ECOS DA FENAMILHO/1983

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Foram dez dias de intensa atividade e com extraordinária participação do povo. De 20 a 29 de maio, Patos de Minas foi agitada pela 25.ª Festa Nacional do Milho, numa comemoração digna do “Jubileu de Prata” da festa maior patense.

Ainda agora, repercute a Fenamilho/83. São as pessoas comentando e analisando a promoção do Sindicato Rural e apoio da Prefeitura Municipal, bem como de vários outros órgãos, entidades e clubes de serviço. Foi uma união de esforços visando o sucesso da festa.

Neste momento, é preciso ressaltar o trabalho das várias comissões, com destaque para o Departamento de Relações Públicas capitaneado pela Dra. Elvira Ferreira Porto Cordeiro. Um trabalho gigante.

Várias foram as autoridades que visitaram Patos de Minas por ocasião da 25.ª Festa Nacional do Milho. Entre elas, o Governador do Estado, Tancredo Neves, que além de presenciar o desfile e participar de solenidade na Câmara Municipal, acompanhou a assinatura de importante convênio de ampliação da rede da COPASA (mais de 400 milhões de cruzeiros), durante almoço no Patos Social Clube. Esteve também no Parque de Exposições, numa rápida visita.

A presença de tantas autoridades ensejou uma boa ocasião para que muitas reivindicações fossem feitas, visando o progresso da cidade e do município. Não faltou aquela conversa ao pé do ouvido, visando o atendimento das necessidades patenses.

Milho no pão de trigo − um tento marcado. Os produtores de milho de Patos de Minas e de cidades vizinhas divulgaram durante a 25.ª Festa Nacional do Milho, uma carta aberta às autoridades governamentais, principalmente ao ministro da Agricultura, Amaury Stábile, em que defendeu a mistura obrigatória da farinha de milho ao pão de trigo, na proporção de até 25%. Segundo eles, essa medida proporcionaria uma economia de cerca de 300 milhões de dólares por ano, ao País, além de enriquecer o pão, em termos nutritivos.

No dia 25 de maio, portanto, dentro da Festa Nacional do Milho, foi inaugurada oficialmente a Creche Rotary Clube, na Rua General Osório, 1.155, com a presença da Primeira Dama do Estado, Risoleta Tolentino Neves. A creche é mantida pela Associação Beneficente “Dr. Paulo Borges”, cujo presidente é o Dr. Waldemar Rocha Filho.

Uma medida eficaz colocada em prática pela Policia Militar, foi o novo esquema de trânsito no acesso e retorno do Parque de Exposições “Sebastião Alves do Nascimento”. Mão única da praça Champagnat em diante e retorno pelo bairro do Rosário. É bem verdade que ainda assim aconteceram acidentes, por imprudência. Não fosse o esquema especial, teria sido pior.

Aliás, o trabalho conjunto das Policias Militar e Civil, foi excelente durante a festa. Tanto no Parque quanto na cidade. Principalmente se levarmos em conta que um evento de tal proporção, como a FENAMILHO, é um verdadeiro chamariz para os larápios.

A escolha do nome do jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, para patrono da 25.ª Festa Nacional do Milho, não agradou a todos, principalmente por causa do título de Cidadão Patense que lhe foi oferecido. Acabou que o homenageado não pôde vir, recebendo o título em seu lugar o irmão Rogério Marinho¹.

Não se pode negar, no entanto, que a divulgação da festa foi intensa através das emissoras da Rede Globo, bem como jornais e outros veículos. Ainda assim, com homenagem e tudo, o Sindicato Rural teve que desembolsar 2 milhões e 600 mil cruzeiros (aliás o dinheiro foi conseguido junto ao comércio) para aquela chamada da cantora Nalva Aguiar, que a gente viu na TV Triângulo.

O Departamento de Relações Públicas esteve ativo, fazendo contatos a nível nacional. Ainda há poucos dias, recebi inúmeros recortes de famosos jornais que deram enfoque à FENAMILHO/83, que me foram enviados pelo publicitário João Batista Oliviéri, do GBP de Brasília.

Este ano, a eleição da Rainha Nacional do Milho foi muito bem organizada, o que não aconteceu em 1982. Foi um dos momentos mais bonitos da festa, quando as ex-rainhas votaram e elegeram Caroline Caixeta de Mendonça, Rainha Nacional do Milho de 1983. Carla Regina Tacchi Amorim, reina como Princesa Nacional do Milho. A apresentação esteve a cargo do colunista do “Estado de Minas”, jornalista Nicolau Neto.

Eis as ex-rainhas que compuseram o júri e os respectivos anos em que foram eleitas: Helena Alves (a primeira Rainha do Milho, 1959); Maria Olívia (1960); Vera Nunes (1961); Ione Hamada (1962); Ana Maria Guimarães (1963); Silésia Maia (1964); Guiomar Nunes (1965); Arminda Alves (1967); Neuza Cruz (1970); Maria Olinda (1971) e Maria de Lourdes Cunha (também 1971, esta da cidade); Sônia Alves (1972); Dagma Peres (1973); Laura Mundim (1974); Dilza Gomes (1975); Regina Abdo (1976, da cidade); Marta Rocha (1977); Laura Queiroz (1978); Mylene Vaz (1979); Oneida Peres (1980); Maria Aparecida Costa (1981) e Denise Braz (1982). As que não vieram, justificaram suas ausências. Foi uma noite de gala. A passarela foi armada na pista do Rodeio “Pedro Maciel Guimarães”, no Parque de Exposições. O numeroso publico acompanhou atento e com aplausos.

No momento, o Sindicato Rural de Patos de Minas organiza o balanço financeiro da 25.ª Fenamilho, enquanto efetua ainda vários pagamentos referentes à despesa com a realização da festa. Alguns dados, eu tenho. Vamos lá.

O leilão de bezerros (5.ª Feira de Bezerros de Minas Gerais − Etapa Patos de Minas), rendeu 3 milhões e 635 mil cruzeiros para o Sindicato Rural e a EMATER, Exposição e Feira de Gado (inscrição, etc.), aluguel de barracas, parque de diversões (este foi 1 milhão e 500 mil cruzeiros) e outros detalhes, ainda estão acertados.

As barracas, diga-se de passagem, tiveram um movimento extraordinário. Sensacional mesmo. Houve barraca que arrecadou bruto algo em torno de 6 milhões de cruzeiros.

O sindicato Rural contou com verbas da Prefeitura Municipal (3 milhões de cruzeiros), Ministério da Agricultura (5 milhões), Associação Comercial e Industrial (1 milhão e 500 mil cruzeiros, que foi para a ornamentação da Rua Major Gote, dinheiro conseguido junto ao comércio e indústrias locais), Secretaria da Agricultura de Minas Gerais (1 milhão), Empresa Gontijo de Transportes Ltda. (1 milhão, para o espetáculo pirotécnico), além de outras verbas.

A portaria do Parque de Exposições “Sebastião Alves do Nascimento”, rendeu aproximadamente 23 milhões e 500 mil cruzeiros. O ingresso foi vendido a 200 cruzeiros e nos últimos dias a 300 cruzeiros. 10% desta renda são destinados ao Dispensário São Vicente de Paulo, entidade responsável pelo trabalho nos portões e bilheterias.

As despesas com a 25.ª Festa Nacional do Milho, até quando eu escrevia esta matéria, já passavam da casa dos 35 milhões de cruzeiros. É uma festa cara, sem dúvida.

Dr. José Ribeiro de Carvalho, presidente do Sindicato Rural de Patos de Minas, informa que o lucro será aplicado em melhoramentos no interior do Parque de Exposições (nova rede de esgoto, sanitários, etc.), principalmente na construção da sede do Sindicato Rural. Para isto, está contando também com ajuda dos associados.

Alguns momentos de destaque, pelo brilho e repercussão que tiveram, da última FENAMILHO: Show Pirotécnico, na Av. Getúlio Vargas, patrocínio da Empresa Gontijo (dia 20); Festival de Pratos Típicos com Milho, promoção Emater e Sindicato Rural, quando houve homenagem aos iniciadores da festa, no Patos Social Clube, dia 21; Quadrangular de Futebol, URT (campeã), Mamoré, Atlético e Cruzeiro, promoção URT, no Mangueirão, dias 21 e 22; Manhã Cívica e Cultural, lançamentos dos livros “Festa do Milho – 25 Anos” (Oliveira Mello) e “Dança do Milho” (Maria Amália Corrêa Gifoni), e uma programação excelente para as crianças, coordenação DEC/FUCAP e 18.ª DRE, na Av. Getúlio Vargas, defronte o Fórum, dia 22; 7.º Encontro Regional da Mulher do Campo, promoção EMATER-MG, no Caiçaras Country Clube, dia 25; Dia de Campo, tema: Cultura do Milho, na Fazenda Sapes, dia 26; Exposição de Artes Plásticas, no saguão da Prefeitura Municipal, aberta dia 26; Eleição e coroação da Rainha Nacional do Milho de 1983 (Caroline Caixeta de Mendonça) e homenagem às ex-rainhas, no Parque de Exposições, dia 28; Desfile Alegórico, na Av. Getúlio Vargas, dia 29; Assinatura de importante contrato para obras de ampliação da rede de abastecimento da COPASA, (acabando com o problema do Limoeiro), durante almoço no Patos Social Clube, na presença do governador Tancredo Neves, dia 29; Shows de encerramento com Jair Rodrigues Luiz Gonzaga, no Parque, no mesmo dia. Show Folclórico, Rio Grande do Sul, com o Centro de Tradições Gaúchas “Galpão Amigos” e Feira de Arte e Artesanato, também não podem ser esquecidos. O primeiro no Parque de Exposições, dia 21, e a Feira na Av. Getúlio Vargas, durante a festa.

Logicamente, há correções a serem feitas para o próximo ano, para que a FENAMILHO seja melhor ainda: tem que haver um controle (tabela) de preços nas barracas do Parque de Exposições. Os preços ali sobem exorbitantemente, na medida em que a festa cresce em movimentação. É uma providência que o Sindicato Rural deve tomar.

O Desfile Alegórico, acabou não saindo como se queria. Foi longo, cheio de evoluções, alguns colégios mais objetivos outros não, e ainda ficou fora do horário, devido ao atraso do Governador e sua comitiva.

A propósito, o desfile precisa ser organizado. Os colégios se preparam o ano inteiro e, no dia, são obrigados a correrem na avenida para que a agenda das autoridades não seja prejudicada. Tem que ser encontrada uma solução. Este ano, quando chegou a vez dos bonitos carros alegóricos, metade do povo já havia ido embora. Na minha opinião, não se pode condicionar o início do desfile à presença das autoridades no palanque. O desfile não pode ser prejudicado e, por outro lado, as autoridades demorando no palanque significa menos tempo para reivindicações em favor da cidade.

Fora isso e se continuar contando com a participação de toda a comunidade patense, a Festa Nacional do Milho continuará crescendo e fazendo de Patos de Minas uma cidade conhecida e admirada em todo o país. Afinal, não é qualquer cidade que pode se dar ao luxo de ter uma grande festa em todos os anos.

E que as pessoas pensem em coisas novas para a próxima FENAMILHO. O Sindicato Rural está à espera de sugestões que visem melhorar a grande festa patense. É importante a participação de todos no sentido de se fazer melhor a Festa Nacional do Milho.

Finalmente, é pensamento do Sindicato Rural estabelecer um calendário anual de atrações para o Parque de Exposições “Sebastião Alves do Nascimento”, para que o local, equipado como está, não fique destinado apenas à Fenamilho. É uma ótima, essa: seria uma grande opção para os patenses, além de se constituir numa atração turística para os visitantes. Bola prá frente. Já falamos nisso antes.

* 1: Leia “Quando Roberto Marinho Recebeu o Título de Cidadão Patense”. Foi o único título de Cidadão Patense concedido em 1983. Pode haver má interpretação na frase “Acabou que o homenageado não pôde vir, recebendo o título em seu lugar o irmão Rogério Marinho”. Dá a impressão de que pelo fato de Roberto Marinho não ter vindo, o irmão Rogério é que ficou com o título. Ao invés de “recebendo o título em seu lugar”, o correto seria “recebendo o título em seu nome”.

* Fonte: Texto de José Afonso, publicado na coluna “Comunicando − Especial FENAMILHO/83” no número 70 de 15 de junho de 1983 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Cartaz oficial da 25.º Festa Nacional do Milho, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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