PIONEIROS DA SAÚDE

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Nos primórdios de Patos de Minas, afora os boticários Aurélio Theodoro de Mendonça e o Major Jerônimo Dias Maciel, não havia outros entendidos para a cura dos doentes.

O povo ficava entre os boticários e os raizeiros, mandingueiros e outros. Mais para os últimos do que para os primeiros.

As raízes e folhas operavam milagres. Japecanga, cabo-verde, cravinho, labaça, mata-e-cura, velame, prá-tudo, erva de lagarto, chás de congonha (bate-caixa), quebra-pedra, folha de abacate, entre outras espécies da flora, eram prescrições mais comuns.

Caso contrário, o jeito era confiar nas benzeduras: para dor de dente, para ventre virado, para mau olhado, para quebranto, para cair bernes e outros bichos, contra mordida de cobra, contra dentada de cachorro doido, espinhela caída, carnes quebradas e outras situações que acometiam a saúde dos habitantes.

De 1886 a 1889 a população teve a seu dispor a assistência do Dr. Antônio Zacarias Álvares da Silva¹, formado no Rio de Janeiro e especializado na Europa.

A Câmara chegou a aprovar a contratação de um médico mediante a remuneração anual de cinco contos de réis, moradia, condução e certa quantia para viagem.

Um certo Dr. Luiz Duarte deu a dica para seu colega Dr. Antônio Martins de Azevedo Pimentel, que pleiteou o lugar. Em sessão da Câmara, de 23 de setembro de 1899, o plenário tomou conhecimento da proposta do Dr. Azevedo Pimentel, não vendo possibilidade de aceitá-la, por “já se ter falado” com o Dr. Peixoto.

De fato, o Dr. Guilherme Peixoto, do Rio de Janeiro, chegou a clinicar em Patos por pouco tempo. Veio sozinho e logo se transferiu para Lagoa Formosa.

Sem a determinação do tempo de permanência na cidade, clinicaram aqui o Dr. Josias Victor Rodrigues, de Paracatu, e Dr. Pedrosa, sem maiores referências. Quando a população ficava sem médico, servia-se dos trabalhos do Dr. Antônio Alves, de Carmo do Paranaíba, que, de 15 em 15 dias, instalava seu consultório aqui.

Suprimindo a inconstância de médicos, chegou o Dr. Euphrasio José Rodrigues, baiano, de Salvador. Farmacêutico, depois, com grande sacrifício, dada sua condição humilde, graduou-se em medicina. Euphrasio José Rodrigues nasceu em 1874 e faleceu em Patos de Minas em 12 de fevereiro de 1957, entregando toda uma vida profissional aos patenses, em viagens constantes de assistência, em seu consultório², ou no hospital regional, no qual clinicou desde sua inauguração.

Em abril de 1906 chegava a Patos o Dr. Laudelino Gomes da Silva, goiano, que estava clinicando em Paracatu há oito meses. Tão logo se estabeleceu publicou anúncio de seu consultório, como ex-interno dos professores Barão de Pedro Afonso, Moura Brasil, Barata Ribeiro, Pereira da Cunha, Leal Júnior, Augusto Brandão, Lima Castro, Miguel Couto, Benício de Abreu e Rocha Faria; ex-interno do Hospital Central do Exército, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, do Hospital São Sebastião, de Paula Cândido, e do Grêmio dos internos dos Hospitais do Rio de Janeiro.

Seu consultório foi montado na Farmácia Agenor, de Agenor Dias Maciel, e dava consultas grátis, aos pobres, diariamente, de 8 às 9 da manhã. Casado, com a filha do Coronel Arthur Thomaz de Magalhães (proprietário do Cine Magalhães³), passou a residir no Largo do Rosário, e atendia a qualquer hora, às solicitações dos pobres, o que lhe granjeou a adoração popular. Foi muita sentida, anos depois, sua mudança para Franca, em São Paulo. Seus últimos anos, passou-os em Belo Horizonte, com Policlínica, instalada em 1926, à Av. do Contorno, nº 1528.

Não poderíamos esquecer os nomes do farmacêutico Dr. Agenor Dias Maciel, e o prático Paulo Gomes. O último, dedicado à profissão, atendia semanalmente centenas de pacientes e suas prescrições mereciam a mais absoluta confiança.

Em 1913, formado no Rio de Janeiro, começa sua clínica o Dr. Adélio Dias Maciel. Em 1914, outro filho de Patos, o Dr. João Borges, cola grau em medicina, passando a clinicar em sua terra.

Em 1915, o Dr. Adélio instala na farmácia do primo Agenor um Laboratório de Análises Clínicas com “aparelhos dos mais aperfeiçoados para todo e qualquer tipo de exame”. Foi um grande avanço para a cidade que contribuiu em muito para propiciar a criação do primeiro hospital de Patos.

* 1: Além da Medicina, o Dr. Antônio Zacarias teve participação numa empresa produtora de ferro. Leia “Fábrica de Ferro do Areado”.

* 2: Veja também a casa onde morou e funcionou o consultório do Dr. Euphrasio em “Rua Olegário Maciel em 1940”.

* 3: Leia “Cine Magalhães”.

* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca e Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.

* Foto: Pt.dreamstime.com.

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