Conta-se que, certa vez, um burro “empacou” defronte à garagem da Gontijo. Não houve espora e nem chicote que o fizesse mover-se.
Depois de algum tempo, um dos motoristas da Empresa que acabava de chegar de viagem, disse ao cavaleiro: – “Deixa comigo”. Chegou perto do burro e cochichou-lhe alguma coisa ao ouvido. O burro deu uma gargalhada. O motorista tornou a cochilar com o burro e este chorou “pra burro”. Pela 3.ª vez o motorista cochichou com o burro e este “se mandou” em desabalada carreira.
O Abilinho, que se encontrava por perto observando aquela cena inédita, perguntou ao motorista o que havia dito ao burro. O motorista gaguejou um pouco mas, como o Abilinho insistisse, ele contou:
– Da 1.ª vez eu disse ao burro que trabalhava aqui, e que viajava quase dia e noite e só ganhava Cr$ 1.500,00. O burro me chamou de “besta” e riu de mim. Da 2.ª vez eu disse ao burro que tinha esposa e 6 filhos para sustentar. Ele chorou de dó de mim. Da 3.ª vez eu disse a ele que, se teimasse em ficar empacado aqui na porta da garagem, a Empresa acabaria convocando-o para trabalhar de motorista. O burro me disse apenas: – “Cê é besta, siô!” E saiu em disparada…
* Fonte: Texto publicado na edição de 18 de janeiro de 1979 do Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Diariodopoder.com.br.