Filho de Moisés José da Silva e de D. Ana Teixeira da Silva, nasceu em Carmo do Paranaíba, em 18 de janeiro de 1930. Cursou a escola apenas até o 3.º ano primário, lá mesmo, em Carmo do Paranaíba. É casado desde 1952, com D. Helena Latalisa Silva e teve sete filhos, dos quais sobrevivem quatro: Epitácio Eli Teixeira, casado com Sandra Bicalho Teixeira; Ester Eunice Teixeira, estudante de Assistência Social; Marise Teixeira da Silva e José Carlos Teixeira, todos solteiros. Tem dois netinhos.

Por que o apelido?

Só recentemente, vim a saber através de meu irmão mais velho, que foi quem me apelidou, quando eu tinha pouco mais de um ano, que o fez porque naquela época passou por Carmo do Paranaíba o tradicional Circo Teatro Bibi e algumas de minhas peraltices fizeram com que ele me identificasse com o famoso palhaço e proprietário do circo. Há poucos dias um amigo me apresentou a outra pessoa, nestes termos: este é o Bibi, vulgo Sílvio Teixeira da Silva.

Qual foi a sua atividade, ao sair da escola?

Costumo dizer que “deixei de estudar por necessidade”. Fiquei órfão de pai aos dois anos de idade e muito pobre. Muito cedo aprendi o ofício de marceneiro e quando terminei o 3.º ano, sendo aprovado para o 4.º ano com a nota 9, com um pesar muito grande fui obrigado a abandonar a escola, porque meu ex-patrão me fez uma proposta para que eu trabalhasse em tempo integral, isto em 1939. E nesta época eu já era oficial de marceneiro. Mais tarde trabalhei como sapateiro e depois consegui uma vaga no Banco de Minas Gerais, como contínuo em 1943, ficando naquele banco até 1946 quando passei a trabalhar com os Irmãos Furtado, no ramo de armazém de secos e molhados.

Quando e por que você veio para Patos?

Em 1947, os Irmãos Furtado (Geraldo, Ismael e Pedro Furtado de Oliveira), juntamente com Moacir Soares de Ávila, associaram-se com a firma Teixeira e Cia. (Geraldo Teixeira da Cunha, o Teba, e Leopoldo de Oliveira Gondim) constituindo a Transportadora Santa Marta com transportes de Patos para São Paulo e me trouxeram para cá, como chefe de armazém. Em 1948, firmei minha residência aqui.

Você ficou muito tempo como chefe de armazém?

Logo depois passei a ser motorista de caminhão, trabalhando com a Santa Marta, até 1954, mas exercia uma função de confiança como gerente. Era eu que gerenciava a carga e descarga, encomendas, relacionamento em São Paulo, afinal tudo o que se relacionava com o transporte. Eu fazia o trabalho de relações públicas da empresa em São Paulo. Em 1955 deixei a firma e passei a trabalhar para ela mesma, como autônomo, com uma vantagem muito grande, porque continuei com aquele serviço de relações públicas e tinha preferência no transporte de ida e volta, com a condição de fazer sem ônus para a firma, a sua representação na praça de São Paulo.

Quanto tempo você trabalhou como motorista autônomo?

Dois anos. Em 1956 juntamente com Eurípedes Novelino, Benjamin Nunes Nascentes e meu irmão Ciro José da Silva constituímos a firma Silva Nunes e Cia. – Transportadora Bibi, que começou sua atividade na Rua Major Gote, em frente ao Hospital Regional até que a encerramos na Rua Marechal Floriano, em frente à casa do Sr. Pacífico Soares.

Quanto tempo durou a Transportadora Bibi e qual era a sua função?

Até 1962. Eu tinha a função de direção comercial, mas muitas vezes pegava no volante, quando faltava um motorista ou quando tinha que ir a São Paulo fazer compras.

Quantos caminhões vocês tinham?

Meia dúzia.

O trabalho de você era só o de transportes?

Fazíamos transporte daqui para São Paulo. Levávamos cereais e trazíamos cargas. Nossa firma era também comercial, então levávamos cereais cobrando frete ou o que havíamos adquirido aqui para vender lá.

O que veio depois da transportadora?

Em 1962, voltei a trabalhar como camioneiro. Na dissolução da firma, continuei transportando para o Frigorífico Patense e depois deixei aquele ramo de transportes, continuando viajando. Naquela época tive uma oportunidade que considero muito boa, que foi a de conhecer todo o Brasil, de norte e sul e leste e oeste. Das capitais brasileiras, apenas não fui a Vitória e Manaus; as demais conheci todas. Ia geralmente de frete e voltava com mercadoria por minha conta. Trabalhei uns dois anos somente para Belém. Em janeiro de 1972, fiz minha última viagem, que deixou muita saudade. Fui ao nordeste, com meu filho Fernando, que faleceu logo depois.

Naquela época então, você se estabeleceu no ramo de pneus?

Em março de 1973 resolvi constituir uma nova firma e então, o Paulo Andrade de Lima que havia comprado do Sr. Galileu Guedes (nosso amigo recentemente falecido) 75% da firma Vulcanização Bandeirante, que já vinha com o nome de Recauchutagem Alto Paranaíba, no entanto sem a sigla RECALTO, me ofereceu 50% e acabei comprando. Funcionávamos na Rua Barão do Rio Branco entre Avenida Brasil e Rua Marechal Floriano, em condições muito precárias e começamos a desenvolver, aplicando tudo o que a firma rendia, na própria firma. Mais ou menos um ano depois, o Paulo, resolveu vender seus outros 25% para Cícero Hiram Pacheco, Hélio Alberto Faria e Osvaldo Quintino Ribeiro, o qual permanece na firma até hoje. Depois o Galileu resolver vender seus 25% e eu acabei ficando com 75% da firma.

Nessa época a firma ainda funcionava na Barão do Rio Branco?

Aí, por acreditar na cidade, resolvemos nos equipar melhor e dentro das possibilidades da firma fomos crescendo e modernizando-a quando surgiu a oportunidade de adquirirmos o Trucks Hélio, que era proprietário de todo este terreno aqui da Avenida Brasil e então procuramos construir de acordo com a nossa necessidade da época, construindo por etapas conforme previamente estabelecido. Construímos esta parte do fundo em dois pavimentos, ficando com o estoque na parte de cima e as máquinas na de baixo, e a parte comercial na parte da frente que foi construída inicialmente em um só pavimento. Posteriormente fizemos a cobertura da área da frente que tem 410 metros quadrados, para dar mais segurança a todos. Há pouco tempo adquirimos um barracão com 347 metros que ocupa a érea total do terreno, na Rua Dona Luiza e que divide conosco pelos fundos e passamos a depósito de pneus de carga que são mais pesados para lá, mantendo os pneus de passeio, mais leves, no andar de cima do prédio dos fundos. Agora, mais recentemente, construímos este andar de cima, da parte da frente, onde colocamos salas para diretoria e o serviço de contabilidade.

Quantos são os atuais componentes da firma?

Apenas três. Meu filho Epitácio tem 5%; o Osvaldo, 30% e eu 65%.

Como está atualmente o comércio de pneus?

Estamos atravessando uma fase muito difícil. Não sei até se deveria dizer isto aqui, mas não só nós, como nossos colegas da cidade temos sofrido as conseqüências da “invasão” das praças de Uberlândia, Belo Horizonte e Brasília e inclusive, já temos debatido este assunto na Associação Comercial, mas mesmo assim, ainda temos vendido o bastante para nos dar a força e o desejo de continuar nossa luta. Ultimamente as firmas lançaram o serviço de reforma de pneus radiais e nós nos preparamos, apesar de ser muito oneroso para trabalhar com os pneus Firestone (que é a nossa bandeira), Pirelli e Good-Year e somos hoje, uma das empresas do ramo melhor aparelhadas em todo os Estado de Minas. Talvez 98% das reformadoras de pneus do Brasil, trabalham apenas com uma marca, neste tipo de pneu.

Quantas reformadoras de pneus existem em Patos?

Três.

A RECALTO presta algum outro serviço além do de reforma e venda de pneus?

Temos também máquina para balanceamento de rodas de automóveis de passeio e caminhões, que tem sido uma oportunidade de prestar excelentes serviços à nossa clientela, pois o balanceamento é de um valor inestimável, pela segurança que proporciona ao motorista.

Existem planos para o futuro?

É de nosso plano a instalação de máquinas para o alinhamento eletrônico. Além disto, brevemente iremos cobrir esta área existente entre os dois prédios, passando a contar com uma área coberta de 1.600 metros quadrados, mais ou menos. Tudo isto, porque nós confiamos nesta cidade.

Você exerce alguma outra atividade comercial ou correlata?

Em 80 adquirimos para a firma, um pequeno sítio, com área de 80 hectares, localizado na Fazenda Caixeta, no município de Guimarânia, que estamos desenvolvendo para o lazer e também visando renda. Estamos explorando a produção de leite e hoje já estamos tirando 200 litros de leite por dia. Nossa meta é atingir 350 litros/dia, o que esperamos atingir dentro de mais um ano.

Quantas pessoas vocês empregam nas duas atividades?

Empregamos vinte e duas pessoas e temos sempre procurado promover os nossos funcionários.

Qual tem sido sua participação no seio da comunidade, fora suas atividades profissionais?

Dentro da minha limitação, tenho participado de movimentos religiosos, o que tem me dado a oportunidade de promover aqueles que muito precisam, em lugares de acesso e assistência difícil. Conforme já disse, meu grau de estudo é muito pouco, mas graças à experiência adquirida nestes anos de trabalho e principalmente pelo período em que convivi com o povo brasileiro através de minhas viagens, tenho podido colaborar bastante no movimento de Cursílios, desde julho de 1973. Participo também do movimento de Encontros de Casais e venho no momento ocupando um cargo que me coloca como elemento de ligação com o Conselho Nacional, que é em São Paulo e as Dioceses de Patos, Uberaba, Uberlândia e Luz. Meu prazo está vencendo agora em setembro, quando se completam três anos de função. É por isso que sempre digo que o homem querendo, encontrando apoio e estando no meio de pessoas que possam oferecer alguma coisa, ele pode aprender e dar depois. Dentro do movimento religioso, sou também Ministro extraordinário da Comunhão, o que tem me dado oportunidade de uma maior convivência com o nosso povo e um maior crescimento espiritual.

Você tem tido alguma participação na Associação Comercial?

Somos sócios logicamente. No tempo da Transportadora Bibi eu fazia questão de participar da Associação Comercial e estava sempre presente à reuniões, mas hoje, tenho sido muito omisso e praticamente não participo, principalmente por causa do grande número de reuniões as quais tenho que comparecer. Na Associação do Comércio de Patos de Minas recentemente criada, sou um dos conselheiros e lá tenho dado um pouco de contribuição. Pertenço também à Cooperativa Mista Agro-Pecuária, mas até hoje não participei de uma única assembléia, daí, não estar em condições de contestar nada do que lá se faz.

Você que é de Carmo do Paranaíba, já recebeu o título de “Cidadão Honorário” de Patos?

Não, mas acho que pelo amor que dedido a Patos, este título é dispensável, pois eu me considero patense nato e defendo Patos em qualquer ciscunstãncia.

Como você vê o referido título, na forma em que ele tem sido conferido?

Olha, eu gostaria de me omitir nesta resposta.

Você quer dizer mais alguma coisa?

Acho que muitas pessoas deveriam ser ouvidas antes de mim, mas ante a explicação de que não é pela apresentação mas pelo trabalho que vocês têm escolhido as pessoas, aceitei com muita alegria. Quero agradecer a vocês de A DEBULHA, revista com a qual nossa firma tem procurado colaborar dentro de nossas possibilidades, desde a sua fundação e nos alegramos em ter podido ajudar na manutenção de um órgão divulgador do quilate desta revista, desejando-lhe felicidade. Agradecer também a toda a comunidade patense pelo apoio que tenho recebido desde que aqui cheguei e desejar muita paz a todos e muito progresso à nossa querida cidade.

* Fonte: Entrevista de Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada na edição n.º 74 de 17 de agosto de 1983 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.