Lá pelos idos de 1960, o José Marques arranjou uma namorada na Vila Garcia. Numa noite sem lua, o rapagote cismou de fazer uma serenata para a sua Dulcinéia, sozinho; arranjou uma vitrola dessas de manivela, um soberbo disco (Saudades do Matão) e à meia noite dirige-se à casa da moça.
O jovem seresteiro não sabia certo em que banda da casa era o quarto de sua amada. Contudo, não se apertou. Colocou o disco na vitrola, ajeitou a agulha, girou a manivela, pôs o aparelho na cabeça e resolveu inteligentemente andar com a vitrola tocando em torno da casa. Deu alguns passos e bumba: sumiu-se na cisterna do quintal com vitrola e tudo! Mesmo assim o aparelho continuou funcionando dentro d’água, fazendo borbolhas, gargarejando, e o José Marques fazendo um berreiro do outro mundo. A família da moça acordou sobressaltada e foi socorrer o romântico Romeu.
Dizem que a menina dele, a meiguice em pessoa, perguntou-lhe carinhosamente:
– É você José? O que você está fazendo aí dentro?
– Passeando – rugiu ele. Saiu então de dentro da cisterna muito desapontado e devolveu ao dono da casa uma perereca que havia entrado no bolso da calça.
* Fonte: Edição de janeiro de 1977 do Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Cantinhodatiaval.blogspot.com.