NA PRIMAVERA DA INDÚSTRIA BRAZILEIRA

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INDUSTRIA BRAZILEIRAA década de 1980, considerada a era de ouro do pop rock nacional rendeu muitos frutos na cena musical de Patos de Minas. Embebecidos pelos hits do Barão Vermelho, Lobão, Kid Abelha, Ira, Camisa de Vênus e outros ícones daquela safra de novos ídolos da música tupiniquim, diversos grupos formados por adolescentes nasceram como capim em solo fértil. Uma destas bandas era a Indústria Brazileira. Composta pelo vocalista Arilson Fonseca(vocais); Willian Siqueira (bateria); Leo Pinheiro (guitarras e violões) e Guilherme Romão (contrabaixo) a Indústria Brazileira (na ocasião se chamava Duas Tribos) mostrava a cara embalada pela onda protestante do grupo brasiliense Legião Urbana. A inspiração no rock melódico, de fácil interpretação e nas letras carregadas de protestos de Renato Russo moldou a biografia dos meninos da Indústria Brazileira.

Entre idas e vindas, a banda contou com diversas formações sempre com agenda apertada, numa época em que os bares da capital do milho começavam a apostar na música ao vivo para atrair clientela. Os cachês dos shows eram quase insignificantes, mas tocar e ter o reconhecimento da plateia efervescida pelos timbres de guitarra era o melhor pagamento para aqueles jovens que tinham na música uma fonte de diversão e no piso de cimento dos botecos o único palco disponível para mostrar talento. A crueldade do tempo e as responsabilidades da vida obrigaram o esfacelamento da banda, que acabou em 1991. Cada músico foi procurar seu caminho do sol. A maioria constituiu família longe dos tablados e da música. Em 2007, dezesseis anos depois, a Indústria Brazileira voltava com força e com a formação original. Começava naquele momento o piloto para gravação do primeiro CD autoral do grupo.

Neste sábado (26 de janeiro), a banda se apresenta no Teatro Municipal Leão de Formosa, em Patos de Minas, mostrando aos fãs as músicas do CD NA PRIMAVERA, resultado do longo exílio dos palcos. O disco é tudo aquilo que se esperava desta primeira prensagem fonográfica da Indústria Brazileira. Um CD muito bem feito, com projeto gráfico relevante e que traz 12 faixas. A arte da contracapa não identifica os compositores de cada música, o que leva a crer que tudo foi feito em conjunto com a colaboração de cada integrante da banda. A musica intitulada O PROJETO chama a atenção: “O projeto foi feito tudo está perfeito… A Indústria vai crescer, você vai ver… A indústria vai subir, você vai vir…”, diz a letra da canção. Seria a música composta especificamente para alguém ? Bom, se depender da confissão dos integrantes da banda, esta incerteza permanecerá.

É quase certo que O RECOMEÇO será a música que cairá no gosto dos fãs da banda. Uma balada melódico-romântica ao estilo Renato Russo. Bem a cara do Indústria Brazileira. No CD também é possível ouvir um blues. Alias, o BLUES DO CAMARADA, um música que é quase uma “deduragem” sobre uma estória de um ex-integrante do Indústria.

A canção PROCESSO CIVIL esbugalha de forma convincente a fonte na qual os integrantes do Indústria mataram a sede no inicio de carreira. Ao estilo Legião Urbana, a letra curta e politizada satiriza e expõem – na versão dos compositores – o falho funcionamento do poder judiciário do País. O show deste sábado promete mostrar uma Indústria Brazileira mais maturada. Os rapazes que na década de 1980 desnutriam de rígidos compromissos suas apresentações agora estão mais dedicados, profissionais e maduros. O espetáculo (de sessão única) tem início ás 21h00min no teatro municipal sem cobrança de ingressos. Se por um lado a economia do Brasil não anda lá essas coisas, a Indústria Brazileira vai muito bem, obrigado…

* Fonte: Texto de Bonna Morais publicado na edição de 24 de janeiro de 2015 do jornal Folha Patense.

* Foto: Helenilton Pinheiro.

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