O rio sereno acompanha a amplidão,
de um azul claro cremoso infinito.
Um verde enraizado no sertão,
forma com as águas um aparente quadro bonito.
A menina ampara cinco balões na mão,
como que seguindo um rito.
No seu olhar transparece a solidão,
e a vontade de soltar um grito.
Seus olhos buscam a vastidão,
e depois o céu de nitrito.
Sente o cheiro de dedetização,
na atmosfera de hipossulfito.
Aves voam com lentidão,
ao longe um tatu em conflito.
A terra com jeito de consternação,
a água com um odor indescrito.
Seus olhos se fecham em comiseração,
seu rosto totalmente contrito.
Domina-lhe uma tensa comoção,
na mente um pensar restrito.
Caminhando à beira do barranco ela espreita com atenção,
e um sorriso amargo arquiteta o seu dito.
Infla o peito com emoção,
e declara ao mundo: a Natureza já é um mito!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: “Menina com Balões”, de Download.pconverter.com.