Não admirem, caros leitores de fallar sobre um dos divertimentos publicos desta terra. O jardim¹ é um dos ornamentos que compõem esta bela cidade, entretanto vive completamente isolado, sendo visitado varias vezes á noite por alguns bezerros ou cabritos que necessitam saciar a fome.
Em muitos logares, o jardim é um dos melhores pontos de reunião aos domingos. Do coreto surgem maviosos sons de uma musica executada perfeita e maravilhosamente; aqui um grupo de rapazes que são insanos admiradores das moças; alli o bello sexo formado por lindas senhorinhas que palestram nalgum janota; lá um bando de creanças que com seus espiritos innocentes brincam alegremente; acolá uma reunião de senhores e senhoras que falam dos acontecimentos do dia e da vida alheia.
Emfim tudo isso embellesa um jardim, que com seus canteiros cobertos de espessas gramineas e olentes flores, parece offerecer a seus apreciadores, a sua bella côr de verde matiz. O mesmo não acontece aqui. O jardim em vez de flores, que são o symbolo da mulher, está coberto de denso capim bravio. Precisamos ver se podemos metamorphosear esta envernada, num jardim publico.
* 1: Leia “Sobre o 1.º Coreto e o Jardim Público” e “Inaugurado o 1.º Coreto”.
* Fonte: Texto assinado por “Linguarudo” e publicado com o título “Jardim” na edição de 10 de janeiro de 1915 do jornal O Grito, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: O “jardim” em 1916, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 18/04/2013 com o título “Coreto de 1916”.