O engenheiro Antônio Castilho elaborou o documento “Memória Histórica Sobre o Reconhecimento da Estrada de Ferro da Vila de Santo Antônio dos Patos ao Vale do Paracatu”, concluído em agosto de 1891. Em suas andanças pela região, comentou sobre a produção de vinho. Eis o que ele registrou:
Em poucos lugares a cultura da vinha adapta-se tão bem e a uva é tão saborosa. De todos os vinhos fabricados em Minas Gerais, os de Patos são incontestavelmente os melhores. Podem sofrer confronto com os melhores vinhos franceses e portugueses. O Barão de Araguari (Antônio Dias Maciel) já fabricava anualmente 50 pipas de vinho de diversas variedades. Segundo informa esse inteligente fazendeiro, as encomendas excedem, ainda de muito a produção anual. O pipote dos vinhos por ele fabricados custa ali o elevado preço de 50 mil réis.
Newton Ferreira da Silva Maciel faz o seguinte relato a respeito de seu tio-avô, Amadeus Dias Maciel:
Quando menino, lá pelos idos de 1940, ajudava meu tio-avô, Amadeu Dias Maciel, filho de Antônio Dias Maciel, a trocar de garrafas o vinho fabricado na mencionada fazenda. A data de fabricação era 1881, vejam só! Todos os cuidados eram tomados para não estragar o vinho de época tão remota. A renovação da embalagem do vinho tão antigo era necessária porque era desconhecida a técnica de conservação desta bebida. Anos depois aprendi que o vinho deveria ser guardado com as garrafas em posição horizontal e não vertical. Hoje, ainda tenho três destas garrafas, como a conservar o rótulo simples, porém histórico, pois a bebida, infelizmente, já se deteriorou totalmente.
Atestando a importância dos vinhos fabricados em Patos de Minas naquela época, a Lei n.º 42, de 14 de fevereiro de 1900, autoriza o presidente da Câmara e chefe do Executivo (Jerônimo Dias Maciel, irmão de Antônio) a despender a quantia necessária para introdução de sementes de trigo e “bacilos de videiras modernas” no Município¹.
Sobre esta fazenda de Antônio Dias Maciel, Newton Maciel diz o seguinte:
Adquiriu 1500 alqueires de terra de cultura a duas e meia léguas do arraial (Fazenda da Cascata). Aos desatualizados adianto que um alqueire mineiro é equivalente a 3,84 hectares. Um hectare é composto de 10.000 m², ou seja, o equivalente a um campo de futebol. Quanto à distância da fazenda de Antônio Dias ao arraial, duas e meia léguas, recordo que uma légua significa seis quilômetros. Suas atividades principais, como usual, foram pecuária e lavoura, cultivando ainda, várias frutas, inclusive uvas que permitiram a fabricação do “vinho da Cascata”.
* 1: Leia “Questão da Viticultura, A”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Domínios de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.
* Foto (Eitel Teixeira Dannemann): Duas das garrafas citadas e do rótulo de uma delas, hoje patrimônio histórico de Newton Ferreira da Silva Maciel.