CINCO GÍRIAS QUE COMPLICARAM O LUSITANO

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Além do sotaque, é sabido por muitos que o português falado aqui no Brasil se distanciou deveras do português falado em Portugal, por contingências que não interessam no momento. Além, tal lá como cá, as gírias são constantes. E quando as gírias de lá visitam os ouvidos daqui, é confusão na certa. Foi o que aconteceu com o jovem Joaquim, colega do patense Euzébio na Universidade de Lisboa. Em férias, hospedado na casa dos pais do amigo, no Bairro Alto dos Caiçaras, resolveu dar um giro pelo Centro da Cidade para sentir o clima. Preferiu ir sozinho, para que o clima fosse mais interessante.

Foi numa manhã de 24 de dezembro, um vai-e-vem frenético, e o lusitano zanzando pela Rua Major Gote. Nessa, resolveu comprar um presente para a mãe do amigo. E nessa, ele começou a se encrencar. Chegou para a atendente que estava com um objeto na mão e perguntou:

Rapariga, quanto custa essa boceta?

Evidente que houve confusão, mas o Joaquim, com o característico sotaque, foi perspicaz nos esclarecimentos. Continuando na caminhada, na esquina com a Olegário Maciel, perguntou a um policial:

– Onde consigo um delicioso cacete e uma boa punheta?

Desta vez foi difícil, mas o Joaquim novamente conseguiu com as devidas explicações se safar. Enquanto isso, o Euzébio, preocupado, resolveu ir atrás do amigo. Encontrou-o perto da Praça Antônio Dias. Foi então que a coisa azedou de vez. Lembrando que o colega havia lhe contado sobre a megasena, o luso resolveu fazer uma fezinha. Chegando à lotérica, soltou essa:

– Vou entrar naquela bicha ali.

Dessa vez não teve jeito, pois alguém se sentiu ofendido, aprontou um escarcéu tremendo e o Joaquim foi parar na Delegacia acusado de Homofobia. A sorte do português é que o pai do Euzébio é advogado. Depois de tudo muito bem explicado, o Joaquim, que ficou uma semana na Cidade, só abriu a boca onde estava hospedado.

DICIONÁRIO

Bicha − fila.
Boceta − pequena caixa redonda ou oval para guardar objetos pessoais.
Cacete − pão.
Punheta − prato à base de bacalhau.
Rapariga − moça.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.

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