Nessa época em que figurinhas e figurões do nosso augusto Poder Judiciário de todos os níveis aparecem costumeiramente na imprensa escrita, falada e televisada, porque envolvidos em maracutaias e safadezas de todos os tipos e tamanhos, torna-se irresistível a tentação de voltar ao passado e de lá trazer a lembrança do ocorrido com um filho ilustre de Periquitinho Verde, cujo nome, por razões que não precisam ser explicadas, não deve ser aqui mencionado.
No ano em que esse fato aconteceu o personagem da história era ainda um desses garotões chamados de boa pinta, recém-aprovado no concurso para juiz federal e mandado para uma cidadezinha perdida nos confins do sertão do Rio Grande do Norte. Ao chegar à cidade e assumir a função para a qual fora designado, o novo juiz recebeu a visita do prefeito local, que desejando ser útil, procurou orientá-lo quanto a determinadas particularidades relativas ao cotidiano daquele fim de mundo sertanejo. Entre os assuntos tratados, o que dizia respeito à satisfação sexual dos seus moradores.
– Doutor, nosso maior problema é que aqui quase não tem mulher. E as poucas que por acaso forem avistadas aí na rua, já têm dono. E dono brabo, pode ter certeza! Por isso, quando o senhor quiser afogar o ganso… entendeu o que estou querendo dizer, não é?… vai ter que ir lá na beira do rio.
O jovem juiz não se perturbou: manteve a pose e disse que não havia necessidade. Mas depois de três meses em jejum forçado, o tesão judiciário foi aumentando, aumentando, e de tal forma que o magistrado não agüentou mais a abstinência sexual: botou a sua melhor roupa e foi para a beira do rio. Chegando lá, ele encontrou um punhado de homens enfileirados diante de uma jumentinha, e estes, ao perceberem a presença do juiz, trataram de abrir caminho obedecendo ao pedido praticamente generalizado:
– Olha o doutor aí, gente!… Pode passar, doutor… Vá em frente e manda brasa…
Diante de tanta gentileza, o juiz não titubeou: abriu a braguilha, botou seu instrumento pra fora e saciou na pobre jumentinha os seus instintos de macho. Foi nesse momento que os homens enfileirados deixaram escapar em meio-tom um Ohhhh!!!! uníssono e espantado, e quando a manifestação sonora chegou ao fim, um deles, meio encabulado, atreveu-se a explicar:
– Doutor, o puteiro é do outro lado… a jumenta é só para atravessar o rio.