CRÍTICAS À FENAMILHO DE 1979

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CRITICAS À FENAMILHOUm assunto que urge agora ser debatido, é o da Festa do Milho. Graças a Deus, o nosso “Correio de Patos” tem também criticado a Fenamilho XXI. E é preciso que todo o cidadão critique e repudie a festa da maneira como querem realizá-la, ela que devia ser a maior festa da região, mas uma festa popular e folclórica e não filoclórica, choca e interesseira.

Para começar, o dia 24 de maio, se não me engano, é ainda o dia do aniversário da nossa cidade. Pois bem, nem se falou disto. Falou-se em festa de milho, de feijão, de porco, de fosfato, de vaca e de boi, e nada ou quase nada se falou da festa da cidade. Para os promotores da Fenamilho, acabou-se o tema 24 de maio, ou aniversário de Patos de Minas.

O que sobrou para se homenagear a aniversariante, foi um “desfile” – se ainda se pode chamar aquilo de desfile. Estava simplesmente péssimo, sem as alegrias e representações de outrora, sem o entusiasmo dos colégios e dos alunos, que se apresentavam em peso para o desfile, porfiando cada qual ganhar os maiores aplausos e prêmios que uma comissão julgadora destinava aos melhores. Neste ano, o que se viu lá? O Tiro de Guerra, a banda da polícia, a escola Tiradentes e representações dos colégios. Não estive na avenida Getúlio Vargas, mas fui informado que faltou algum colégio no desfile.

Não resta dúvida que as roupagens e alegorias são lindas, mas são honerosíssimas. Seria a hora da Prefeitura ajudar os colégios a se prepararem para o desfile, ao invés de ajudar quem não precisa. Dar verbas para os colégios e não para o Sindicato, que tem a “mina de petróleo” lá no Parque de Exposições. A opinião unânime, é que, desfile como esse último, o melhor seria não se fazer.

O que está matando a festa, é ela ficar na mão de um monarca, é ser ela um monopólio. Já dissemos alhures, não somos partidários do sistema monárquico, por mais tragável que ele seja. Mas, aqui, no caso da fenamilho, qual seria o motivo ou motivos desta vitaliciedade? Pelo menos nós temos as nossas dúvidas. Os senhores devem estar lembrados de que houve um ano em que a plataforma monárquica não quis fazer a festa. A Prefeitura e o comércio resolveram fazê-la. E saiu mesmo. O Dr. Dácio arregaçou as mangas e a festa saiu. Parece até que não deu lá o prejuízo decantado. A Monarquia acabou voltando a enfrentar a festa. Se é verdade que é tremendo sacrifício e prejuízo inestimável, porque então o sr. Pedro Maciel não larga isto de mão? Há quase uns vinte anos que ele mexe com isso!

Ainda não vimos e nem entendemos de onde pode vir prejuízo para esta festa, se a exploração é descomunal. Na portaria do parque houve uma renda de $ 1.225 mil cruzeiros (só a venda de ingressos). Sabemos que gastaram $ 890 mil cruzeiros para as contratações de cantores e caipiras. Até aqui não se percebe déficit. E que caipiras! Tirando-se os “Milionário e Zé Rico”, que bagulho, heim? Mas, isto certamente vamos ver tudo pormenorizado num balanço.

Para finalizar, queremos apenas deixar aqui a nossa observação e sugestão. É preciso que se acabe direto com um tal de intermediário, para cantores e shows. A mesma comissão da festa deve fazer os contratos diretamente com cantadores e caipiras ou seus empresários, que seja, como era feito antigamente, eliminando-se radicalmente o “gigolô” que carrega oito por cento de cada contratação. E é preciso dar duro, pois ele já declarou que não deixará disto, para não perder o oitão.

Só aqui, os senhores vêem, que boa economia são se faria a bem da festa!

* Fonte: Texto publicado com o título “Política” na edição de 18 de junho de 1979 do jornal Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Cartaz oficial da Fenamilho de 1979, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

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