PROFESSOR ANTÔNIO E AS DOSES DE CONHAQUE

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AEm 2005, eu e o professor Antônio, o Pão, criamos o hábito de depois das peladas de basquete, no domingo, tomar umas cervejas no Bar do Tote, no Caiçaras, sempre com um tira-gosto e o acompanhamento de uma cachacinha (já li, não sei aonde, que uma cachacinha por dia faz bem até pra pele, vocês podem imaginar umas quatro ou cinco, não é, Pão?). Este ritual se repetia todo domingo: acabavam as “peladas” ou dávamos-nos por cansados e já pedíamos nossa “parafernália”. Foram várias e várias vezes este delicioso ritual, às vezes acompanhados de um ou outro amigo, mas na maioria das vezes só nós dois mesmo.

Certo domingo, depois das “peladas normais”, partimos para o nosso “aparato alcoólico-comestível” e como fazia muito frio, lá no clube, me ocorreu uma ideia:

– Pão, tá fazendo muito frio e eu acho que um Conhaque com limão desceria melhor, o que é que você acha, já tomou alguma vez?

E o nosso professor disse que não, mas que se eu quisesse era para eu pedir que ele tomaria comigo. Aí pedi ao Tote dois conhaques Presidente (vou citar o “produto” porque às vezes ganhamos um patrocínio na próxima pedida) e eu mesmo espremi meio limão em cada copo, e entreguei um ao irmão do Zelão “Bundão”. O referido levou o copo à boca, deu uma tragada e me olhou com a cara de uma criança que havia acabado de ganhar um presente de surpresa:

– Mas é muito bom mesmo, Tel! (Para o mais desavisados, Tel é o meu apelido de criança e alguns amigos mais chegados e mais antigos assim me tratam)

Também tomei o meu, “agredimos” o tira-gosto e o papo “borrachinha” rolava solto. O meu conhaque acabou, o do Seu Antônio também e eu propus:

– Vamos tomar outra, Sogro? (Comecei a chamar o Pão de Sogro quando a Fernanda, sua filha mais velha, nasceu há mais de 30 anos! Na verdade era só pra encher o saco do dito, porque nem três beijinhos eu já ganhei dela, até os dias de hoje)

E o “Inocente” concordou e eu pedi ao Tote que providenciasse duas novas “passagens”. Vieram as “benditas” e as mesmas novamente foram, desta vez com um pouco mais de morosidade. Foi então que a conversa fluiu mesmo, dois conhaques já dá pra soltar a língua e ríamos até. E como as duas primeiras doses, as segundas também acabaram e eu queria tomar a terceira e olhei pro Pão. Como ele não tinha hábito de beber conhaque não sei se seria conveniente, mas ele estava firme, não havia aparentemente ingerido álcool algum e propus uma terceira e última “consequência” para irmos almoçar, no que ele concordou sem pestanejar.

E o “manobrista” de boteco trouxe a terceira rodada da bebida. Foi o Pão colocar o copo na boca e começar a ratear! Foi aí que me lembrei que Conhaque é uma bebida bem traiçoeira. Você bebe achando que está tudo sobre controle e de repente, de uma vez ele mostra que você está errado! E quando ele te mostra isto você já está bêbado, sem nem perceber. É quase como uma porrada na cara, de surpresa! Aí foi que me preocupei mesmo, porque depois vão falar que sou eu o culpado do Pão ficar tonto. E o tanto que ele ria? Quem acha que rico ri à toa é porque ainda não viu o Pão depois de três doses de conhaque! Ele franze tanto o rosto e aperta tanto os olhos que fica parecendo parente do Tanaka do Manezinho.

Acabamos de virar os copos, pagamos a conta e seguimos para casa, o Pão de moto a 20 km/h e eu coladinho atrás, com a consciência mais pesada do que o Pedrão do Mexidão. A impressão que me ficou é que ela, a de duas rodas, já estava acostumada com esta situação e tem piloto automático, e finalmente conseguimos chegar a sua casa.

E a situação me provou que a gente tem um senso de sobrevivência grande mesmo, foi ele encostar a moto e ficar tonto de custar a falar. Bati o interfone e a patroa, a dele, naturalmente, atendeu:

– Quem é?

E eu tentando imitar a voz do meu ex-técnico:

– É o Pão!

E ela já abrindo o portão:

– Mas você perdeu a chave de novo, Antônio?

A sorte minha é que a Beré nem apareceu na porta para conferir, e eu saí mais rápido do que o Senna dos boxes. Eu e meu remorso! Mais, nem meia!

* Fonte: Crônicas de Família, Amigos e Agregados (Por Favor: Não me Deixem Rir Sozinho), de M. Debrot.

* Foto: Milmilhoes.wordpress.com.

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