TOCA AQUELA, TEBINHA!

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TEXTO: LUIZ CARLOS BAETA NEVES (2015)

Raimundinho do Teba ou Tebinha simplesmente. Riso fácil atestado por quem conviveu ou ainda convive com ele. Histórias e “causos”. A memória viva da cidade em se tratando de acontecimentos que mesmo trágicos se tornam hilários na sua bem-humorada descrição.

Um dom natural para dedilhar o violão. Daqueles que acompanham até enterro. “Toca aquela, Tebinha!” É só pedir e ele procura o tom. Tom Jobim, Tom e Jerry, Tom Cavalcanti? Brinca com o parceiro.

Qual é a música e qual é o seu tom? Tebinha vai acompanhar desde imemoráveis sambas-canções até a moderníssima bossa nova. Nunca foi muito chegado à música sem qualidade melódica. Usam e abusam da sua boa vontade nas festas e rodas de violão, onde ele está presente com sua infinita paciência e seus bordões prontos para afastar delicadamente os inconvenientes e bêbados do “Toca aquela” que às vezes irritam os músicos por mais “tebinhas” que sejam.

Dedos leves e ágeis percorrendo o braço do violão e impagável ao contar piadas que viram histórias quase críveis na sua voz rouca.

Patos de Minas dos anos 60 e 70 era uma Diamantina de seresteiros. Não sei quantas vezes grupos de rapazes com seus violões e vozes afinados ou não, cruzavam as ruas bem traçadas da cidade para, na madrugada, debaixo ou em frente às janelas, embalarem o sono das sempre belas moças “dos Patos”, que, por trás das finas cortinas de seus quartos ou salas, sinalizavam discretamente estar atentas e lisonjeadas com a homenagem.

Serenata com o Tebinha e Tio Ray era um luxo que nem todas podiam se dar. As escolhidas certamente comentavam nas rodas do recreio da Escola Normal o privilégio de receber esse precioso mimo.

Enfim, estávamos no dia do aniversário de Tia Amália; como rende essa festa, tia! Tebinha e eu, lado a lado, não recordando, mas revivendo o momento mágico de cantarmos juntos Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran, Chico Buarque, Beatles e até, por que não, o Rei Roberto Carlos.

Resumindo a ópera, Luiz Clementino, fotógrafo de obras de arte, clicou mais um momento mágico para arquivar na memória e reviver quando e o quanto eu quiser, sem nostalgia, mas como se acabasse de acontecer. Saravá, Tebinha, amigo de fé, irmão camarada e ídolo inconteste dos patenses e paturebas.

* Fonte e foto: Texto (03/07/2015) publicado na edição de 12 de outubro de 2019 do jornal Folha Patense.

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