Quando a Teresa mostrou o resultado ao maridão foi uma explosão de alegria: enfim, depois de cinco anos de casados, Augusto vai ser papai. O casal não perdeu tempo para convidar os mais chegados para uns comes e bebes na confortável residência no Alto dos Caiçaras. E, pelo andar da carruagem, os amigos eram mesmo chegados:
– E aí, Augusto, como você deu conta?
– Ô Teresa, confessa, é do Augusto mesmo?
– Gente, respeita, o melhor mesmo é fazer o teste de DNA.
E assim, a cada mês aconteceu uns comes e bebes na residência da dupla Auteres, como o casal é conhecido entre os amigos, até que se completaram os noves meses e o Augustinho veio ao mundo. Aliás, não foram completados os noves meses, e sim o neném nasceu de cesariana três dias antes do previsto, sendo necessário que esposa e filho ficassem de observação na maternidade.
Certo momento, Augusto estava admirando o rebento no berçário através do vidro quando se aproximou um conhecido:
– Uai, Augusto, encarando os bebês… peraí… será que você…
– É isso aí, amigo, sou o novo papai da cidade.
– Trem mais bão do mundo sô, eis que temos um novo torcedor da URT na praça.
– Com certeza, e lá está ele, é o do primeiro berço.
– Nossa, até o cobertorzinho é azul e, nusga, é a sua cara, Augusto.
– Como você sabe que é a minha cara se ele está de bruços?
Depois dessa o conhecido rodou os calcanhares e se mandou deixando o Augusto questionando sobre as aparências.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.