GERALDIM, O ESPIRITUOSO

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Quem conhece a cidade de Tiros sabe que, vindo de São Gotardo, a chegada é uma subida e tem uma acentuada curva à esquerda. Depois que colocaram uma placa no local, estranhos acidentes com visitantes de primeira viagem passaram a ocorrer. Muitos neurônios foram queimados até que um humilde cidadão tirense, conhecido por Geraldim, descobriu que o que estava impresso na placa era o motivo: Bem Vindo a Tiros! Ora, o visitante de primeira viagem se assustava e perdia o controle do veículo. Então, tiraram a placa e nunca mais houve acidentes. Simples assim!

E o que essa xaropada aí tem a ver com Patos de Minas? Tem a ver porque o Geraldim saiu de lá e veio para cá para trabalhar numa bem equipada loja de louças da Rua Major Gote. Óbvio, por causa da dita placa, os colegas pegaram no pé do moço. Espirituoso, ele sempre retrucava dizendo que foi invenção de um patense que tinha inveja de Tiros e rebatia com uma pergunta para encerrar o assunto, tipo essas:

– Quem é canhoto pode prestar vestibular para Direito? Cabe relaxamento de prisão nos casos de prisão de ventre? Levar a secretária eletrônica para a cama é assédio sexual? Dizer que gato preto dá azar é preconceito racial?

E assim o tirense foi levando a vida na loja de louças, foi juntando dinheiro e chegou a casar. Até que um dia se deu mal ao bancar o espirituoso com o patrão, conhecido por ser sistemático demais da conta. Numa determinada tarde ele pediu dispensa do trabalho porque a esposa ia ter um filho. Incontinente, foi dispensado. Ao chegar ao outro dia de manhã, o patrão foi logo perguntando:

– E aí, Geraldim, menino ou menina?

E o Geraldim, espirituoso:

– Ora Chefe, pra saber se é menino ou menina só daqui a nove meses.

E incontinente, foi despedido!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.

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