BOCHECHA E O WHISKRITÓRIO

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GALODepois que o Pedrão fechou o Bar Brasil, ali na Rua Dona Luiza em frente à REDIL e ao lado da MORARTE dos nossos amigos Ivo e Sílvia, aonde eu ia invariavelmente todos os dias comer duas ou quatro “pelotinhas” (o português correto é almôndegas pequenas), eu realmente fiquei meio perdido. Pensei até em parar de freqüentar botecos e mudar o curso da minha vida, pós-horário comercial, mas que nada! O sangue já estava contaminado e o prazeroso hábito de botecar estava há muito arraigado. E por que não cultivar este hábito? Se o dia terminou e você cumpriu com suas obrigações comerciais, e este ato não interferirá no ambiente e nem na paz de seu lar (leia-se a patroa não briga por causa disto), você pratica à vista ou num fiado controlado, não existem contra-indicações. Aliás, não existe melhor e mais barato lugar do que um boteco para fechar o dia, contar algum caso acontecido ou escutar alguma mentira e vice-versa. Sem falar em algumas pessoas interessantes, às vezes engraçadas ou às vezes com tiradas inteligentes que nos aliviarão a mente, juntamente com o álcool ingerido e o tira-gosto de acompanhamento. Ali no Whiskritório eu encontro isto tudo, às vezes em menor ou maior quantidade, naturalmente. Alguns amigos antigos ali freqüentam, como o Lauro GGV, o Marival que foi colega meu de Tiro de Guerra e hoje é genro do Naur (vantajão!), o Ricardo Scotton que também é meu cliente, ficando só nestes três, e as novas amizades que ali começamos a cultivar, como o Quidin, o Rogério “Muchiba” Seibt, o Wilson “Zidane”, o Fabinho, o Pôita, o Otaviano “Scotton”, a Adir e outros tantos que não nos cabe aqui nomear nem enumerar. Mas naturalmente que o dono do comércio é um dos que mais converso por vários motivos, e às vezes trocamos até informações pessoais, naquela cumplicidade de amigos. E o que mais me chama atenção no Zé Maria (Bochecha), além da quantidade de apelidos (Jatobá, Capitão de Folia, Kinder Ovo, etc…) é o tanto que este meu amigo trabalha. O cara de manhã faz botinas em casa, e quando começa a tarde vai para o boteco iniciar seus trabalhos, que normalmente não terminam antes das 22:00h e que às vezes vão até no início da madrugada. Certo dia ele me reclamava:

– Marcelo, já não estou agüentando o batidão, já passei da casa dos 50 anos. De ontem para hoje eu fui fechar aqui às 02:00h da manhã. Tava a turma do Tilú aqui e eles não iam embora nem que se passasse uma vaca tossindo. E por mais que eu pedisse a turma ria e jurava que era a saideira.

Com alguma compaixão do meu interlocutor, porque aguentar bêbado até no cu da madrugada nem minha sogra merece, sugeri ao Kinder (fica bem este apelido, não?) fazer que nem na Inglaterra: lá, todo barzinho tem um sino e ele toca primeiramente às 23:30h, já avisando pra quem quiser tomar a “saideira” porque às 24:00h o expediente do mesmo fecha. Falei com ele que poderia tocar o sino às 21:30h e fechar às 22:00h, é só habituar a sua exigente e qualificada clientela. Ele achou a idéia interessante, mas não agiu ainda neste sentido. Ai dei outra solução, menos problemática e fui falando num português compreensível:

– Zé Maria, por que você não fecha aos domingos assim pelo menos você tem um dia por semana pra descansar?

Ele olhou bem pra mim e disse:

– E ficar olhando pra Dirce (esposa do nosso herói) o dia inteiro? Você tá doido? Nóis acaba avançando um no outro!

(Bem que tentei ajudar!)

* Fonte: Crônicas de Família, Amigos e Agregados (Por Favor: Não me Deixem Rir Sozinho), de M. Debrot.

* Foto: Galoforever.com.

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