O cidadão Evaristo Alves Ribeiro foi proprietário de uma das mais emblemáticas casas de carnes de Patos de Minas, o Açougue do Gorila, que funcionou na Rua Padre Caldeira entre as praças Desembargador Frederico e do Mercado de 1965 a 1985. Gorila também foi jogador de futebol da URT desde os dez anos de idade, camisa que vestiu com muito orgulho até 1962, durante os áureos tempos do futebol patense.
São inúmeras as lembranças de seus tempos de jogador que ele guarda na mente com muito prazer e saudade. Numa delas, partiram num sábado para jogar com um time de Araguari no outro dia. À noite, numa pensão, estavam jantando quando ele avistou um cachorrinho deitado ao lado da porta de entrada. Resolveu então brincar com o animalzinho. Levantou-se e foi lá estalando os dedos e dizendo:
– Totó, Totó, Totó…
O danadinho, muito do esperto e já imaginando ganhar um pedaço de carne, rolou para um lado, pro outro e não parava de balançar o rabo. E o Gorila estalando os dedos e dizendo:
– Totó, Totó, Totó…
Era tão engraçadinho o cão que o Gorila resolveu ir à mesa pegar um pedaço de carne para fazer-lhe um agrado. Foi quando reparou no caixa a cara de poucos amigos do proprietário da pensão. Será que ele não estava gostando daquela brincadeira na porta de seu restaurante? Gorila deu de ombros, pegou a carne e foi levá-la ao cãozinho. E novamente se deparou com a cara brava do proprietário. E o Gorila estalando os dedos e dizendo:
– Toma Totó, come esta carninha Totó…
Feita a vontade do cachorrinho, a turma se levantou para pagar a conta. A garçonete somou o que deveria ser pago e foi levar ao caixa. Em chegando a manceba entregou a conta dizendo:
– Seu Totó, cobra ai duzentos cruzeiros.
O senhor Totó procurou com os olhos o Gorila, mas cadê o homem, já estava em seu quarto.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann baseado em narrativa de Evaristo Alves Ribeiro.
* Foto: Piccolecucce.it.