátima Porto. Estas duas obras surgiram com o objetivo primordial de direcionar os veículos pesados, tirando-os do Centro da Cidade. Infelizmente funcionou por pouco tempo, pois muitos caminhoneiros, sabedores com exatidão da ineficiência do poder de fiscalização da autoridade competente, preferem mil vezes evitar a “grande volta” e por isso, com suas cinquenta toneladas atravessam a Rua Major Gote em direção à Avenida Marabá com tempo suficiente de apreciar o visual histórico contaminado por placas comerciais e o vai-e-vem do povo.
O Artigo 91 do nosso Código de Posturas (Lei Complementar n.º 379 de 24/12/2012) assim determina:
O Poder Público poderá impedir, independentemente de notificação ou de autuação anterior, o trânsito de qualquer veículo ou meio de transporte que possa ocasionar danos à via pública e/ou à segurança dos munícipes.
Então, óbvio, se o prefeito, os dezessete vereadores e o ministério público quisessem já teriam dado um fim a este despropósito. Se não o fazem, é porque consideram tudo isso muito bacaninha. Quem sabe, talvez, sabe-se lá, o poder público não conhece o nosso Código de Posturas! Afinal, a quantidade de mazelas que domina Patos de Minas é fora do normal.
Apesar dos transtornos materiais à via pública que causa prejuízos ao nosso erário; apesar dos transtornos de trânsito com invariáveis engarrafamentos; apesar dos constantes desrespeitos às leis pelos usuários da rua, nada, absolutamente nada é feito para a solução do problema. Então, surge no horizonte uma tragédia anunciada. Já faz parte dos arquivos dos noticiários uma considerável quantidade de informes sobre carretas pesadíssimas que não conseguiram subir até a Praça Champagnat e ficaram lá “estendidas no asfalto” esperando por socorro e azucrinando o já caótico trânsito. Graças, por enquanto, o quadro é só esse, mas já teve o “quase”, quase a tragédia. Um dia, sabe-se lá quando, amanhã, semana que vem, ano que vem, uma daquelas gigantes vai apresentar um problema lá em cima e descer de ré sem controle levando consigo tudo que encontrar pela frente, incluindo seres humanos. Pois bem, eis a tragédia anunciada. Será mesmo que o poder público só está aguardando esta realidade se transparecer funestamente para, enfim, impedir o trânsito pesado na Rua Major Gote?
* 1: Leia “Reforma da Rua Major Gote em 1983” e “Sobre as Mudanças da Rua Major Gote em 1983: Questão de Ponto de Vista!”.
* Foto: Eitel Teixeira Dannemann, publicada em 26/01/2016 com o título “Carreta: Trânsito Inconsequente no Centro II”.