Viveu na então Cidade de Patos ainda sem o “de Minas” o cidadão Manoel Marques da Silva. Não há nos arquivos pesquisados referências oficiais a respeito dele. Um dia, o aparente inevitável se deu, e Manoel Marques da Silva veio a falecer, morte esta comunicada numa pequena nota com o título “Esmolas” publicada na edição de 30 de novembro de 1913 do jornal O Commercio. Na dita nota são citadas pessoas a receberem uma quantia deixada em testamento pelo falecido Manoel. É um documento histórico, pois, com ele ficamos sabendo que nos idos e longínquos tempos viveram aqui criaturas desafortunadas como Virginia Céga, Antoninha Grossa, pobre Joaquina, Aleijadinho e outros. Foi também destinada uma quantia para a capina do Cemiterio, que já era o atual Cemitério Municipal Santa Cruz¹, inaugurado em 1911.
Cincoenta mil reis (50$000) deixados em testamento, pelo fallecido Manoel Marques da Silva, e recebidos pelo Vigario² – por intermedio do Snr. Capm. Virgilio Cançado, e distribuidos pelo modo seguinte:
A’ Virginia Céga – 2$000
A’ Ceguinha Sião – 2$000
Ao Cego Simão e filhinhos – 7$000
Ao Aleijadinho – 1$000
A’s pobres dos Lanhosos – 5$000
A’ Antoninha Grossa – 1$000
Ao Ferrugem – 1$000
A’s pobres do Ribeirão – 5$000
A’s pobres do Leal – 5$000
A’ pobre Joaquina – 2$000
A’ pobre Anasthacia – 3$000
A’ Silveria – 2$000
Ao Benedicto – 2$000
Capina do Cemiterio – 10$000
Exgottada a quantia deixada pelo fallecido Manoel Marques da Silva, só resta aos pobres recebedores das mesmas esmolas – o dever de orarem pelo descanço eterno da alma do mesmo.
Cidade de Patos, 26 de novembro de 1913.
O VIGARIO.
* 1: Leia “Cemitérios”.
* 2: Cônego Getúlio Alves de Mello
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Br.pinterest.com.