As vírgulas tarde aprendemos:
na fase esquecida por Freud
em que prendemos e soltamos
o ar, independente do tórax.
Que gozo! E além disso são elas
que nos introduzem na arte
de mentir e se arrepender.
Mas muito tempo antes, chorávamos…
Éramos puros, reticentes
depois fomos exclamativos
e enfim começamos a andar
ligando um nome a outro nome,
fazendo as coisas se chocarem.
Desde então abrimos a boca
e as interrogações nos fisgam.
E, bichos do chão, receosos
nada afirmativos seguimos
preenchendo o branco sempre adiante.
Quando, numa curva, a pergunta
(não em vão o mundo é redondo)
desiste – e encontra a resposta.
Ó vida inacabada e pronta!
Nascer é a primeira morte
e sem uma única lição
usamos o ponto final.
Nasce conosco este sinal.
* Foto: Re-vidalida.blogspot.com, meramente ilustrativa.